Manejo reprodutivo de tilápias

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A tilápia do Nilo é considerada um dos peixes mais importantes para aquicultura brasileira, sendo o peixe mais produzido no Brasil. Representando 63,5% da produção pesqueira em 2021, equivale a mais de 534.005 toneladas de um total de 841.005 toneladas da produção pesqueira (PEIXE BR,2022). Desta forma, há maior preocupação com os manejos sanitários, reprodutivos e alimentares da espécie. Neste artigo iremos abordar as principais estratégias de reprodução comercial, técnicas de masculinização, coleta de larvas e ovos de tilápias.

Estratégias reprodutivas

A tilápia é um peixe que se reproduz o ano todo, porém precisa de condições adequadas. As fêmeas atingem maturação sexual com 3 a 4 meses ou quando alcançam 100 gramas . Elas podem desovar 500 a 2000 ovos por desova a cada 30 dias (LIMA et al., 2013). Entretanto, para que a desova ocorra a temperatura deve estar acima de 21°C, sendo a faixa ideal de 27 a 29°C (SENAR, 2017).  Outros parâmetros que devem ser monitorados são pH e amônia, a faixa ideal de pH é de 6,5 a 8,5 e amônia 0,24mg/L. No entanto, para que estes parâmetros sejam atendidos a reprodução deve ocorrer em cultivos intensivos (KUBITZA. 2009).

Tipos de cultivos de matrizes

Cultivo intensivo: Consiste em fornecer rações balanceadas, qualidade de água ideal e controle do meio de cultivo.

Reprodução em hapas: Os hapas são tanques-redes confeccionados de tecido ou tela plástica, que devem ter 1,6 a 2mm. A profundidade mínima de água para que as hapas sejam instaladas deve ser de 1m a máxima 1,4 m. Sendo que as hapas são instaladas em tanques e viveiros escavados.

Leia também: Tilápia, rainha das águas doces

A proporção macho e fêmea para calcular a densidade nas hapas são de três fêmeas para cada macho.

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Hapas de reprodução de tilápias.

Reprodução em tanques elevados (suspensos): Os tanques suspensos requerem um investimento maior, porém exigem menos espaço e menor renovação de água. Estes tanques podem constituir um sistema de recirculação ou bioflocos, e isso faz com que a renovação de água seja menor. A densidade macho e fêmea dependem do tamanho do tanque. Em tanques de 10.000L a proporção pode ser de quatro fêmeas para um macho.

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Tanque elevado para reprodução.

Coletas nuvem, ovos e incubação

A coleta de nuvem consiste em coletar as larvas no viveiro ou hapas de reprodução. A coleta deve ser realizada todos os dias. Deve-se priorizar as horas mais frescas do dia.

Outro ponto importante é selecionar estas larvas por tamanho utilizando uma peneira.  A seleção diminui o canibalismo e melhora a homogeneidade do lote.

Após a coleta e seleção, as larvas são encaminhadas para o tanque ou viveiro de masculização.

Já a coleta de ovos pode ser realizada uma vez por semana, coletando os ovos diretamente na boca da fêmea. Logo após a coleta os ovos devem ser selecionados por coloração e incubados.

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Coleta de ovos

Por que separar por coloração?

Os ovos com coloração amarelada estão em uma fase de desenvolvimento avançado e levam menos tempo para eclodir (1 a 3 dias). Já os de tonalidade esbranquiçada estão no início do desenvolvimento, podendo levar mais tempo para eclodir (4 a 5 dias). Esta seleção garante um lote homogêneo ao final do ciclo.

O que fazer com os ovos coletados?

Primeiramente se faz a seleção, desinfecção, e após são levados para as incubadoras.

As incubações dos ovos devem ser realizadas em incubadoras de circulação de água, com água de qualidade e temperatura controlada 26 a 28°C, pH 7 e sem resquícios de amônia. Todos estes fatores influenciam no desenvolvimento da larva.

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Incubadora de ovos de tilápia.

Após a eclosão as larvas possuem um saco vitelínico e não se alimentam nos primeiros 3 dias. Após a absorção do saco, estas larvas devem ser contadas e transferidas para tanques ou viveiros de masculinização, para que se inicie a administração de ração masculinizante.

Masculinização: métodos utilizados comercialmente

A metodologia de masculinizar é conhecida como reversão sexual, porém, essa nomenclatura é errônea pois as tilápias nascem sem sexo definido. As gônadas das tilápias só se desenvolvem após 14 dias da sua eclosão.

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O método de administração de hormônios masculinizantes é considerado a metodologia com maior índice de machos ao final do ciclo. Porém a masculinização por temperatura vem crescendo e melhorando os índices com o passar do tempo.

Masculinização com a utilização de hormônios

A masculinização é realizada com a adição do hormônio 17α-metiltestosterona nas dietas iniciais de larvas por um período de 28 a 30 dias.

A ração é feita da seguinte maneira:

Para cada quilo de ração farelada se utiliza 0,03 gramas de hormônio diluído em 300 ml de álcool, ou também pode-se utilizar uma solução mãe para misturar nas rações.

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A solução mãe é feita com 1 g de hormônio para 1L de álcool e esta solução pode ser utilizada em até 25 kg de ração farelada. A solução deve ser misturada em toda a ração.

Deve-se tomar cuidado redobrado na fabricação e manuseio desta ração, pois os hormônios masculinizantes podem causar problemas de fertilidade. O uso de EPI’s são de suma importância.

Masculização por temperatura

A metodologia por temperatura iniciou há pouco tempo, é considerada sustentável e com menos riscos ambientais. Porém, o custo é maior e a taxa de masculinização é somente de 50%. O método consiste em manter a temperatura das incubadoras e do laboratório acima de 27 a 30°C.

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Ciclo da reprodução e masculinização

O manejo reprodutivo das tilápias depende da necessidade do produtor e o mercado preconiza.

Para maiores esclarecimentos : Coleção SENAR reprodução, larvicultura e alevinazem de tilápias (https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/197-TILAPIAS-NOVO.pdf) e Reversão sexual de tilápias da revista panorama da aquicultura (https://panoramadaaquicultura.com.br ).

REFERÊCIAS:

Kubitza, F., Manejo na produção de peixes. Panorama da Aqüicultura 19, 14-23. 2009.

LIMA, Adriana Ferreira et al. Reprodução, larvicultura e alevinagem de peixes. Piscicultura de água doce: multiplicando conhecimentos. Brasilia-DF. EMBRAPA, p. 301-322, 2013.

PEIXE BR. Associação Brasileira da Piscicultura. Anuário 2020. Disponível em:< https://www.peixebr.com.br/anuario2022/> Acesso em: 11/06/2022

SENAR. Coleção SENAR reprodução, larvicultura e alevinazem de tilápias 2017. Disponivel em: <https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/197-TILAPIAS-NOVO.pdf> Acesso em: 20/06/2022

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