Silagem: saiba o que é e como é produzida. Parte 1

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Qual a definição de silagem?

Silagem pode ser definida como uma forragem verde e suculenta, é preservada e armazenada em silos por meio de um processo de fermentação anaeróbia. Já a ensilagem é denominada como o processo de corte da forragem, armazenamento, compactação e proteção com vedação adequada para que a fermentação possa ocorrer.

Dessa forma, o processo de ensilagem tem como finalidade a preservação do material com o mínimo de perdas.

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Contudo, para uma fermentação ser considerada adequada, ela deve ter capacidade de diminuir rapidamente o pH do material ensilado. No entanto, para que isso seja possível, um ambiente anaeróbio é necessário, bem como uma população de bactérias produtoras de ácido lático suficiente e substrato em forma de carboidratos solúveis.

Agora, para que uma planta possa ser considerada com potencial para ser ensilada a mesma deve apresentar um teor de umidade de aproximadamente 70%, bem como o conteúdo de carboidratos solúveis superior a 8% na MS.

Quais culturas são mais utilizadas no processo de ensilagem?

Culturas de milho e sorgo apresentam as características ditas como ideais e por isso são as mais utilizadas para realização do processo de ensilagem, pois apresentam silagens de qualidade, possuem fácil cultivo e altos rendimentos.

Quais os principais pontos que devem ser observados na ensilagem?

  • Ponto de colheita;
  • Tamanho das partículas;
  • Compactação do material no silo;
  • Vedação do material ensilado;
  • Tempo mínimo para abertura do silo;
  • E retirada da silagem.

Ponto de colheita

Sobretudo, é evidente que para se produzir uma silagem de boa qualidade é imprescindível determinar o ponto de colheita da planta, pois irá influenciara de forma direta no valor nutritivo da silagem.

Nesse sentido, se o ensilamento ocorrer antes do ponto ideal, o rendimento forrageiro será menor e as silagens terão baixo ter de MS o que por consequência, irá afetar no custo final da tonelada bem como, ocasionará o aumento de fermentações indesejáveis devido à alta umidade. De acordo com McDonald et al. (1991), o crescimento de bactérias do gênero Clostridium se dá em teores de umidade acima de 72% e pH em torno de 5,5. (MARCONDES et al. 2019).

Segundo (MUCK, 1998; NUSSIO et al., 2001), conforme citado por Marcondes et al (2019, p. 54),silagens com baixo teor de MS demoram a se estabilizar, permitindo assim o crescimento de Clostridium e de outras bactérias que produzem ácidos orgânicos de baixo poder ionizante, retardando a estabilização do pH.”

Em outras palavras, irá ocorrer o consumo de carboidratos solúveis os quais, possivelmente seriam utilizados na fermentação láctica que, reconhecidamente é mais desejável.

Do mesmo modo, pode haver perdas devido ao teor de umidade visto que, de acordo com Rotz e Muck (1994), a produção de efluentes tende a aumentar quadraticamente com o teor de umidade, provocando perdas por lixiviação de compostos solúveis. Assim, é importante ressaltar que efluentes são importantes agentes poluidores (apud MARCONDES, et al. 2019, p.54 ).

Efeitos do ensilamento tardio

De acordo com (NUSSIO et al., 2001; WEINBERG; ASHBELL, 2003; SCHROEDER. 2004) conforme citado por Marcondes et al (2019, p. 54), “se as lavouras forem ensiladas depois do ponto ideal, poderão surgir problemas decorrentes da dificuldade de compactação, aumento da porosidade da silagem, diminuição da densidade e fermentação indesejável com a retenção de oxigênio (desenvolvimento de fungos).”

Além disso, os fungos podem produzir micotoxinas, que crescem por meio da utilização de carboidratos não estruturais, o que pode levar a deterioração da silagem e possivelmente a intoxicação dos animais. Além disso, vale ressaltar que plantas com alto teor de MS apresentam menor teor de carboidratos solúveis, o que pode prejudicar o processo de ensilagem devido a limitação do substrato.

% de MSConsumo AnimalAvaliaçãoCaracterísticas
< 28Presença de efluentes Aumento das perdas Baixo consumo de MS
28 a 35++Ausência de efluentes Facilidade de compactação Facilidade de corte e picagem
35 a 40+ –+ –Dificuldade para compactação Baixa estabilidade
>40+ –Baixa densidade Presença de ar Aumento das perdas


Fonte: (Jobim et al. (2002) citado por Marcondes et al. 2019, p. 55)

Tamanho das Partículas

Da mesma forma que o ponto de colheita, o tamanho das partículas também afetam na qualidade final da silagem. De acordo com (EVANGELISTA et al., 2004) a densidade da massa da forragem verificada no fechamento do silo determina a quantidade de oxigênio residual (apud MARCONDES et al., 2019 p. 55).

Portanto, quando o tamanho das partículas é menor que 20 mm pode ter um impacto positivo na disponibilidade de carboidratos solúveis, o que é benéfico para o crescimento de bactérias lácticas.

Segundo Neumann et al.,(2005 apud MARCONDES et al., 2019, p. 55), o menor tamanho das partículas facilita o processo de ensilagem, uma vez que permite maior densidade de transporte do material colhido até o local de armazenamento melhor compactação e fermentação anaeróbia, preservando-se, assim, o valor nutritivo da massa ensilada com minimização das perdas.

Além disso, o tamanho das partículas interfere no consumo de MS visto que, o menor tamanho de partícula favorece o consumo da mesma. Todavia, mesmo o tamanho de partículas menor ser mais desejável é preciso ter cuidado pois, caso seja muito pequena o alimento pode acarretar a redução da motilidade ruminal.

Nesse sentido, o ideal é que 45-65% das partículas sejam retidas na peneira de 8 mm.

Assim, sabendo da importância da silagem para a alimentação animal é indiscutível que para se obter a mesma com uma boa qualidade é necessário conhecer a planta a ser utilizada assim como, os procedimentos e atrelado a isso é preciso adotar boas práticas de manejo.

Referências:

MARCONDES, M. I.; ROTTA, P. P.; SILVA, M. O. R. da. Calculo de Ração e Alimentos para: Bovinos de Leiteiros. 1. ed. Viçosa-MG: UFV. v. 1. 220 p.

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