Produção de leite a pasto, algumas características fundamentais

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a pasto

A pecuária brasileira passa, atualmente, por um acelerado processo de modernização e necessita se adequar à realidade tecnológica, substituindo modelos extrativistas por outros mais competitivos e, principalmente, sustentáveis (VILELA, et al., 2006).

Na bovinocultura leiteira, a alimentação é o componente de maior participação nos custos de produção. Sendo assim, por diminuir o uso de concentrados e tornar o pasto relativamente autossuficiente na alimentação do rebanho, a utilização adequada das pastagens através de um bom manejo, pode reduzir significativamente os custos de produção do leite.

Apesar dos obstáculos existentes na produção de leite a base de pastagem, o Brasil é um modelo que apresenta grande relevância. Devido as variações climáticas que ocorrem durante o ano, desconsiderando a localização geográfica, requer estratégias para controle da escassez de forragem durante o ano (SILVA, et al., 2010). Além disso, pastagens bem manejadas podem contribuir efetivamente para o sequestro de carbono, melhoria na qualidade do ar e da água, ciclagem de nutrientes e biodiversidade, conservação da biodiversidade em larga escala evitando desmatamento em novas áreas, além da produção do alimento.

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Atualmente, o sistema a pasto é considerado aquele que apresenta menor custo. Porém, para que esse sistema se torne eficiente e sustentável, algumas características devem ser levadas em consideração, bem como: pastagem de baixa qualidade não condiz com vacas de alto potencial, como também animais de baixa produção não apresenta desempenho em pastagens de alta qualidade. É preciso manter o equilíbrio entre o potencial dos animais, a qualidade da pastagem e o sistema de manejo (LEAL et al., 2006). Por isso, o manejo das pastagens e a adaptação delas ao ambiente, deve suprir as exigências nutricionais dos animais, pois a produtividade de rebanhos leiteiros está, entre outros fatores, dependente de seu manejo nutricional (VILELA et al., 2006). Com isso, o retorno financeiro, é dependente do fornecimento dos nutrientes que não foram consumidos a partir da forragem (RIBEIRO et al., 2007).

Para a produção de leite a pasto podem ser utilizadas diferentes espécies forrageiras. No entanto, a escolha da espécie depende das características da região: clima, solo, temperatura, umidade, radiação solar e entre outros. Além disso, há diferenças entre as espécies tropicais em comparação às temperadas, essas tornam-se fibrosas mais rapidamente, havendo diminuição no teor digestível e como consequência há limitação no consumo (STOBBS, 1973).

As diferenças entre forrageiras também podem afetar os hábitos alimentares. Os bovinos possuem capacidade seletiva, ou seja, preferem se alimentar de folhas mais novas, seguidas das mais velhas e por último, dos caules. Que todas essas variáveis em conjunto, influenciam significativamente no consumo da forragem (STOBBS, 1978). Por isso, em alguns sistemas que o objetivo principal é a perenização e a diversificação do pasto, a liberdade de escolha dos animais, aliado ao comportamento, pode contribuir com estratégias de manejo a serem adotadas, além de contribuir com a melhoria do bem-estar e do desempenho.

Entretanto, em condições de pastejo, as vacas apresentam comportamento típico, com picos de alimentação ao amanhecer e ao anoitecer, observando-se que esse padrão é mais intenso durante o verão. Durante o período hibernal, ocorrem pequenas variações durante o dia, maiores no turno da noite (FRASER, 1980; BALOCCHI et al., 2002). Normalmente, são verificados seis ciclos de pastejo por dia, quatro entre as ordenhas da manhã e da tarde e dois à noite (ALBRIGHT, 1993). O tempo disponibilizado para alimentação varia de 4 a 10 horas (FRASER, 1980; PIRES et al., 2001). A ingestão envolve atividades de procura, seleção, apreensão do alimento e deglutição do bolo alimentar (FISCHER et al., 2002), que são mais intensas após as ordenhas (ALBRIGHT, 1993).

Assim, em sistemas a base de pasto, no manejo é de fundamental importância contabilizar o rendimento da forragem (quantidade) com o valor nutritivo da planta (qualidade), para obter desempenhos produtivos significativos por unidade de área.

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Portanto, o uso de pastagens bem manejadas, é uma ferramenta muito eficiente para a produção de leite a pasto, podendo aumentar a produção por animal e por área. Mas, a atividade leiteira a pasto demanda de altas quantidades de alimentos de qualidade, mas ainda assim permite utilizar as forrageiras como fonte de alimentos capazes de tornar tecnicamente viável o sistema de produção a pasto.

REFERÊNCIAS:

ALBRIGHT, J. L. Nutrition and feeding calves: feeding behavior of dairy cattle. Journal of Dairy Science, v.76, n.2, p.485- 498, 1993.

BALOCCHI, O. et al. Comportamiento de vacas lecheras en pastoreo com y sin suplementación com concentrado. Agricultura Técnica, v.62, n.1, p.87-98, 2002.

FRASER, A. F. Comportamiento de los animales de la granja. Zaragoza: Acribia, 1980. 291p.

LEAL, J. A. et al. Sistema de produção de leite em pastagem de capim – Tanzânia: ações de transferência de tecnologia. 2006. Disponível   em:  <http://www.cpamn.embrapa.br/publicacoes/comunicado/2006/CT185.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2023.

OLIVO, C. J. et al. Comportamento de vacas em lactação em pastagem manejada sob princípios agroecológicos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 35, p. 2443-2450, 2006.

PIRES, M.F.A. et al. Comportamento alimentar de vacas holandesas em sistemas de pastagens ou em confinamento. Coronel Pacheco: Embrapa Gado deLeite, 2001. 2p. (Boletim Técnico, 2).

RIBEIRO, H. M. N. F. Suplementação energética para vacas leiteiras pastejando azevém com alta oferta de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.6, p.2152-2158, 2007. Disponível    em:    <http://www.scielo.br/pdf/rbz/v36n6s0/27.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2023.

SILVA, H. S. Fatores a considerar sobre a produção de leite a pasto.  Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável[S. l.], v. 1, n. 2, 2011. DOI: 10.21206/rbas.v1i2.42. Disponível em: https://periodicos.ufv.br/rbas/article/view/2641. Acesso em: 4 jan. 2023.

SILVA, J. J. et al. Produção de leite de animais criados em pastos no Brasil. Veterinária e Zootecnia, v.17, n.1, p.26-36, 2010.

STOBBS, T. H. Milk production, milk composition, rate of milking and grazing behavior of dairy cows grazing two tropical grass pasture under a leader and follower systems. Australian Journal of Experimental Agriculture and Animal Husbandry, v.18, n.1, p.5-11, 1978.

STOBBS, T. H. The effect of plant structure on the intake of tropical pasture. 2. Differences in sward structure, nutritive value, and bite size of animals grazing Setaria anceps and Chloris gayana at various stages of growth. Australian Journal of Agricultural Research, v.24, n.6, p.821-829, 1973.

VILELA, D. et al. Desempenho de vacas da raça Holandesa em pastagem de coastcrossRevista Brasileira de Zootecnia, v. 35, p. 555-561, 2006.

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