Restrição alimentar e desempenho produtivo de frangos de corte

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As aves comerciais, especialmente os frangos de corte, foram selecionadas para um rápido crescimento. Esse crescimento culmina em um grande aumento de massa muscular, acompanhado de um aumento no consumo voluntário de alimentos.

Apesar dos benefícios para rápido desenvolvimento, a seleção desses animais ocasionou uma maior dificuldade por parte das aves em regular seu consumo alimentar. De acordo com RICHARDS et al. (2003), quando as aves possuem acesso livre ao alimento, podem apresentar hiperfagia – fato que resulta em aves com excesso de gordura corporal.

Além disso, alto consumo e alto aporte energético podem ser responsáveis por diversas desordens de origem metabólica, como a ascite, além do aumento da deposição de gordura na carcaça (ROBINSON, 1992).

Fonte: goodpoultryfarm.org

Estima-se que de 2 a 3% do peso vivo das aves são depositados como gordura na cavidade abdominal (LEENSTRA, 1986). Essa gordura é parcialmente perdida durante o processamento da carcaça, acarretando perdas e reduzindo o rendimento ao abate. Visando reduzir perdas relacionadas à deposição de gordura e desordens metabólicas, diversas estratégias alimentares vêm sendo estudadas ao longo das últimas décadas.

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Alguns autores observaram que frangos de corte submetidos a níveis energéticos abaixo do requerido para a mantença apresentaram redução na síntese de lipídeos (MCMURTRY, 1987). Da mesma forma, RICHARDS et al. (2003) discutiram que a utilização de programas de restrição alimentar como forma de manejo pode contribuir para o controle do peso corporal, aumento da produção de ovos e maior uniformidade do lote durante as fases de crescimento e reprodução.

A restrição alimentar

De acordo com KHETANI et al. (2009), restrição alimentar pode ser definida como a privação ao livre alimento às aves. Essa restrição pode ocorrer ao se restringir a quantidade de alimento oferecida ou a concentração de nutrientes presentes na ração. Alguns autores discutiram que os rendimentos de carcaça, peito, coxa e cobrecoxa podem sofrer influência direta da dieta e dos programas alimentares (DUARTE et al., 2012). Dessa forma, o manejo da quantidade ou da qualidade da dieta fornecida pode apresentar-se como uma ferramenta de manejo de produção da avicultura industrial.

Os principais objetivos da restrição alimentar são frear a taxa de crescimento (visando reduzir a incidência de desordens metabólicas), aumentar a eficiência alimentar com o aumento da deposição de massa magra, além de garantir o ganho de peso compensatório que ocorre após o período de realimentação (YU e ROBINSON, 1992). A partir da restrição alimentar busca-se reduzir o consumo e os custos com a alimentação durante um período de tempo dentro do ciclo produtivo. Contudo, há uma busca ao utilizar-se desses programas de forma que a taxa de crescimento não seja afetada.

Além da redução do consumo, essa prática é capaz de promover o ganho compensatório nas aves, culminando em uma maior eficiência na utilização dos nutrientes (NOVEL et al., 2009).

Os programas de restrição alimentar podem ser de dois tipos: qualitativo ou quantitativo. De acordo com BUTZEN (2012), restrições qualitativas poderão ser implementadas a partir da diluição de uma dieta de forma que a mesma contenha baixa energia e/ou baixa proteína. Da mesma forma, essas dietas poderão ser deficientes em algum determinado nutriente, por exemplo.

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Já dietas de restrição quantitativa são formuladas com composição normal visando atender às exigências nutricionais da ave. Contudo, esse tipo de restrição alimentar ocorre a partir da limitação da quantidade no fornecimento da dieta.

Fonte: ZUIDHOF et al. (2014)
O ganho compensatório

Durante o período de restrição alimentar, as aves apresentam menor peso corporal. Essa redução no peso pode estar associada a redução na taxa metabólica basal que ocorre pela restrição na oferta de alimento. Acredita-se que a redução nas exigências para a mantença se prolonguem por um período após a restrição alimentar. Essa menor exigência metabólica basal acarreta mais nutrientes direcionados para o crescimento das aves durante o período de realimentação, ocasionando um ganho de peso compensatório nessa fase (YU e ROBINSON, 1992).

Contudo, o sucesso da restrição alimentar está relacionado à idade na qual as aves são submetidas à prática. Se a restrição alimentar ocorrer no início do ciclo produtivo das aves e se prolongar por um período mais longo, pode culminar em um mal desenvolvimento. Da mesma forma, se a restrição alimentar for implementada no final do ciclo produtivo, não haverá tempo para que ocorra o ganho compensatório – que ocorre normalmente no final do ciclo quando a taxa de ganho de peso corporal decai (ZHAN et al., 2007).

De acordo com alguns autores, a utilização de programas de restrição alimentar deveria ser aplicada entre a segunda e terceira semanas de idade (ROSA et al., 2000), pois, se aplicados na primeira semana, os pintinhos não teriam capacidade de sobreviver ao jejum. Da mesma forma, se aplicados na fase final do ciclo, após os 21 dias de idade, a idade ao abate poderia ser um limitante para que houvesse o ganho compensatório.

Alguns resultados de desempenho produtivo de frangos de corte

Os resultados da restrição alimentar em frangos de corte são controversos. Alguns autores observaram que quando as aves são submetidas a diferentes programas alimentares em idades inferiores a 15 dias de idade, não foi observada melhora na conversão alimentar (LI et al.; KHAJALI et al., 2007). Adicionalmente, os autores puderam concluir que a restrição alimentar reduziu o peso corporal no final no experimento.

Em contrapartida, Butzen et al. (2012) testaram diversos programas de restrição alimentar para frangos de corte. As restrições ocorreram de maneira quantitativa por tempo, possibilitando acesso ao alimento por apenas 8 horas do dia. Como resultado foi possível observar que as aves submetidas à restrição alimentar apresentaram menor taxa de ganho de peso durante o período de restrição alimentar. Contudo, essas mesmas aves apresentaram a melhor conversão alimentar durante todo o período experimental.

Mesmo que controversos, resultados experimentais demonstram que programas de restrição alimentar podem contribuir para busca do ganho compensatório em frangos de corte. Contudo, fatores como a idade ou o tipo de restrição alimentar ainda carecem de maiores esclarecimentos.

Referências:

BUTZEN, Fernanda Maria. Programas de restrição alimentar precoce e seu efeito sobre índices zootécnicos e qualidade de carne de frangos de corte. 2012.

DUARTE, Karina Ferreira et al. Desempenho e morfometria duodenal de frangos de corte submetidos a diferentes níveis de energia e programas de alimentação de 42 a 57 dias de idade. Ciência Animal Brasileira, v. 13, n. 2, p. 197-204, 2012.

KHAJALI, Fariborz; ZAMANI‐MOGHADDAM, Abdolkarim; ASADI‐KHOSHOEI, Ebrahim. Application of an early skip‐a‐day feed restriction on physiological parameters, carcass traits and development of ascites in male broilers reared under regular or cold temperatures at high altitude. Animal Science Journal, v. 78, n. 2, p. 159-163, 2007.

KHETANI, T. L. et al. Effect of quantitative feed restriction on broiler performance. Tropical Animal Health and Production, v. 41, n. 3, p. 379-384, 2009.

LEENSTRA, F. R. Effect of age, sex, genotype and environment on fat deposition in broiler chickens—a review. World’s Poultry Science Journal, v. 42, n. 1, p. 12-25, 1986.

LI, Yue et al. Effect of early feed restriction on myofibre types and expression of growth-related genes in the gastrocnemius muscle of crossbred broiler chickens. British Journal of Nutrition, v. 98, n. 2, p. 310-319, 2007.

McMURTRY, J. Early restriction decreases body fat. Broilers Industry, 56 (9):12-15, 1987.

NOVEL, D. J. et al. Effect of different feed restriction regimes during the starter stage on productivity and carcass characteristics of male and female Ross 308 broiler chickens. Int. J. Poult. Sci, v. 8, n. 1, p. 35-39, 2009.

RICHARDS, Mark P. et al. Feed restriction significantly alters lipogenic gene expression in broiler breeder chickens. The Journal of nutrition, v. 133, n. 3, p. 707-715, 2003.

ROSA, Paulo Sérgio; DE ÁVILA, Valdir Silveira; JAENISCH, Fátima Regina Ferreira. Restrição alimentar em frangos de corte: Como explorar suas potencialidades. Embrapa Suínos e Aves-Comunicado Técnico (INFOTECA-E), 2002.

YU, M. W.; ROBINSON, F. E. The application of short-term feed restriction to broiler chicken production: a review. Journal of Applied Poultry Research, v. 1, n. 1, p. 147-153, 1992.

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