Descubra: Onde estamos e onde poderemos chegar em termos de pastagem no Brasil?

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Diante do cenário atual, a cada dia nos deparamos com a personificação da pecuária como a grande vilã nos movimentos ambientalistas, de fato precisamos melhorar nossa pecuária, entretanto, é necessário extinguir alguns mitos criados ao longo dos anos, a caracterização de uma pecuária extensiva e de baixa produção precisa ser revista, e adequada ao cenário atual.

E afinal de contas, onde estamos hoje em termos de produção a pasto no Brasil?

Atualmente temos  aproximadamente 154 milhões de hectares de pastagem, e este número tem reduzido anualmente, mostrando que lentamente estamos aumentando nossa produtividade. No ano de 2022 houve uma redução de 5,7% na área de pastagem em relação a 2021, e um leve aumento no rebanho bovino que hoje possui cerca de 203 milhões de cabeças.

Anualmente o Brasil desfruta de aproximadamente 20% de seu rebanho, destinando-o para abate comercial, logo no ano de 2022 abatemos cerca de 42,31 milhões de animais que geraram cercas de 10,8 milhões de tonelada de equivalente de carcaça (TEC), essa TEC é uma transformação numérica utilizada para comercialização de miúdos e carne industrializada, deste total exportamos 3,02 milhões de TEC, quase 28% do que produzimos.

A lamentação maior para os produtores vem em seguida, atualmente o Brasil tem uma taxa de lotação de 1,02 Unidade Animal por hectare (UA/HA), este fato é o que mais impacta e gera frases onde ouvimos que nossa produção é pouco eficiente e improdutiva, e de fato esta lotação é muito baixa, e longe do ideal para sistemas de pastejo eficientes.

Contudo, existe uma explicação pontual por de trás destes números. Segundo diversos levantamentos o Brasil teria cerca de 40% a 60% da área de pastagem degrada em níveis elevados, este número é muito controverso, há muitos boatos por trás disso e contabilização de áreas que não são utilizadas para pastejo, reservas entre outras áreas que são contabilizadas, mas de fato acreditamos que cerca de 40% já tenha realmente algum grau de degradação.

Logo, trazendo dados numéricos e calculados. podemos dizer que o rebanho ocupa apenas 60% dos 154 milhões de hectares, o que nos daria uma área de 92,4 milhões de hectares, então se alocassem a lotação do rebanho apenas nesta área que seria o que de fato está sendo utilizado em área útil, teríamos uma lotação de aproximadamente 1,7 UA/HA, o que já nos colocaria em uma situação bem mais confortável em relação a nossa lotação.

Leia também: Efeitos associativos na suplementação de bovinos a pasto

Mas o que fazer então com os 40% degradados? Que tal destina-los a sistemas de produção de integração lavoura-pecuária? Ou gerar uma mudança de cultivo e termos a agricultura apenas nessa área? O Brasil será o grande celeiro do mundo, e podemos sim ceder áreas da pecuária para a agricultura sem sentir impactos a produção pecuária.

Veja, existem dados de pesquisas conduzidas em grandes universidades mostrando que apenas o uso do manejo de pasto mais eficiente poderia sair de 1,1 UA/HA e elevar para 2,5 apenas com o uso de manejo, utilizando apenas a altura de entrada e saída como um critério fundamental, sem adubar, suplementar, apenas ajustar o período de pastejo ou número de animais para que as alturas de entrada e principalmente saída sejam respeitadas.

O que eu quis dizer no parágrafo acima é que apenas uma estratégia de manejo simples que não possui nenhum custo adicional, apenas tempo de dedicação (se bem que tempo é dinheiro rsrsrsrs) pode aumentar para o dobro nossa capacidade de lotação, permitindo então um aumento de produtividade.

Mas quando falamos em produtividade, logo nos vem em mente a produção, e veja bem, é difícil quantificar a média de ganho dos animais em dados a nível nacional, podemos considerar de certa forma que o abate anual seria a nossa produção média anual, então acompanhem meus cálculos e vejamos quanto produzimos por hectare.

Leia também: Potencializando a Produção: Estratégias da Terminação Intensiva a Pasto

Temos 154 milhões de hectares, 42 milhões de abates, um peso de carcaça médio de 255,13 kg o que nos dá um animal de média de 17@ já descontando rendimento de carcaça, logo podemos determinar esta produção multiplicando os abates e peso de carcaça e dividir por nossa área de pastagem, o que daria nossa produção em @ por hectare/ano, o calculo ficaria assim :

pastagem

Então na teoria, neste cálculo estamos produzindo em torno de 4,64@ por hectare atualmente, em 2018 em um levamento (ABIEC, 2019) encontrou-se em torno de 4,2@ por hectare, o que nos mostra que de certa forma estamos evoluindo e aumentando nossa produção por hectare, contudo, consultores do instituto Inttegra afirmam que para a mantença do processo produtivo o mínimo seria uma produção de 7@ por hectare por ano, para começar e ir evoluindo aos poucos, para ficar mais exemplificado transformarei este dado ganho de peso diário, acompanhem o cálculo.

A realização do cálculo depende da transformação de peso de carcaça em peso vivo, então usarei um rendimento médio de carcaça de 53% para realizar essa transformação, e chamarei esse ganho que queremos descobri de ganho anual.

pastagem

Então precisaríamos produzir diariamente cerca de 550g de ganho, um desafio não tão grande, mas que precisa ser bem dimensionado, durante a época de águas é relativamente fácil chegar a estes ganhos, neste momento o boi é “trator ladeira abaixo pegando embalo”, mas a época de seca vem e ai é quando se torna difícil manter este ganho, mas esse papo fica pra outro dia.

Este é o caminho que devemos e podemos traçar. O Brasil tem plena capacidade de atender uma demanda de 2 UA/HA, basta apenas investir seu tempo em manejo de pastagem e planejar suas estratégias para atender um ganho médio de no mínimo 550 gramas por dia que poderemos de fato começar a mudar a nossa pecuária num futuro próximo!!

Referências:

Beef Report 2019 – ABIEC; Beef Report 2022 – ABIEC; Beef Report 2023 – ABIEC

Como ganhar dinheiro na pecuária- Antonio Chaker

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