Manejo de leitões em sistema confinado: uso de Solução de Ferro Dextrano injetável em neonatos

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O cuidado com o manejo de suínos criados em sistema confinado faz parte de todo um ciclo produtivo, sendo necessário ter uma atenção redobrada em todo ele, mas principalmente no manejo de leitões. Essa atenção se inicia no parto, com os cuidados básicos que vão da secagem do neonato até a primeira mamada do mesmo, mas não param por aí, tem-se o desgaste de dentes por exemplo, e que se seguem para a aplicação de ferro dextrano nos primeiros dias de vida.

Mas afinal, por que aplicar ferro injetável em leitões neonatos?

De modo geral, o ferro é essencial para todas as espécies animais, incluindo nós seres humanos, em que ele compõe as células sanguíneas – as hemácias – responsáveis pelo transporte do oxigênio através do corpo e por todas as células. O ferro está presente na constituição da hemoglobina, sendo esta uma substância proteica presente no interior dos glóbulos vermelhos existentes no sangue, formada por um tetrâmero com um radical heme fraco, onde, ele também está presente nas enzimas hemoproteicas, que fazem o mecanismo oxidativo dos citocromos nos eritrócitos. 

Leia também: Manejo de leitões nas fases de maternidade e creche

Há diversos estudos e autores que, ao longo do tempo, reconheceram e reconhecem a importância desse mineral para a saúde e desenvolvimento de todas as espécies, o que inclui a sua alimentação, sendo necessário alimentar-se de fontes ricas em ferro. Mas, foi somente em 1872, que BOUSSINGAULT, um químico francês, determinou-o como um nutriente vital para os animais, devido principalmente a sua função no transporte de oxigênio através das hemácias.

Diferente de outras espécies, leitões já nascem naturalmente com uma certa deficiência desse mineral, sendo que ele é essencial para a sobrevivência e desenvolvimento destes animais. A deficiência de ferro é denominada de Anemia Ferropriva, que tem como consequência uma alta taxa de mortalidade na granja, sendo que este é um resultado que deve ser evitado na produção. Isto ocorre devido a um desequilíbrio entre a produção de sangue e a destruição das hemácias no processo, sendo que o leitão necessita de uma alta taxa de crescimento, em uma menor taxa de tempo, levando a uma baixa taxa de ferro disponível no organismo da leitegada. 

Como mencionado anteriormente, a espécie suína já nasce com limitações de ferro, cerca de 50 mg, em decorrência da barreira placentária, onde pouquíssimas quantidades deste mineral conseguem ultrapassá-la para serem armazenados no fígado do feto. O mesmo ocorre com os leitões lactentes, em que são limitadas as taxas do mineral no leite materno, fornecendo 0,7 mg por dia, porém, necessitam de 7 mg por dia de ferro, daí surge a importância da suplementação nos leitões nos primeiros dias de vida. 

Por que se preocupar com a necessidade de ferro em leitões?

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção de suínos no Brasil vem crescendo e ganhando força ao longo dos anos frente à outros países. No 2º trimestre de 2022, foram abatidas 14,07 milhões de cabeças de suínos, com alta de 7,2% ante ao mesmo período de 2021 e de 3,0% frente ao 1° trimestre de 2022 (IBGE, 2022). Desta maneira, devemos nos preocupar e atentar-se aos cuidados com os leitões em seus primeiros dias de vida, sendo este, um dos principais fatores que determinarão o sucesso da produção e o aumento destes números, que começam pela sua própria granja.

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A anemia ferropriva eleva a taxa de mortalidade dos leitões, e pode ser observada através dos sinais clínicos, cujos podem apresentar  palidez das mucosas oral e ocular, dificuldade respiratória, fraqueza, e até mesmo diarréia, icterícia e sinais de sangramento. Neste ponto também podemos destacar a importância na sensibilização e o “olhar treinado” do tratador, para que seja possível realizar a identificação e intervir na prevenção e tratamento dos leitões alocados na maternidade. 

Aplicação de solução de ferro dextrano nos leitões

O uso de injetáveis requer cuidados em todas as espécies animais, especialmente, nas espécies domésticas. Esses cuidados incidem sobre a leitura correta da bula, seringas e agulhas limpas, desinfetadas e livres de qualquer outro contaminante que possam prejudicar os animais, e inclusive, o tratador ou técnico que irá desempenhar tal função. 

A aplicação de Solução de Ferro Dextrano deve ser realizada em média entre o 3º e o 11º dia de vida, em uma única dose via intramuscular, na região do pescoço, mais precisamente, atrás das orelhas. Para a dose recomendada, vide bula (posologia), onde deve-se ter uma distinção quanto à concentração do frasco, nos quais os que possuem concentração de 10%, refere-se a 1 ml, e os que possuem concentração de 20%, deve-se injetar 1 ml da solução. Ao aplicar a dose recomendada via intramuscular, o ferro é absorvido através do sistema retículo-histiocítico, que decompõe-no pela ação das enzimas lisossômicas, armazenando-o no fígado e sendo secretado na bile, mediante a ferritina e absorção nos tecidos do sistema gastrointestinal do duodeno e do jejuno. Sendo que a maior parte do ferro da bile é reabsorvido e reutilizado para formação de nova hemoglobina, e embora a excreção seja muito baixa, as quantidades perdidas são de importância nutricional para animais em fase de crescimento e gestação. 

Referências:

MONTEIRO, D. P. Utilização de um suplemento a base de ferro quelatado em substituição ao ferro dextrano na fase pré inicial de vida dos leitões. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Ciencias Veterinárias. Defesa: Curitiba, 2006.

Anemia Ferropriva. 3três3. Disponível em: https://www.3tres3.com.br/enfermedades/anemia-ferropriva_6

Abate de suínos no 2º trimestre de 2022 é o maior desde1997. Agência IBGE Notícias, 2022. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/34818-abate-de-suinos-no-2-trimestre-de-2022-e-o-maior-desde-1997

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