Manejo e incubação de ovos férteis

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O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne de frango, tendo exportado no ano de 2020 cerca de 4.231 toneladas (ABPA, 2021). Para alcançar esses altos níveis de produção, o manejo das aves reprodutoras, dos seus ovos férteis e dos pintainhos de um dia é essencial. O comércio de material genético avícola, como ovos férteis e pintinhos de 1 dia também têm representatividade nas exportações brasileiras. A soma dos pintinhos e dos ovos férteis comercializados no ano de 2020 é de 10.254 toneladas, sendo 9.024 ovos férteis e 1.230 pintinhos de 1 dia (ABPA, 2021).

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No desenvolvimento da avicultura, de maneira geral, o processo de incubação artificial foi um dos mais expressivos e importantes avanços tecnológicos – possibilitando a produção de pintos de um dia (OLIVEIRA e SANTOS, 2018). Aos incubatórios cabe a tarefa de produzir pintinhos de qualidade e que venham a expressar bom desempenho zootécnico. Diversos processos pertinentes ao incubatório são determinantes para o sucesso da incubação, porém todo o processo de incubação artificial depende da qualidade dos ovos férteis recebidos (LAUVERS e FERREIRA, 2011). Nesses incubatórios artificiais são gerados os pintinhos que são alojados nos sistemas de criação da avicultura brasileira e mundial.

Tabela 1 – Fatores determinantes e controláveis do processo de incubação

Na granjaNo incubatório
Nutrição da matrizPrograma sanitário
Doenças/sanidadeArmazenamento dos ovos
InfertilidadeOvos danificados
Ovos danificadosIncubação: gerenciamento das máquinas
Controle dos pesos corporais de fêmeas e machosManuseio dos pintinhos
Programa sanitário dos ovos
Armazenamento dos ovos
Fonte: Guia de manejo da incubação – Cobb, 2008

Manejo dos ovos férteis: coleta e ninhos

O momento da coleta dos ovos férteis é um fator importante porque as aves apresentam o comportamento de choco. Esse comportamento não é interessante para a produção moderna considerando que acarretam na redução da produção de ovos (COTTA, 2014). Visando reduzir a incidência de ovos trincados, quebrados e postos na cama, recomenda-se que sejam realizadas pelo menos sete coletas de ovos ao longo do dia (ARAÚJO e ALBINO, 2011), concentrando-as no período da manhã. A frequência de coleta garante a qualidade dos ovos e também seu status sanitário, considerando que permanecerão menos tempo em um ambiente possivelmente contaminado.

Tabela 2 – Efeito da duração do choco sobre a interrupção da postura

Duração do choco (dias)Interrupção da postura (dias)
17
29
312
418
Fonte: Sauveur (1988)

Como os ovos possuem muitas células vivas, uma vez que é posto o seu potencial de nascimento pode, na melhor hipótese, ser mantido, mas nunca melhorado. Caso não seja realizado um bom manejo pós-postura, o potencial de nascimento dos ovos está sujeito a rápida influência negativa e deterioração.

Leia também: Composição e qualidade de ovos comerciais

O adequado manejo do ambiente de postura também é essencial para manutenção do status sanitário dos ovos. Alguns autores discutiram que o principal momento de contaminação dos ovos é logo após a postura, quando sua casca entra em contato com superfícies sujas e com o ambiente contaminado (WALL et al., 2008). A qualidade do ninho, nesse sentido, desempenha papel essencial. De acordo com JONES (1991), ninhos limpos e de material absorvente e durável conferem maior qualidade dos ovos. Aliado a isso, as coletas frequentes também são determinantes. O número de galinhas por ninho também é um fator chave. De acordo com BELL (2002), a presença de um ninho para cada quatro ou cinco galinhas confere uma quantidade correta, reduzindo a postura de ovos na cama.

Armazenamento de ovos incubáveis

O armazenamento dos ovos antes da incubação têm como principal objetivo evitar a mistura de ovos de lotes e status sanitário diferentes, fatores que podem comprometer o sucesso da incubação (SANTANA, 2014). Os fatores que devem ser observados quanto ao armazenamento dos ovos incubáveis são temperatura, umidade, tempo de armazenamento e viragem, além do status sanitário do local (OLIVEIRA e SANTOS, 2018).

A temperatura da sala de armazenamento está fortemente relacionada ao desenvolvimento embrionário. Nesse sentido, os ovos devem ser armazenados em temperaturas inferiores ou igual ao zero fisiológico que é 21ºC. Mantendo essa temperatura, o desenvolvimento embrionário é paralisado até o momento de início da incubação (FASENKO, 2007). Quanto a umidade, a mesma deve estar entre 90 e 70% para que se reduza a chance de desidratação embrionária e a formação de gotículas de água na superfície dos ovos (GOMES, 2013).

A eclodibilidade dos ovos reduz conforme aumenta o tempo de armazenamento. Após o período de 6 dias, passam a ocorrer perdas diárias na eclodibilidade na faixa de 0,5 a 1,5%. Ovos frescos e ovos de estoque devem receber uma programação do tempo de incubação diferenciado. Para cada dia de armazenamento, adiciona-se 1 hora ao tempo de incubação (COBB, 2008). A redução da eclodibilidade dos ovos com o período de armazenamento pode estar relacionada à redução da qualidade interna dos ovos – um processo de ocorrência natural após a postura.

O ambiente de armazenamento deve estar bem higienizado, de maneira a se evitar contaminação dos ovos – outro fator determinante para a eclodibilidade. A utilização da viragem nas salas de armazenamento tem contribuído para melhoria na eclodibilidade dos ovos. Alguns autores observaram aumento da eclodibilidade de ovos férteis quando os mesmos foram virados a 90° quatro vezes ao dia em comparação aos ovos não virados (ELIBOL et al., 2002). O processo de viragem é importante ao evitar um posicionamento inadequado do embrião dentro do ovo, prevenindo adesões anormais.

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Desenvolvimento embrionário dos pintinhos. Fonte: Gramado Avicultura.

Incubação

Antes da incubação, os ovos devem ser pré-aquecidos a fim de evitar choque térmico no embrião e formação de gotículas de água na casca (COBB, 2008). Portanto, os ovos devem ser retirados da sala de armazenamento e pré-aquecidos antes de entrar na incubadora. O pré-aquecimento deve ocorrer entre as temperaturas de 24 e 27°C. Condições como boa circulação e controle da temperatura são essenciais no processo de pré-aquecimento, visando a uniformidade dos ovos.

As recomendações são de proporcionar uma boa circulação de ar ao redor dos ovos e um pré-aquecimento de 6 a 12h. Estima-se que, mesmo em boas condições de circulação do ar, sejam necessárias no mínimo 6h para que todos os ovos do carrinho atinjam 25°C, independente da temperatura inicial (COBB, 2008). Além disso, um pré-aquecimento desuniforme acarreta em diferenças no tempo total de incubação para bons resultados de eclodibilidade.

Depois do processo de pré-aquecimento os ovos são incubados. O período de incubação dos ovos de galinhas é de 21 dias (504 horas). Desse total, os ovos passam 18 dias (432 horas) na incubadora e 3 dias (72 horas) no nascedouro (OLIVEIRA e SANTOS, 2018). A incubação ocorre em incubadoras artificiais que podem ser de estágio múltiplo ou único. A principal diferença entre esses dois tipos é que as incubadoras de estágio único são preenchidas apenas uma vez durante o ciclo de incubação – comportando embriões de mesmo estágio de desenvolvimento. As incubadoras de estágio múltiplo são preenchidas duas ou três vezes por semana, comportando embriões de diferentes fases de desenvolvimento (MESQUITA, 2011).

Nas incubadoras os processos são automatizados, porém os mesmos fatores do armazenamento como umidade, temperatura, tempo, ventilação e viragem dos ovos são determinantes para o sucesso da incubação e para os bons índices de eclodibilidade dos ovos. Durante o processo de incubação são realizados procedimentos como a ovoscopia e o embriodiagnóstico, visando avaliar a fertilidade dos ovos e identificar as fases de mortalidade embrionária – visando determinar suas causas. Após o período de incubação, os pintinhos de um dia são transportados do nascedouro para as granjas comerciais onde serão alojados para seu crescimento.

Incubadora de ovos férteis. Fonte: pasreform.com
Referências:

ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal. Relatório anual 2021. Disponível em: Disponível em: http://abpa-br.com.br/storage/files/relatorio-anual-2021.pdf. Acesso em: 06 nov. 2021.

ARAÚJO, W.A.G. & ALBINO, L.F.T. Incubação Comercial. 1. ed. Viçosa – MG: Transworld Research Network, 171p., 2011.

COBB – VANTRESS BRASIL. Guia de manejo de incubação. 2008. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/avicultura/files/2012/04/Guia_incub%C3%A7%C3%A3o_Cobb.pdf. Acesso em: 06 nov. 2021.

BAXTER-JONES, C. Egg hygiene: microbial contamination, significance and control. In: Poultry Science Symposium. 1991.

LAUVERS, Geracilda; FERREIRA, Vanusa Patrícia de Araújo. Fatores que afetam a qualidade dos pintos de um dia, desde a incubação até recebimento na granja. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, v. 9, n. 16, p. 1-19, 2011.

MESQUITA, Mariana Alves. Fatores que afetam o desenvolvimento de embriões de frangos de corte durante a incubação. Seminário apresentado à disciplina seminários aplicados do programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2011.

OLIVEIRA, G. S.; SANTOS, V. M. Manejo de ovos férteis: revisão de literatura. Nutritime Revista Eletrônica, v. 15, n. 06, 2018.

SANTANA, M. H. M. et al. Incubação: principais parâmetros que interferem no desenvolvimento embrionário de aves. Revista Eletrônica Nutritime, v. 11, n. 2, p. 3387-3398, 2014.

WALL, H.; TAUSON, R.; SØRGJERD, S. Bacterial contamination of eggshells in furnished and conventional cages. Journal of Applied Poultry Research, v. 17, n. 1, p. 11-16, 2008.

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