Em todo ovo de galinha há pintinho?

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Fonte: rspca.org.au

A resposta é NÃO!

Todas galinhas colocam ovos, porém há diferenças entre esses ovos. Galinhas, nesse sentido, podem ser divididas em poedeiras comerciais e matrizes. O sistema de criação – e suas práticas de manejo, bem como o destino dos ovos, são fatores que apresentam diferenças quando falamos em aves poedeiras e aves matrizes.

Fonte: www.vencomaticgroup.com
Sistema de Criação

Resumidamente, pode-se dizer que as matrizes são alojadas em sistemas de criação caracterizados basicamente por apresentar fêmeas e machos no alojamento. Além disto, matrizes entram em período produtivo tardiamente em relação a poedeiras. Sistemas de criação de poedeiras, por sua vez, se caracterizam pela ausência de machos no alojamento. Adicionalmente, as poedeiras tendem a apresentar maiores precocidade produtiva e período de produção em relação às matrizes.

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Assim, galinhas poedeiras originarão um produto para consumo direto, que é o ovo comercializado; e matrizes originarão um ovo que dará origem a um animal – pintinho. Ovos de matrizes, que passarão posteriormente pelo processo de incubação, são fecundados pelos machos, podendo assim originar uma nova ave. Já nas poedeiras comerciais, não ocorre fecundação.

Criando poedeiras comerciais

Segundo a Embrapa Suínos e Aves, nos alojamentos de galinhas poedeiras não há a presença de machos, além disso há diferenças nos períodos de cria e recria das poedeiras em relação às matrizes. O período de cria para poedeiras tem início por volta da 19ª semana de idade, quando ocorre o início da produção de ovos. Essa produção, por sua vez, se estende por cerca de 64 semanas (15 meses).

Quando alcançam cerca de 85 semanas de idade, estima-se que tenham alcançado seu peso máximo (2,300 kg), sendo a ave destinada para descarte ou passando pelo processo de muda forçada que a torna produtiva por mais meio ciclo produtivo.

Criando matrizes

Segundo a Embrapa Suínos e Aves, em sistemas de criação de matrizes há alojamento de machos junto das fêmeas em percentagens de 15% em relação ao número de fêmeas até o início da produção, e 12% de machos após o acasalamento. A fase de cria e recria das matrizes se estende desde seu nascimento até a 26ª semana de idade (aproximadamente 6 meses), quando há início da produção e as matrizes colocam seus primeiros ovos.

A produção de ovos se estende por cerca de 40 semanas (aproximadamente 10 meses), portanto por cerca da 66ª semana de idade as matrizes são descartadas ou passam pelo processo de muda forçada. No final do ciclo produtivo, matrizes pesam entre 3,500 kg e 4,500 kg, e os machos atingem até 6,500 kg.

O processo de muda forçada

Bastante estudada nas últimas décadas, a prática da muda forçada é utilizada desde a década de 60 em sistemas produtivos. Visa, de maneira geral, melhorar o desempenho reprodutivo das galinhas poedeiras e matrizes em 25 a 30 semanas – atuando positivamente sobre aspectos como a casca do ovo e a própria produção de ovos (Ramos et al., 1999). O processo de muda forçada consiste em, basicamente, induzir a perda de até 30% do peso vivo da ave, levando-a alcançar peso médio de uma franga de início de produção. Também, durante o período, visa-se uma pausa na produção de ovos, de maneira a proporcionar descanso e involução do aparelho reprodutivo (Webster, 2003).

Estima-se que durante o período de muda, ocorra um significativo incremento da taxa metabólica das aves, aumentando a síntese de diversas proteínas, induzindo a perda de gordura e suprimindo o sistema imune (Kuenzel, 2003). A maneira mais usual de induzir a muda forçada em aves comerciais é a remoção dos comedouros durante 10 a 12 dias, privando-as do alimento. A interrupção da postura é estimada em 4 a 5 dias após o início do jejum (Silva e Santos, 2000).

Além do método do jejum, são estudados métodos de muda com uso de hormônios indutores, além do fornecimento de dietas específicas com alterações nutricionais. Finalizado o período de jejum e induzida a muda, há o retorno da alimentação com dieta balanceada para poedeiras comerciais ou matrizes –  sem deficiências – e essas, por sua vez, apresentam potencial produtivo para mais meio ciclo produtivo.

Referências

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. EMBRAPA SUÍNOS E AVES. Sistema de produção de frangos de corte. 2003. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br. Acesso em: 30 mar 2021.

KUENZEL, W. J. Neurobiology of molt in avian species. Poultry Science, Champaign, v. 82, n. 12, p. 981-991, 2003.

RAMOS, R. B.; FUENTES, M. F. F.; ESPÍNDOLA, G. B.; LIMA, F. A. Efeito de diferentes métodos de muda forçada sobre o desempenho de poedeiras comerciais. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 28, n. 6, p. 1340-1346, 1999.

SILVA, J. H. V.; SANTOS, V. J. Efeito do carbonato de cálcio na qualidade da casca dos ovos durante a muda forçada. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 29, n. 5, p. 1440-1445, 2000.

WEBSTER, A. B. Physiology and behavior of the during induced molt. Poultry Science, Champaign, v. 82, n. 6, p. 992-1002, 2003.

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