O Brasil é o maior produtor de soja mundial, e deverá atingir novo recorde na safra 2020/2021 com uma colheita de 133,67 milhões de toneladas (CONAB). E toda essa produção é para abastecer diferentes mercados, que vão da nutrição animal, humana, cosméticos, tintas, farmacêuticos etc.
De toda essa produção nacional, estima-se que 80% é destinada à nutrição animal, com a suinocultura e avicultura sendo as culturas que mais demandam, onde o Farelo de soja, um dos principais subprodutos entra com uma grande participação desses 80%.
O grão de soja em média é composto por 15% a 20% de lipídios, 35% a 40% de proteína bruta, 30% de carboidratos, 10% a 13% de umidade e cerca de 5% de cinzas, podendo esses valores variar a depender da cultivar, região, momento da colheita, época do ano etc.
Na alimentação humana ainda há muitas controvérsias sobre o seu uso, principalmente pelos maiores consumidores que são os vegetarianos e veganos. Alguns trabalhos indicam a soja como preventiva a doenças cardíacas, redução de risco para alguns tumores, contra diabetes e mais uma gama de benefícios.
Porém, a soja apresenta diversos fatores antinutricionais que coloca esses benefícios em dúvida e aponta diversos malefícios, como má absorção de minerais ferro e zinco, inibição da tripsina, cálculos renais e alergenicidade.
A soja in natura apresenta várias substâncias que atuam na proteção das plantas e sementes, e que são fatores antinutricionais para os animais monogástricos.
Inibidores de proteases.
São compostos proteicos que complexam com a tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidase. Logo, diminuem a digestibilidade das proteínas, além de afetar o pâncreas alterando seu metabolismo e hipertrofia.
Lecitinas
São proteínas de efeitos tóxicos que quando ingeridas causam inflamação intensa promovendo a destruição das células epiteliais dentre outras reações adversas.
Ácido Fítico
Principal fitato encontrado na soja. Esse se complexa com minerais e proteínas levando a alteração na solubilidade e digestibilidade dos nutrientes.
Saponinas
São glicosídeos de sabor amargo capazes de formar complexos insolúveis de difícil digestão. Modifica a permeabilidade da mucosa intestinal e provocam hemólise.
Goitrôgenios
Diminui a biodisponibilidade do Iodo, com consequente alteração na produção dos hormônios T3 e T4, o que leva a uma hipertrofia da glândula tireoide.
Proteínas alergênicas
Representadas pela B-Glicinina e Glicinina. Essas causam atrofia das vilosidades intestinais e hipersensibilidade reduzindo a absorção de nutrientes.
Oligossacarídeos: Rafinose e Estaquiose
Aumentam a viscosidade da dieta, reduzindo a sua digestibilidade. Não são encontradas só na soja in natura. Os farelos de soja se não tratados com solução alcoólica apresentam altos níveis desses oligossacarídeos. Ressalta-se ainda que além da redução da digestibilidade, podem induzir a desbiose.
Com o avanço das pesquisas e a maior demanda por proteína, surgem diversas formas de tratamento da soja para inativação dos seus fatores antinutricionais, o que tem viabilizado seu uso para nutrição de não ruminantes.
Concentrado proteico de soja, Farelo de soja, Isolado proteico de soja, Soja micronizada, óleos são alguns dos derivados da soja utilizados na nutrição animal e humana. Vale lembrar que existe mais uma gama de utilizações como citado no começo desse artigo.
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