Depois da crise vivida no final da década de 80 influenciada pela baixa rentabilidade após a queda dos preços da fibra (lã – leia raças ovinas produtoras de lã), a produção de carne se tornou o principal objetivo da ovinocultura.
Em 2021 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o Brasil contabilizou mais de 20 milhões de cabeças ovinas (20.537.474 cabeças). Sua distribuição se dá por todo território nacional e conta com uma grande diversidade de raças, logo, demonstra expansão e ainda apresenta potencial de crescimento.
No Brasil a produção de carne ovina vem, a passos lentos, mudando sua forma e se desenvolvendo em regiões onde sua atividade era pouca ou quase insignificante. Trazendo benefícios aos produtores e para as comunidades locais que passam a observar essa criação como uma fonte de renda não apenas alternativa, mas como também primária.
Essa viabilidade do sistema vem se fortalecendo principalmente em pequenas propriedades como as da agricultura familiar. Tal qual grandes propriedades passaram a observar a criação como sua fonte alternativa. A cabeça do produtor rural vem mudando a ponto de observar que aqueles animais em sua propriedade poderiam ser mais do que “presentes de final de ano” aos seus colaboradores e familiares.
Com isso, os preços pagos ao produtor vêm apresentando uma positiva crescente na última década (Tabela 1), o que vem ajudando a fortalecer e tornar a atividade mais atraente.
Tabela 1 – Preços do cordeiro CEPEA/ESALQ – Quilo vivo, compilado do mês de novembro entre 2018 a 2022
Esse estímulo, principalmente para a maior produção de cordeiros (categoria de ovinos – leia aqui), vem resultando no aumento efetivo no número de animais abatidos no Brasil. Segundo informações divulgadas pela CNA BRASIL, o número de ovinos abatidos entre 2020 e 2021 cresceu 46,70% segundo levantamento do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), partindo de 4,3 mil animais para 6,3 mil. A porcentagem foi de 25,13% de um ano para o outro. Ainda conforme os dados do Mapa, Mato Grosso do Sul ocupa o 2º lugar no ranking de abates de ovinos, com 16,2% da produção nacional, atrás apenas do Rio Grande do Sul que é responsável por mais de 50% do abate brasileiro de ovinos.
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Outro impulsionador do setor é o próprio consumidor que vem aumentando sua procura por cortes cárneos mais nobres e requintados. Com isso é importante o produtor levar em consideração a necessidade do atendimento do bem-estar animal e das boas práticas de produção para garantir a qualidade de produção, assim como atender a demanda do mercado, que hoje em dia busca cordeiros com aproximadamente 35-40 kg vivo, ou seja, animais jovens com escore de condição corporal (ECC) entre 3 e 4 (ECC – leia aqui) garantindo uma carcaça com qualidade pesando em média 14-18 kg, com cobertura de gordura entre 2-4 mm devido ao escore de condição corporal.
Falando nisso, muito importante ressaltar que essa padronização de produção ajuda no desenvolvimento da cadeia produtiva e é principalmente sobre isso que os ovinocultores devem aprender a debater com seus pares para seu próprio fortalecimento.
Hoje a demanda de consumo brasileira ainda não é atendida pela nossa produção fazendo com que haja necessidade de importação de carne ovina, principalmente, do Uruguai. Essa situação também se explica porque ainda possuímos poucos frigoríficos com licença para a operação de abate, fazendo este o segundo principal ponto necessário a ser discutido pelos ovinocultores.
A falta de padronização e de frigoríficos leva parte dos consumidores a optarem por uma carne proveniente de abate clandestino, aquele realizado na propriedade, sem garantias de segurança sanitária e levando a informalidade da produção. Sendo este o primordiall vilão da produção ovina no Brasil.
PRINCIPAIS RAÇAS PRODUTORAS DE CARNE
Sobre as características raciais, nada melhor do que uma boa fonte para explicar com maior clareza, então para fins de referência, as informações raciais foram retiradas do site da ARCO – Associação Brasileira de Criadores de Ovinos. Sendo em alguns casos adicionadas informações relevantes.
Lembrando que aqui vamos falar apenas das principais raças, caso queira mais informações sobre alguma raça não listada aqui, por favor acesse o site da ARCO ou nos deixe como sugestão nos comentários.
TEXEL
A raça Texel é originária da ilha de mesmo nome, na Holanda, cujo solo é em sua maioria arenoso, sendo em parte acima e em parte abaixo do nível do mar (polder).
A vegetação era muito pobre e os antigos ovinos aí existentes eram tardios, de pouco desenvolvimento, pequenos, não eram prolíferos, de velo leve, lã de mediana qualidade, entretanto a sua carne era magra e saborosa. Em fins do século XIX e início do século XX a ovinocultura da ilha começou a sofrer modificações, graças ao emprego cada vez maior de adubação nos solos da ilha, o que resultou melhores pastagens e com isso a alimentação dos ovinos melhorou muito.
Por esta mesma época os criadores passaram a cruzar as antigas ovelhas locais com carneiros de raças inglesas (segundo a tradição oral da região), provavelmente foram utilizados reprodutores Leicester, Border Leicester e Lincoln, sendo que também é provável que tenham feito algum uso de carneiros Southdow, Hampshire e Wensleydale, entretanto, de todas as raças utilizadas parece que a Lincoln é a que mais influenciou na formação do Texel.
Depois de certo tempo de experiência de cruzamentos os criadores voltaram a utilizar os reprodutores puros da antiga raça da ilha, graças ao melhoramento da alimentação e mais especialmente ao trabalho bem orientado de um grupo de ovinocultores, que entre outros procedimentos empregaram um bem adequado método de seleção, surgiu na ilha uma nova raça Texel tal como conhecemos atualmente.
Padrão Racial
Cabeça: Forte, larga, completamente livre de lã, coberta com pelos brancos, curtos e sem brilho. Orbitas salientes, olhos vivos e bem afastados. Orelhas grandes com pavilhão voltado para a frente, livres de lã. Mucosa nasal, pele entre as narinas, lábios e bordo das pálpebras devem possuir pigmentação escura.
Chifres: Mocha.
Pescoço: Curto, musculoso, arredondado, bem inserido e sem estrangulamento na sua inserção com a cabeça.
Corpo: O corpo tem uma estrutura maciça, não muito comprido, sem no entanto dar ao animal uma aparência de petição, paletas são carnudas e bem afastadas, terminando em uma cernelha larga. O dorso, lombo e garupa são largos e nivelados, a garupa é volumosa e bem nivelada, os quartos são grandes, carnudos e arredondados com entrepernas profundos e garrões bem afastados.
Um dos pontos notáveis da raça é o posterior que visto por trás tem o formato de um “U” grande e invertido, a cola é bem revestida de lã, devendo ser larga e ter um comprimento que não ultrapasse o garrão.
Membros: Fortes, de comprimento proporcional ao corpo, ossos de bom diâmetro e bem aprumados. A sua estrutura deve harmonizar-se com a robustez do corpo e evidenciar a sua capacidade de suportar um grande peso, com cascos bem conformados e pretos.
Capacidade média de produção: Precoce, em condições de pastagens (com 30 a 90 dias de idade), os cordeiros machos tem ganhos de peso médio diário de 300 gramas e as fêmeas de 275 gramas. Aos 70 dias de idade machos bem formados atingem 27 Kg e as fêmeas 23 Kg. Os carneiros atingem pesos de 110 a 120 Kg e as fêmeas adultas 80 a 90 Kg, já tendo ultrapassado tais pesos, os carneiros tratados já atingiram 160 Kg e as ovelhas também tratadas já atingiram mais de 100 Kg.
SUFFOLK
Oriunda dos condados de Norfolk, Cambridge, Essex e Suffolk no sudoeste da Inglaterra, foi formada a partir do cruzamento de carneiros Southodown com ovelhas selvagens de Norfolk. Estes ovinos nativos caracterizavam-se por terem membros pretos, serem ambos os sexos aspados, muito rústicos, ativos de velo leve e conformação defeituosa, de esqueleto forte e membros compridos, muito prolíficos e desde a antiguidade eram muito apreciados pelo sabor de sua carne.
A influência da raça Southodown (usada desde 1800 até 1850) determinou o desaparecimento dos chifres, melhorou a conformação e precocidade, foi fixado o tipo por cruzamento e seleção, onde no ano de 1810 foi considerada como raça denominando-se primeiramente como Southdown Norfolk e em 1859 a Associação de Agricultura admitiu exemplares para concorrerem nas exposições agrícolas, já no ano 1886 foi fundada a Sociedade de Criadores de Ovinos Suffolk (Suffolk Sheep Society) cuja sede é em no condado de Suffolk.
Padrão Racial
Cabeça: Grande, completamente livre de lã, totalmente coberta de pelos negros, finos e brilhantes, a cara é comprida e sem rugas, perfil convexo, focinho mediano, boca larga com lábios fortes, orelhas longas, inserção firme, um pouco projetadas para baixo, de textura fina, com a ponta virada para fora e pelos brancos ou lã em qualquer parte da cabeça são considerados defeitos.
Juntamente com a parte superior da cabeça as orelhas completam o formato de sino (quando vistas de frente), os olhos são escuros e proeminentes, mucosa nasal, lábios e pálpebras são totalmente pretos.
Chifres: Mocha
Pescoço: Pescoço moderadamente comprido, forte, redondo e carnudo, bem implantado no tronco levando a cabeça um pouco erguida e não apresenta rugas na pele.
Corpo: Típico de um ovino de carne, largo, profundo, muito musculoso e com costelas de bom arqueamento e boa cobertura de carne. O tórax é amplo, a é anca larga e comprida, muito bem coberta de músculo, a cauda larga e implantada em continuação da linha superior e apresenta flancos lisos e cheios. Os cordeiros nascem inteiramente pretos, e vão branqueando até os 4 ou 5 meses de idade.
Membros: Sendo o Suffolk uma raça de carne e que atinge grandes pesos, os seus membros devem merecer especial atenção. Devem ter um comprimento proporcional ao corpo, de tal maneira que mantenha a harmonia do conjunto e ao mesmo tempo evidenciem vigor e desenvoltura, as articulações bem definidas. Os ossos fortes, mas não demasiadamente grossos e com secção transversal ovalada, com membros bem aprumados e afastados entre si, garrões devem ter um ângulo bem definido e bem afastados, dando lugar a um entrepernas largo e profundo, os quartos devem ser carnudos, com musculatura arredondada, nádegas volumosas e o entrepernas deve completar-se por um períneo perpendicular e comprido.
Capacidade média de produção: Cordeiros com grandes ganhos de peso ao dia, até 450 gramas. Ótimo rendimento de carcaça, 50 a 60%. Carcaça de ótima conformação e com pouca gordura externa. Os machos adultos ultrapassam facilmente os 150 Kg.
DORPER
A raça Dorper tem origem na África do Sul e foi criada com o propósito de melhorar as qualidades das carcaças ovinas comercializadas bem como o desempenho animal, proporcionando assim uma melhor remuneração do ovinocultor e a satisfação do consumidor final. O Dorper surgiu do cruzamento entre as raças Dorset Horn e Blackhead Persian, sendo que os primeiros cruzamentos foram realizados por volta de 1930. Em 19 de julho de 1950, um grupo de 30 criadores decide fundar a Associação Sul Africana de Criadores de Dorper e estabelecer os parâmetros de Padrão Racial para o Dorper. Com o objetivo de realizar uma correta avaliação do padrão racial, a Associação Sul Africana de Criadores de Dorper desenvolveu um sistema de pontuação para classificar os animais em aptos para o registro genealógico, animais comerciais e animais que devem ser eliminados. (Clique aqui para ver o sistema de classificação com mais detalhes)
Padrão Racial
Cabeça: cabeça forte e longa, com olhos distanciados e bem protegidos. Nariz forte, boca forte e bem formada, com o maxilar profundo e perfeitamente colocado é o ideal.
Chifres: Chifres grandes e pesados são indesejáveis e devem ser descriminados de acordo com o grau. Chifres pequenos ou apenas desenvolvidos na sua base são os ideais.
Pescoço: O pescoço deve ser de comprimento mediano, com boa musculatura, amplo e bem encaixado no quarto anterior.
Corpo: O ideal é um barril/tronco longo, profundo e largo, costelas bem arqueadas e um lombo largo e preenchido. Os animais devem ter uma linha de dorso e lombo longa e reta e não deve ter uma depressão acentuada logo após as paletas passagem para o barril/tronco. Uma ligeira depressão por detrás dos ombros é permissível.
Membros: As paletas devem ser firmes, largas e fortes. Um peito moderadamente largo, profundo e moderadamente proeminente em relação as paletas é o ideal. Os membros anteriores devem ser fortes, com bons aprumos e estarem bem posicionados, com quartelas fortes e cascos (unhas) não excessivamente separados. Quarto traseiro uma garupa longa e larga é a ideal. A musculatura do quarto (tanto interna quanto externa) deve ser convexa e profunda (o mais próximo possível do jarrete). As pernas devem ser fortes e bem colocadas, com cascos e articulações da quartela bem formadas.
Cor: ovino branco com cabeça, pescoço e cascos pretos é o ideal. Um número limitado de pintas pelo corpo e nas pernas, cascos não totalmente pretos, coloração marrom ou branco ao redor dos olhos e/ou na região da cabeça, tetos rosados e períneo rosado são características indesejáveis e discriminadas de acordo com o grau de incidência, podendo até serem desclassificatórias, de acordo com o grau.
Capacidade média de produção: Apresenta ganho médio diário de 190 a 330g/dia no período pré-desmama. Peso ao nascer e à desmama (em média aos 94 dias) em torno de 3,9 kg e 24,0 kg, respectivamente. Sob as mesmas condições, a média de ganho em peso diário foi de 217 g/dia na fase pré-desmama, podendo alcançar 250 g/dia. O peso adulto desta raça é de 80,0 kg a 120,0 kg nos machos e 60,0 kg a 90,0 kg nas fêmeas.
WHITE DORPER
A raça White Dorper tem origem na África do Sul e foi criada com o propósito de melhorar as qualidades das carcaças ovinas comercializadas bem como o desempenho animal, proporcionando assim uma melhor remuneração do ovinocultor e a satisfação do consumidor final. O White Dorper surgiu do cruzamento entre as raças Dorset Horn e Van Roy, sendo que os primeiros cruzamentos foram realizados por volta de 1930. Em 19 de julho de 1950, um grupo de 30 criadores decide fundar a Associação Sul Africana de Criadores de Dorper e White Dorper e estabelecer os parâmetros de Padrão Racial para o White Dorper. Com o objetivo de realizar uma correta avaliação do padrão racial, a Associação Sul Africana de Criadores de Dorper e White Dorper desenvolveu um sistema de pontuação para classificar os animais em aptos para o registro genealógico, animais comerciais e animais que devem ser eliminados (Clique aqui para ver o sistema de classificação com mais detalhes)
Padrão Racial
Cabeça: cabeça forte e longa, com olhos distanciados e bem protegidos. Nariz forte, boca forte e bem formada, com o maxilar profundo e perfeitamente colocado é o ideal.
Chifres: Chifres grandes e pesados são indesejáveis e devem ser descriminados de acordo com o grau. Chifres pequenos ou apenas desenvolvidos na sua base são os ideais.
Pescoço: O pescoço deve ser de comprimento mediano, com boa musculatura, amplo e bem encaixado no quarto anterior.
Corpo: O ideal é um barril/tronco longo, profundo e largo, costelas bem arqueadas e um lombo largo e preenchido. Os animais devem ter uma linha de dorso e lombo longa e reta e não deve ter uma depressão acentuada logo após as paletas passagem para o barril/tronco. Uma ligeira depressão por detrás dos ombros é permissível.
Membros: As paletas devem ser firmes, largas e fortes. Um peito moderadamente largo, profundo e moderadamente proeminente em relação as paletas é o ideal. Os membros anteriores devem ser fortes, com bons aprumos e estarem bem posicionados, com quartelas fortes e cascos (unhas) não excessivamente separados. Quarto traseiro uma garupa longa e larga é a ideal. A musculatura do quarto (tanto interna quanto externa) deve ser convexa e profunda (o mais próximo possível do jarrete). As pernas devem ser fortes e bem colocadas, com cascos e articulações da quartela bem formadas.
Cor: Um ovino branco completamente pigmentado nas pálpebras, na região perianal e em suas tetas é o ideal. Um número limitado de pintas é permitido nas orelhas e linha ventral. Nota: a cor marrom é considerada pigmentação nas áreas do corpo onde a pigmentação é exigida.
Capacidade média de produção: Apresenta ganho médio diário de 190 a 330g/dia no período pré-desmama. Peso ao nascer e à desmama (em média aos 94 dias) em torno de 3,9 kg e 24,0 kg, respectivamente. Sob as mesmas condições, a média de ganho em peso diário foi de 217 g/dia na fase pré-desmama, podendo alcançar 250 g/dia. O peso adulto desta raça é de 80,0 kg a 120,0 kg nos machos e 60,0 kg a 90,0 kg nas fêmeas.
ILE DE FRANCE
O berço da raça é a França, na região da bacia parisiense, denominada Ile de France. A partir de 1816 técnicos franceses iniciaram cruzamentos de ovelhas Merino Rambouillet com reprodutores New Leicester (Dishley) importados da Inglaterra, com o objetivo de obter um ovino que reunisse a qualidade laneira do Merino com a aptidão carniceira do New Leicester.
Os cruzamentos foram dirigidos por August Yvart, Inspetor Geral do Estado e professor da Escola Nacional de Veterinária de Alfort, daí a raça ser também conhecida inicialmente por raça de Alfort, em 1875 participou da Exposição de Paris sob a denominação de Dishley-Merino.
Em 1920 a raça recebeu uma infusão de sangue Merino Cotentin, com a finalidade de eliminar pigmentos escuros da pele do focinho e em 1 de fevereiro de 1922 foi criado o Flock Book, sendo que a raça veio a receber a denominação definitiva em 23 de fevereiro de 1923, quando da fundação do Sindicato dos Criadores da Raça Ile de France, em consideração ao nome da região de origem.
Padrão Racial
Cabeça: Forte, larga ao nível do crânio. De perfil reto ou levemente convexo, principalmente nos machos adultos, cara de comprimento médio, chanfro em arco aberto (transversalmente), nuca larga e bem coberta de lã, cabeça coberta com lã até um pouco acima da linha dos olhos (deixando a visão completamente livre), orelhas, cara e mandíbulas devem ser livres de lã e cobertas por pelos brancos, curtos e sem brilho. Orelhas médias, de boa textura, horizontais ou levemente erguidas, nunca pendentes e quando o animal presta atenção a parte côncava dirige-se para a frente, situando-se as extremidades em nível superior à base, com mucosas nasais, lábios, pele entre as narinas e pálpebras rosadas.
Chifres: mocha
Pescoço: Curto, forte, arredondado no bordo superior e sem papada.
Corpo: Comprido, largo e musculoso, com conformação carniceira, paletas carnudas, bem afastadas, dando origem a uma cernelha larga e em linha com o dorso, peito largo, profundo e proeminente, costelas bem arqueadas, bem cobertas de carne, e dando origem a um tórax amplo. Não deve haver depressões entre as costelas e paletas, o ventre levemente arredondado, mas nunca caído, com dorso, lombo e garupa, longos, largos e volumosos bem cobertos de músculos e quartos muito volumosos, arredondados e profundos, com nádegas cheias, com entrepernas muito profundo e carnudo, quando visto de trás o entrepernas e os garrões dão a impressão de um “U” largo e invertido.
Membros: Sendo uma raça carniceira e de muito peso, os membros devem merecer especial atenção – são de comprimento médio, ossos fortes, boas articulações, devem ter aprumos corretos, joelhos e garrões devem ser bem constituídos e bem afastados entre si e cascos bem conformados, grandes e de cor branca.
Capacidade média de produção: Produz uma carcaça pesada e de muita qualidade. Os cordeiros têm muito bom ganho de peso: aos 70 dias pesam 23,2 Kg, dos 10 aos 30 dias de idade apresentam ganho de peso diário médio de 242g e dos 30 aos 70 dias tem ganho diário médio de 287g. Ovelhas pesam cerca de 80 Kg e os carneiros atingem pesos de 110 a 160 Kg.
HAMPSHIRE DOWN
A raça Hampshire Down teve como berço os condados de Wilts, Hants e Dorset, no sul da Inglaterra, região bastante fértil e levemente ondulada, conhecida popularmente como West Downs. Os seus ancestrais eram ovinos primitivos que pertenciam a duas raças: Wiltshire que eram grandes, com cara e patas sem lã, com chifres recurvados para trás e os Berkshire Knots que possuíam a cara e patas negras. Ambas apresentavam animais de corpo estreito, com pernas longas, prolíferos, rústicos, mas com pouca cobertura muscular e procurando melhorar a aptidão carniceira destes ovinos, criadores aperfeiçoaram o sistema de alimentação e iniciaram os cruzamentos com a raça Southdown, que foi introduzida nos rebanhos Wiltshire e Berkshire no início do século XIX. A partir de 1845 o conceito de precocidade, qualidade e engorde modificou o sistema de criação, iniciando o aperfeiçoamento desta raça, cujo principal cultor na época foi Mr. Wm. Humphries, que conseguiu fixar um tipo bastante uniforme mediante o emprego de consanguinidade e em 1889 foi criada na Inglaterra a “HAMPSHIRE DOWN SHEEP BREDERS ASSOCIATION” com sede em Salisbury, em 1890 editou-se o primeiro Flock Book do Hampshire Down.
Padrão Racial
Cabeça: Grande e larga (mas não tosca), deve evidenciar acentuada definição sexual e a lã deve cobrir a cabeça até um pouco abaixo dos olhos, deixando totalmente livre a cara e os lacrimais, sem jamais prejudicar a visão. A cara, as orelhas e todas as demais partes da cabeça que não forem cobertas de lã devem apresentar pelos escuros aproximando-se do preto, o focinho, lábios e ao redor das pálpebras devem apresentar pigmentação escura com tendência ao preto e com orelhas longas, espessas, bem implantadas horizontalmente na cabeça com pontas ligeiramente arredondadas.
Chifres: mocha
Pescoço: Forte, medianamente comprido, musculoso e bem implantado sustentando a cabeça erguida sobre a linha superior do corpo.
Corpo: Comprido, profundo e simétrico, com costelas bem arqueadas, dorso e lombo em linha reta, largos e bem cobertos de carne, flancos cheios, cruzes no mesmo nível do dorso e lombo, anca ampla e nivelada, cola inserida no mesmo nível do lombo, com quartos profundos, cheios, largos e bem desenvolvidos.
Membros: Comprimento relativo ao corpo, com articulações fortes e bem definidas, aprumados e bem colocados em relação ao corpo, com cascos bem formados e pretos.
Capacidade média de produção: Raça especializada na produção de carne. Precoce: cordeiros bem alimentados atingem 35 Kg de peso vivo aos 3 ou 4 meses, com rendimentos de carcaça de 45 a 50% com pesos de 14 a 18 Kg. Carcaça de boa qualidade.
POLL DORSET
Os ovinos primitivos dos condados de Dorset e Somerset, no sudoeste da Inglaterra, eram pequenos, rústicos, com pequenos chifres, membros longos, lã branca e escassa, mas produtores de carne muito apreciada. Inicialmente, foram cruzados com Leicester e Southdown, posteriormente com Merino seguindo-se um processo seletivo, onde o Dorset original é aspado, sendo denominado Dorset Horn na Inglaterra e simplesmente Dorset nos Estados Unidos.
O atual Pol Dorset tem duas origens: Em uma é o produto de mutação genética que ocorreu num plantel Dorset Horn puro de pedigree (PO) da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos e após sete anos de pesquisa foi possível obter uma linhagem mocha que em 1956 foram registrados os primeiros Pol Dorset no Continental Dorset Club. Já a outra origem ocorreu na Austrália, entre 1937 e 1960, foi produto de sucessivos cruzamentos entre o Dorset Horn com raças mochas, entre elas o Corriedale e Ryeland, que após atingirem o grau de pureza e o fenótipo desejado a raça foi registrada em 1974.
Padrão Racial
Cabeça: Forte, denotando robustez, perfil nasal retilíneo. A lã cobre a parte inferior da mandíbula, a nuca e parte superior da cabeça, formando um topete acima dos olhos e descendo em pequena quantidade pela parte lateral da cara formando os canais lacrimais e deixando completamente livre os olhos, as orelhas, a parte frontal da cara e o nariz são cobertos de pelos curtos, suaves e brancos, as mucosas nasais, pele entre as narinas, lábios e bordas das pálpebras devem ser rosados e livres de pigmentos pretos ou escuros.
As orelhas são de tamanho mediano, implantadas horizontalmente, com o pavilhão voltado para a frente, nuca e testa largas, olhos brilhantes e bem separados entre si, sendo admissível estrias escuras nas pálpebras e sardas pequenas na pele desprovida de lã e pelos (na cara e orelhas), cara larga e de comprimento mediano, com a extremidade do nariz e boca (morro) formando uma circunferência grande, a cabeça em qualquer parte deve ser coberta de lã ou pelos, não sendo admissível pigmentos ou manchas pretas e nem escuras.
Chifres: Mocha
Pescoço: De comprimento moderado, bem implantado no corpo de modo a manter a cabeça levantada bem acima da linha de lombo e nos machos deve ser largo em com leve arco.
Corpo: Típico do ovino produtor de carne moderno, comprido, profundo, musculoso, com dorso, lombo e anca formando um plano largo e comprido, desde a cruz até a inserção da cola, anca larga, comprida e musculosa com pouquíssima inclinação entre as pontas das cadeiras (ílio) e as pontas das nádegas (ísquio). A cola é a de inserção alta e o sacro é nivelado com a linha dorso lombar, as paletas carnudas, bem afastadas, mantendo paralelismo entre si com extremidades niveladas com a linha dorso-lombar e com a anca.
Membros: Bem aprumados, com osso adequado ao desempenho da raça, as falanges (quartelas) devem ser curtas, fortes e bem posicionadas, os cascos bem formados e brancos (sendo admissível discretas raias pretas nos cascos, mas casco totalmente preto é motivo de desclassificação) e os membros são cobertos de lã (manchas escuras ou negras nos membros são consideradas defeitos graves).
Capacidade média de produção: Raça especializada para a produção de carne. Machos adultos pesam de 100 a 125 Kg. Fêmeas adultas pesam de 65 a 90 Kg. Rendimento de carcaça varia de 54 a 60%.
SANTA INÊS
É uma raça desenvolvida no nordeste brasileiro, resultante do cruzamento intercorrente das raças Bergamácia, Morada Nova, Somalis e outros ovinos sem raça definida (SRD), sendo as características atuais um produto da seleção natural, dos trabalhos de técnicos e de criadores fixando-as através de seleção genealógica, com tudo, a tese de sua origem é confirmada pelas suas características.
O porte, o tipo de orelhas, o formato da cabeça e os vestígios de lã presentes no Santa Inês, evidenciam a participação do Bergamácia, tanto quanto a condição de deslanado e as pelagens correspondem ao Morada Nova, já a participação do Somális é evidenciada pela apresentação de alguma gordura em torno da implantação da cauda, quando o animal está muito gordo.
Padrão Racial
Cabeça: Tamanho médio e proporcional ao corpo, perfil semi-convexo, orelha com forma de lança inseridas firme e ligeiramente acima da linha dos olhos, pouco inclinadas em direção ao comprimento da cabeça, coberta de pelos, com olhos redondos e brilhantes, chanfro liso com pelos finos, focinho largo e pigmentado com fossas nasais dilatadas e bem separadas, apresentando mandíbulas fortes e simétricas.
Chifres: Mocha
Pescoço: De tamanho regular, proporcional ao corpo, bem musculoso, harmoniosa implantação ao corpo, com ou sem brincos e mais longo nas fêmeas.
Corpo: Tronco grande e comprido, dorso-lombar larga e retilínea tendendo para a horizontalidade e com boa cobertura muscular, peito largo, arredondado e com boa massa muscular, tórax amplo, largo, profundo e arqueado com costelas compridas, largas e afastadas. Ventre amplo, profundo e com boa capacidade, ancas bem separadas musculosas e arredondados, garupa ampla, comprida e com suave inclinação, cauda com inserção harmoniosa, afinando proporcionalmente e comprimento médio.
Membros: Fortes, bem posicionados, proporcionais ao corpo, articulações fortes e bons aprumos. Os membros anteriores com paletas corretamente ajustadas à posição oblíqua, os membros posteriores com coxas largas, compridas e com boa cobertura muscular, os cascos pretos nos animais de pelagem preta e em animais de outras pelagens admite-se cascos brancos ou com rajas claras.
Capacidade média de produção: Boa produção de carne com grande porte apresentando média de peso para macho de 80 a 120 Kg e para as fêmeas de 60 a 90 Kg, apresenta excelente qualidade de carne e baixo teor de gordura
RELATO PROFISSIONAL
Quero terminar essa série sobre as raças dizendo que sou uma zootecnista apaixonada pela ovinocultura e não posso deixar de aproveitar o espaço para ressaltar uma situação, quando se trata da produção gerada pela ovinocultura, a busca por dados confiáveis sempre é muito difícil. O “mercado livre” ou informal faz com que o acesso a dados comprovados seja difícil ou baseado em estimativas e isso faz com que cada um diga o que quer e coloque o preço que achar mais viável em benefício próprio. A falta de um órgão regulador ou de uma voz mais ativa voltada ao setor, faz com que esse tipo de barbaridade aconteça. Por isso é muito comum o produtor ser pago por um valor em kg na venda (principalmente a informal) e quando vai ao mercado encontra seu próprio produto valendo o quádruplo do que ele recebeu.
REFERÊNCIAS
CNABRASIL – disponível aqui
IBGE – disponível aqui
CEPEA/ESALQ – disponível aqui