Aminoácidos sulfurados para frangos de corte

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Os aminoácidos são substâncias orgânicas quimicamente compostas por um agrupamento carboxílico e um grupo amina. Essas moléculas são a base para a formação das proteínas, indispensáveis para a formação do músculo e da carne nas aves de corte (FERNANDES, 2009).

Já os aminoácidos sulfurados, como a metionina e a cistina, desempenham um papel fundamental no crescimento, nas reações de metilação do metabolismo, na produção de penas e, além disso, ainda atuam como importantes precursores de enzimas como a glutationa (GSH), a taurina e a coenzima A (NRC, 1994).

Leia também: Utilização de ácidos orgânicos na dieta de frangos de corte

Dentre os aminoácidos sulfurados (AAS), a metionina é o que desempenha o papel mais importante, pois atua como um doador de grupos metil, além de fornecer enxofre para a síntese de diversos componentes químicos do metabolismo (REZENDE, 2015). Adicionalmente, a metionina é precursora dos AAS cistina e cisteína, portanto, sua deficiência pode desencadear diversos processos, desde a piora na resposta ao estresse oxidativo até a redução do desempenho produtivo.

Estrutura molecular dos aminoácidos sulfurados. Fonte: waters.com
Funções dos aminoácidos sulfurados

O grupo de aminoácidos sulfurados é composto pelos aminoácidos metionina, cisteína e cistina. Destes, a metionina é considerado um aminoácido essencial, servindo como precursor para a síntese da cisteína e da cistina (aminoácidos não essenciais).

Os AAS têm ganhado notoriedade devido aos produtos do seu metabolismo intermediário, como a homocisteína (Hcy), a glutationa (GSH) e o sulfato de hidrogênio (H2S). A importância desses produtos do metabolismo dos AAS é distinto.

A molécula de Hcy é sintetizada a partir da metabolização da metionina, originando um importante marcador de doenças cardiovasculares, a hiper-homocisteinemia. Já a GSH, sintetizada a partir da cisteína, é um dos principais antioxidantes intracelulares, e sua deficiência está relacionada ao mau funcionamento das respostas imune e ao estresse oxidativo. Por fim, o H2S é um importante sinalizador celular, relacionado aos mais distintos processos metabólicos, desde a regulação da pressão sanguínea até o metabolismo energético celular (COURTNEY-MARTIN et al., 2016).

Dessa forma, o fornecimento do AA metionina é muito importante na nutrição animal. Esse aminoácido, por sua vez, é o primeiro aminoácido limitante em dietas para frangos de corte. Por participar de importantes processos do metabolismo proteico e ser precursor da cistina, a estimativa de exigências nutricionais para esses dois AAS geralmente se dá em conjunto. A relação entre esses dois AAS é tão importante que as exigências nutricionais são calculadas a partir de uma proporção Metionina + Cistina (Zhang et al., 2015).

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De acordo com o NRC (1994), as recomendações de aminoácidos sulfurados ocorre a partir da recomendação de lisina total na dieta, sendo a recomendação de AAS totais 74% em relação à lisina total para frangos de corte na fase inicial/crescimento (1 a 21 dias de idade).

Fonte: aviNews.com
Estimando exigências de AAS para frangos de corte

Reis et al. (2017) realizaram um experimento com doses crescentes de AAS (Metionina + Cistina) para frangos de corte nas fases inicial (1-14 dias), crescimento (15-28 dias) e terminação (29 a 42 dias). Os níveis de AAS variaram entrre 0,253 e 0,904% de inclusão na dieta.

Independente da fase, a suplementação com doses crescentes de AAS contribuiu significativamente para a melhora do desempenho produtivo. Ainda, no mesmo estudo, os autores calcularam a viabilidade ecônomica da inclusão de doses crescentes de AAS. Nos modelos estatísticos gerados, os autores observram a ocorrência de um platô no que tange as respostas às diferentes doses.

Foram estimados valores ótimos de consumo de AAS na fase inicial 223 mg/ave/dia (entre 0,579 e 0,687% de inclusão), na fase de crescimento 504 mg/ave/dia (entre 0,524 e 0,615% de inclusão) e na fase de terminação 975 mg/ave/dia (entre 0,479 e 0,570% de inclusão). Suplementações com AAS acima dos valores citados não demonstraram incremento significativo na performance das aves. Além disso, no estudo, os autores observaram que doses maiores de AAS, além de não contribuir para a produtividade, ainda tornam a produção menos rentável economicamente.

No mesmo sentido, CARVALHO (2017) buscou estimar as exigências de Metionina + Cistina digestíveis para frangos de corte nas fases inicial e de crescimento. Foram testados diferentes níveis de inclusão de Met + Cis disgestíveis na dieta, variando na fase inicial de 0,072 a 0,311% para atingir os níveis de Met + Cis digestíveis de 0,545 a 0,853%. Já na fase de crescimento, os níveis de inclusão variaram de 0,058 a 0,250% para atingir os níveis de Met + Cis digestíveis de 0,541 a 0,761%.

Na fase inicial os autores observaram que as melhores respostas produtivas ocorreram com os níveis de 0,764 a 0,739% de Met + Cis digestíveis. Já na fase de crescimento, o mesmo pôde ser observado com os níveis de 0,667 a 0,716%. Esses achados demonstram, assim como Reis et al. (2017), que a suplementação com AAS é importante para incrementar a produtividade de frangos de corte nas diferentes fases do ciclo produtivo.

Adicionalmente, os dois trabalhos comprovaram que há um platô no que tange as respostas a doses crescentes de AAS. Dessa forma, o entedimentro das diferentes doses e suas respostas no desempenho produtivo dos animais pode auxiliar na tomada de decisão quando se busca obter ótimos resultados aliados à viabilidade econômica da atividade.

Referências

CARVALHO, Genilson Bezerra de et al. Níveis e fontes de metionina na nutrição de frangos de corte. 2017.

COURTNEY-MARTIN, G.; PENCHARZ, P. B. Sulfur amino acids metabolism from protein synthesis to glutathione. In: The molecular nutrition of amino acids and proteins. Academic Press, 2016. p. 265-286.

FERNANDES, Marília Nogueira da Silva, et al. Relação aminoácido sulfurado/ lisina: efeitos sobre o desempenho, rendimento e composição da carcaça de frangos de corte. 2009.

NATIONAL RESEARCH COUNCIL et al. Nutrient requirements of poultry: 1994. National Academies Press, 1994.

REIS, Matheus De-Paula et al. Response of broilers to digestible sulfur amino acids and threonine intake: Maximum economic return. Revista Colombiana de Ciencias Pecuarias, v. 33, n. 4, p. 239-251, 2020.

REZENDE, Pedro Moraes et al. Relações de aminoácidos sulfurados: lisina digestíveis e diferentes fontes de betaína nas dietas pré-inicial e inicial de frangos. 2015.

ZHANG, Shuai; WONG, Eric A.; GILBERT, Elizabeth R. Bioavailability of different dietary supplemental methionine sources in animals. Frontiers in Bioscience-Elite, v. 7, n. 3, p. 478-490, 2015.

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