Como as mudanças climáticas podem afetar a suinocultura?

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As mudanças climáticas são caracterizadas como transformações siginificativas nos padrões do ciclo do planeta ao longo do tempo, e essas afetam a produção animal, sendo que a influência do calor tem uma relação direta com o bem-estar animal e a produtividade da granja.

Essas mudanças podem ser naturais, como por meio de variações no ciclo solar. Mas, desde 1800, as atividades humanas têm sido o principal impulsionador das mudanças climáticas, principalmente devido à queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás. A queima de combustíveis fósseis gera emissões de gases de efeito estufa que agem como um grande cobertor em torno da Terra, retendo o calor do sol e aumentando as temperaturas (ONU).

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Alguns exemplos de emissões de gases de efeito estufa (GEE) que estão causando mudanças climáticas incluem dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), produtos principalmente pela atividade industrial, o que inclui a atividade agropecuária. Segundo a ONU (2023), o CO2 corresponde a 64% do efeito de aquecimento no clima, principalmente devido à combustão de combustíveis fósseis e à produção de cimento.

Já o metano é responsável por cerca de 19% do efeito de aquecimento dos gases de efeito estufa de longa duração. Sendo que cerca do 40% do metano é emitido para a atmosfera por fontes naturais – como áreas úmidas -, e cerca de 60% vem de fontes antropogênicas – como os ruminantes, agricultura de arroz, exploração de combustíveis fósseis, aterros sanitários e queima de biomassa.

Mas e o que a suinocultura tem a ver com isso?

Como mencionado acima, cerca de 60% dos GEE vem da agropecuária – representando toda uma cadeia de produção, e que cada uma está interligada. Diferentemente dos animais ruminantes, os suínos não produzem metano entérico – proveniente da fermentação ruminal -, mas sim através da digestão anaeróbia dos seus dejetos.

Assim como todo o setor agropecuário, a suinocultura pode sofrer com diversos problemas de produtividade devido a essas mudanças climáticas. O principal efeito é o estresse pelo calor, que se não ter a devida atenção e precaução, pode gerar uma série de problemas, que impactam negativamente na saúde dos animais e na produtividade e lucratividade da granja.

A seguir serão mencionados alguns destes problemas:

  • Redução da taxa de fertilidade: em que as porcas podem parir leitões menores, ou aumentar a taxa de aborto e até mesmo aumentar o número de natimortos;
  • Redução na ingestão de alimento: com o calor extremo, e o estresse causado pelo mesmo, leva os animais comerem menos ração, o que impacta diretamente no crescimento destes;
  • Aumento da incidência de moscas transmissoras de doenças: pode levar a enfermidades e aumento com custos de medicação;
  • Aumento nos custos de produção, como por exemplo ventilação, proteína e energia;
  • Redução da produção agrícola devido as secas ou fortes tempestades: esse problema resulta na diminuição da oferta dos principais ingredientes da ração animal.

Como contornar esses problemas?

Na COP26, o Brasil e outros +100 países assinaram o Compromisso Global do Metano – que tem como objetivo reduzir em até 30% da emissão de Gás Metano na atmosfera até o ano de 2030. Segundo dados do Seeg (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa), caso as práticas e tecnologias disponíveis sejam adotadas para cumprir o acordo, o Brasil poderia reduzir suas emissões em até 36,4% até 2030.

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Para tanto, o Observatório do Clima apontou que o Brasil precisaria adotar medidas para atingir essa meta, beneficiando não somente o nosso país, mas o planeta todo. Dessa maneira, é necessário pensar em alternativas, e o setor agropecuário pode ser uma grande chave para contornar esse problema.

A suinocultura é um dos grandes pivôs da produção de proteína animal do Brasil, mas além de gerar alimento, este setor também gera uma grande quantidade de dejetos, que como mencionado anteriormente também é um dos produtores de gás metano.

Porém, o que nem todos sabem é que o gás metano também é um grande gerador de energia, tendo a mesma função e poder do gás natural, por exemplo. E é possível tranformar os dejetos suínos em uma fonte de energia limpa, através de biodigestores, que podem contribuir tanto para agregar valor quanto para a redução de emissões, haja vista que quando o metano é gerado nestes biorreatores, é capturado e pode ser aproveitado como fonte de energia térmica, elétrica ou como combustível veicular: o biometano, que hoje é regulamentado pela Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis. (KUNZ, 2022).

Através destes biorreatores, a propriedade também reduz o custo com energia elétrica, além de não depender de fontes externas da mesma. Visto que são gastos grandes quantidades de energia elétrica para manter os galpões aclimatizados, por exemplo, em dias com temperaturas altíssimas.

Além da produção de energia, também é possível utilizar os dejetos suínos como biofertilizantes, aumentando a capacidade de captação do gás pelo solo, além de melhorar os índices de produção dos grãos, principal ingrediente da ração.

FONTE: KUNS, et al. (2022).

Com o avanço de uma suinocultura cada vez mais tecnificada, é necessário pensar em estratégias para contribuir com o compromisso assinado pelo Brasil para a redução dos GEE, onde esta será umas das maiores preocupações no setor alimentício, que envolve vários elos e forma toda uma cadeia ligados uns aos outros. Além do incentivo à melhores condições das instalações, tornando-as mais eficientes, através de um melhor sistema de ventilação, iluminação natural e instalação de sistemas de energia limpa – paineis solares – por exemplo.

Referências:

RABOBANK, A. Suinocultura em 2024: desafios e oportunidades em meio a variações climáticas e competição global. Disponível em: https://www.agrimidia.com.br/suinocultura-industrial/suinocultura-em-2024-desafios-e-oportunidades-em-meio-a-variacoes-climaticas-e-competicao-global/.

Suinocultura sustentável em tempos de mudanças climáticas. Disponível em: https://www.3tres3.com.br/artigos/suinocultura-sustentavel-em-tempos-de-mudancas-climaticas_796/.

FAO defende redução das emissões de metano do gado e do arroz | ONU News. Disponível em: https://news.un.org/pt/story/2023/09/1821007.

COELHO DE OLIVEIRA, N. et al. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA PRODUÇÃO E BEM-ESTAR DE SUÍNOS. COLLOQUIUM AGRARIAE, v. 13, n. Especial 2, p. 254–264, 1 jun. 2017.‌

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