O que é a fotossensibilização?

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A fotossensibilização é uma enfermidade que acomete bovinos, caprinos, ovinos e equinos. Em outras palavras, acontece em consequência de diversos fatores como a exposição à radiação de luz solar, devido a ação de determinadas drogas, plantas ou outras substâncias, gerando a sensibilização das camadas superficiais da pele do animal.

Tipos de fotossensibilização de acordo com o agente fotodinâmico:

Primária ou tipo I: os agentes fotodinâmicos são exógenos (ingestão e absorção de pigmentos vegetais ou substâncias que adentraram na circulação sistêmica);

Tipo II: geralmente ocasionada pela síntese atípica de pigmentos endógenos, normalmente de origem hereditária;

Hepatógena ou tipo III: ocasionada pela acumulação de filoeritrina, produto da degradação microbiana da clorofila, geralmente é formada no fígado e excretada na bile, em consequência de lesão hepática sua excreção via bile fica inibida.

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Por outro lado, dentre os tipos citados a fotossensibilização hepatógena ou tipo III ocorre com maior frequência em ruminantes, no qual o fígado é lesionado por toxinas, gerando distúrbio hepático e impedindo a desintoxicação do organismo. É provocada por determinadas substâncias fotodinâmicas que se concentram na circulação periférica e com a exposição excessiva a radiação solar gera lesões com o aspecto de “casca de árvore”. Popularmente é conhecida como “Requeima” e “Sapeca”.

Além disso, pode acometer animais de todas as idades e principalmente animais no sistema a pasto. Todavia, também pode ocorrer em animais alimentados unicamente com alimentos estocados. Da mesma forma, a intoxicação por Brachiaria decumbens e outras gramíneas que contém saponinas  também podem ocasionar a fotossensibilização.

O que são saponinas?

Antes de tudo, as saponinas são compostos oriundos do metabolismo secundário das plantas, são glicosídeos (uma classe de substâncias químicas formadas por moléculas de glúcido, glicídios, gliconas e um composto não glucídico conhecido como aglicona contendo uma ou várias cadeias de açúcares, possuem seis isoprenos e trinta átomos de carbono). Além disso, as saponinas são conhecidas pela formação de espuma persistente e em grande quantidade quando em meio aquoso. (DA FONSÊCA FILHO, Lucilo Bioni et al., 2017, p. 604 apud LIMA et al., 2009).

Atuação das saponinas no trato digestivo dos animais

A reação de hidrólise das saponinas e sua consequente metabolização no trato digestivo dos animais resultam na formação de glicuronídeos, estes se ligam aos íons de cálcio originando sais insolúveis que se depositam em forma de cristais comprometendo dessa forma a excreção de metabólitos dos pigmentos de plantas do organismo. Além disso, a clorofila é metabolizada a filoeritrina pelo intestino e bactérias do cólon. Logo, a insuficiência hepática para conjugar ou excretar a filoeritrina permite que esta se acumule em vasos cutâneos, ou seja, a mesma é ativada para um estado fotodinâmico pela luz ultravioleta. (DA FONSÊCA FILHO, Lucilo Bioni et al., 20171 p. 604 apud PATRA and SAXENA, 2009).

Dessa forma, o desmame dos bezerros não deve ocorrer em áreas com Brachiaria decumbens, visto que o estresse do desmame somado a idade do animal e com a possibilidade da presença de animais geneticamente suscetíveis é um dos principais fatores para o aparecimento de alguma doença. Assim como, segundo da Fonsêca Filho, Lucilo Bioni, et al. (2017), a fotossensibilização hepatógena tem um maior número de casos em animais em processo de desmame ou recém-desmamados, bem como até dois anos de idade.

Como reconhecer?

A princípio, os animais apresentam sinais clínicos como: depressão, anorexia, dermatite severa em locais desprovidos de pelos, salivação excessiva. Além disso, animais com pele branca ou com menor pigmentação, apresentam dermatite severa em partes do corpo expostas ao sol (CORREA et al., 2001. P.179).

É possível observar também a presença de edemas, conjuntivite com a presença de corrimento purulento e em alguns casos cegueira. Contudo, em casos mais graves, a pele do animal apresenta-se engrossada, com rachaduras e ulcerações (CORREA et al., 2001. P.179).

Como evitar?

A princípio, se possível, ter conhecimento da presença ou não dos esporos do fungo na pastagem para realizar o manejo adequado do rebanho nos piquetes. Então, é necessário que os animais sejam retirados da pastagem problema e, frequentemente, quando possível colocá-los em piquetes com sombra.

Plantas que contêm toxinas hepáticas:

Pithomyces chartarum é um fungo do azevém perene que causa eczema facial;
Periconia spp., fungo do capim Bermuda;
Cianobactérias associadas a alga azul-esverdeada (Microcystis flosaquae – flor d`água) presente na água de beber dos açudes, represas e abrigos;
Tremoço – Lupinus angustifolius juntamente com o fungo Phomopsis leptostromiformis;
Ervas daninhas como a lantana (Lantana camara), Lippia rehmanniNolina texana, óleo de carvão vegetal (Tetradymia spp.), alecrim (Holocalyx glaziovii), Myoporum laetumCrotalaria retusaSenecio jacobea e Sphenosciadium spp.
Fonte: MilkPoint

Plantas que contêm saponinas

Agave lecheguilla, Narthecium ossifragum, Panicum spp. e Tribulus terrestres (tríbulo). (Fonte: MilkPoint)

Por fim, o conhecimento da doença, bem como, a conscientização da mesma no sentindo de variar a formação de pastagens, é uma forma de contribuir para o seu controle.

Referências:

RODELLO, Leandro. Fotossensibilização hepatógena em pequenos ruminantes. Milkpoint.com.br. Disponível em: milkpoint.com.br. acesso em: 26 junho de 2021.

Intoxicação e fotossensibilidade. Disponível em: embrapa.com.br. acesso em: 26 junho de 2021.

Fotossensibilização | Sítio do Cedro. Disponível em: sitiodocedro.com.br. acesso em: 26 junho de 2021.

DA FONSÊCA FILHO, Lucilo Bioni et al. Intoxicação por ingestão de Brachiaria decumbens em bovinos no Brasil e achados patológicos decorrentes: Revisão. PUBVET, v. 11, p. 538-645, 2017.

CORREA, F. R. et al. Doenças de ruminantes e equinos. 2. ed. São Paulo: VARELA. v. 2. 998 p

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