A capacidade produtiva de culturas agrícolas pode ser acometida por diversas intercorrências, sendo uma delas a ocorrência de plantas daninhas. Tais plantas causam efeitos deletérios diretos nas culturas como competição por nutrientes e alelopatia (conjunto de efeitos negativos gerados por plantas daninhas acarretando problemas no crescimento e desenvolvimento a outras plantas cultivadas). Por outro lado, há os efeitos indiretos como aumento no custo de produção, desvalorização do produto e perda de qualidade.
Atualmente, existem algumas alternativas que podem ser utilizadas para controle de plantas daninhas, dentre elas, manejo preventivo, controle cultural, mecânico, físico, químico e biológico. A escolha do método que será utilizado irá depender de fatores como o tipo de cultura e das espécies de daninhas existentes na área.
Manejo Preventivo
Visando evitar prejuízos, o manejo preventivo busca precaver a entrada, o estabelecimento e a disseminação de plantas daninhas. Dessa forma, um bom plano preventivo compreende a observação continua da área cultivada, para distinguir as possíveis espécies de daninhas presentes na mesma; limpar máquinas e implementos que transitam de regiões infestadas para outras livres de infestação; dar preferência pelo uso de sementes certificadas e ou fiscalizadas com elevado valor cultural; eliminar possíveis focos de infestação, etc. É importante ressaltar que o controle será sempre mais oneroso.
Controle Cultural
O controle cultural resume-se na utilização de técnicas agrícolas com intuito de possibilitar o crescimento da cultura causando desvantagem as plantas daninhas. Neste método de controle, práticas comuns são utilizadas como:
Rotação de cultura a qual proporciona maior diversificação do ambiente; variação na densidade das plantas cultivadas e no espaçamento, uma vez que a mesma pode contribuir para gerar maior sombreamento sob as plantas daninhas e assim, reduzir o estabelecimento destas além de proporcionar a maximização da captação de raios solares pela cultura.
Controle Mecânico
Os métodos de controle mecânico consistem basicamente na aplicação de técnicas simples como a remoção da planta do solo manualmente, capina, roçada e cultivo mecanizado. Para realizar o arranquio das plantas daninhas não é preciso de nenhuma ferramenta e é bastante eficiente para pequenas áreas, produções orgânicas, jardins, etc. Por outro lado, a capina envolve o uso de alguns equipamentos como enxadas e sanchos, por consequência quando se comparado com o arranquio manual o custo inicial é mais elevado devido a compra das ferramentas, porém a eficiência de trabalho é superior a mesma.
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A roçada manual ou mecânica é uma boa alternativa para culturas espaçadas, como pomares e plantações de café, especialmente em terrenos inclinados onde o controle da erosão é essencial. Os espaços entrelinhas são mantidos roçados e, por meio de outros métodos de controle, mantêm as fileiras da planta niveladas e limpas. A agricultura mecanizada pode ser realizada com implementos tracionados como os tratores. De acordo com Van der Weide et al. (2008) conforme citado por Oliveira e Brighenti (2018), novas ferramentas e implementos relacionados ao cultivo mecanizado vêm sendo desenvolvidos, especialmente pela demanda dos agricultores orgânicos. Além disso, os implementos mais inteligentes vêm para possibilitar o controle de plantas daninhas sem causar qualquer injuria as plantas da cultura.
Controle Físico
Outra alternativa utilizada para o controle de plantas daninhas é o físico, no qual consiste na utilização de métodos como cobertura morta, solarização, inundação, dentre outros.
Cobertura Morta
Deixar restos de cultura na superfície do solo funciona como uma barreira física contra o surgimento de sementes de ervas daninhas com pequenas reservas e, às vezes, isso não é suficiente para que as plantas superem a cobertura morta em busca de luz. O processo de decomposição desses resíduos vegetais libera gradativamente uma série de compostos orgânicos denominados aleloquímicos, que podem afetar negativamente a germinação e emergência de plantas indesejáveis. Maiores quantidades de palha resultaram em maiores barreiras físicas e maiores quantidades de compostos alelopáticos produzidos, o que pode afetar negativamente a germinação das plantas daninhas. A quantidade e a qualidade da palha dependem do material de origem, das condições climáticas e do sistema de manejo empregado.
Solarização
A solarização envolve o uso de coberturas plásticas, com o objetivo de aumentar a temperatura do solo com a radiação solar e causar a morte das ervas daninhas por superaquecimento. A eficácia do método depende de um clima quente e úmido e forte radiação solar, com exposição prolongada ao sol que pode aquecer o solo o suficiente para matar as ervas daninhas. Devido às suas particularidades, como necessidade de filme plástico, umidade uniforme do solo, mão de obra, equipamentos específicos, pessoal treinado, etc., a prática da solarização só é indicada para pequenas áreas ou cultivos protegidos como o cultivo de plástico. Esta prática é utilizada principalmente no Brasil para culturas hortícolas de maior valor agregado, como morangos e outras pequenas fruteiras rasteiras, bem como para floricultura profissional ou artesanal, condições experimentais em instituições de pesquisa e mais recentemente hortas artesanais.
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Segundo Silva et al. (2007) conforme citado por Oliveira e Brighenti (2018), a solarização tende a ser mais efetiva, principalmente no controle das plantas daninhas localizadas na camada superficial do solo, em razão do maior aquecimento.
Inundação
O controle por inundações impede que raízes de plantas sensíveis obtenham oxigênio para sobreviver. Em culturas inundadas, como o arroz, o manejo da água é frequentemente reconhecido como uma importante prática cultural para controlar as comunidades de ervas daninhas perenes, como tiririca (Cyperus rotundus), grama-seda (Cynodon dactylon), capim-kikuio (Penisetum clandestinum) e muitas espécies anuais que podem ser erradicadas sob as águas da inundação (Silva et al., 2007b apud OLIVEIRA; BRIGHENTI, 2018).
Controle biológico
O controle biológico resume-se no uso de parasitas, predadores, ou patógenos com a capacidade de reduzir a população de plantas daninhas e por consequência sua capacidade de competir, por meio do equilíbrio populacional entre o inimigo natural e a planta hospedeira. O propósito do controle biológico não é erradicar, mas sim reduzir a população para abaixo do nível de dano econômico. De modo geral, a eficiência desse método é questionável quando utilizado separadamente, pois os agentes de controle, geralmente, são específicos para determinadas espécies de plantas, não atuando contra o complexo florístico local. Estratégias de controle biológico de plantas daninhas vêm sendo utilizadas no manejo de plantas invasoras em pastagens, plantas infestantes em corpos hídricos, plantas daninhas resistentes a herbicidas e na agricultura orgânica (Silva et al., 2007b apud OLIVEIRA; BRIGHENTI, 2018).
Controle Químico
O controle químico de daninhas é feito com o uso de defensivos, mais precisamente herbicidas. Compreender a cinética dos herbicidas e seus diferentes mecanismos de ação sobre as ervas daninhas, conhecer a dosagem correta do produto em relação à tecnologia de aplicação, além do momento correto de aplicação de acordo com o estágio de desenvolvimento da planta é extremamente importante. A aplicação única ou aplicação sequencial é frequentemente usada como estratégia.
Neste contexto, há diversos métodos disponíveis como, manejo preventivo, controle cultural, mecânico, físico, químico e biológico a escolha do método que será utilizado irá depender de alguns fatores como o tipo de cultura implementada e das espécies de daninhas existentes na área. Lembrando que o melhor método sempre será o manejo preventivo, pois o controle sempre é mais oneroso.
Referências
EQUIPE MAIS SOJA. Métodos de controle de plantas daninhas: controle físico. MAIS SOJA – Pensou Soja, Pensou Mais Soja. Disponível em: <https://maissoja.com.br/metodos-de-controle-de-plantas-daninhas-controle-fisico/>. Acesso em: 2 jan. 2023.
OLIVEIRA, M. F. de; BRIGHENTI, A. M. Controle de plantas daninhas: métodos físico, mecânico, cultural, biológico e alelopatia. [S.l.]: Embrapa Milho e Sorgo, 2018. 198 p.