Este material foi escrito pelos autores: Jêniffer Alves & Pedro Torres.
O Brasil pode ser considerado o celeiro do mundo, visto que somos um dos principais produtores e exportadores de grãos e proteínas de origem animal. No entanto, dentro dessa cadeia, a pecuária leiteira não consegue grande destaque como a de corte, suinocultura e avicultura, além das demais culturas. E isso se deve pelo fato que nossa produção atende basicamente o mercado interno, não havendo excedente exportável mesmo com todo potencial.
No ano de 2020, o Brasil alcançou a marca de 35 bilhões de litros produzidos (EMBRAPA). Dentro desse total, destacam-se os estados de Minas Gerais (maior produtor), seguido pelo Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Santa Catarina, respectivamente. Já no cenário mundial, o Brasil figura entre os 3 primeiros (EMBRAPA), ficando atrás apenas dos Estados Unidos e Índia.
O clima diverso do país, a heterogeneidade de raças, solos e estrutura produtiva e logística, acabam sendo um empecilho para o crescimento exponencial da produção leiteira. Portanto, apesar do melhoramento genético dos últimos anos buscando heterose, consequentemente animais mais resistentes e produtivos, percebemos que os produtores que se sobressaem possuem instalações adequadas (baias de confinamento, curral, sala de espera e de ordenha), sistemas específicos a sua região, propriedade e condição financeira.
Instalações
Com a intensificação da produção, consequentemente, animais mais produtivos e maior densidade de animais, fica aberta uma brecha para o surgimento de microrganismos patogênicos, resultando em infecções (mastite) e comprometimento da saúde humana.
Logo, as instalações e os materiais utilizados nas mesmas, além do planejamento, assumem destaque na produção leiteira.
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A construção das instalações para exploração do gado leiteiro depende de vários fatores, tais como tipo de manejo do gado, tamanho da exploração, além das características do clima, do solo e da topografia. Para construção desse tipo de instalação, o local ideal deve ser bem drenado e exposto aos raios solares, o que facilita a secagem e diminui a proliferação de organismos patogênicos. O estábulo não deve ser atravessado por fortes correntes de ar frio que favorecem surtos de doenças do sistema respiratório dos animais. No entanto, deve permitir um conforto térmico, evitando o predomínio das altas temperaturas (FILHO & AZEVEDO, 2006).
Curral de espera
Um ponto importante para essa instalação é a sua posição, sendo indicada que fique do lado Leste/Oeste. Como os animais ficam em espera, possivelmente defecarão ali, logo, na posição Leste/Oeste acaba pegando um período de luz, o que seca a sala de espera e evita a proliferação de patógenos e diminui a probabilidade de problemas nos cascos.
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Preferencialmente, o piso deve ser de concreto ou cimentado, garantindo maior durabilidade. No entanto, para diminuir os custos, podem ser de bloket, pedra, piçarra ou mesmo de chão batido. O declive deve ser de 2% a 4% (FILHO & AZEVEDO, 2006).
Sala de ordenha
O local mais importante num sistema de pecuária leiteira intensiva é a sala de ordenha. Isso pois pode ser considerada um dos pontos críticos na produção, ser construída de forma a ofertar o máximo de bem-estar ao animal é primordial. Os materiais aqui devem ser de inox, higienizados sempre que usarem. Cuidados com os produtos químicos também devem ser levados em conta num projeto bem realizado. Antes de adentrarem a ordenhadeira é importante que os animais tenham passado por um pedilúvio.
A utilização de pedilúvio precisa ser criteriosa, uma vez que se mal utilizado pode aumentar ainda mais a contaminação trazida pelos animais para o interior do local de ordenha. Entre as serventias do pedilúvio, destacam-se a diminuição da entrada de sujidade dos pastos no ambiente de ordenha e a melhoria das condições de saúde dos cascos. Para a sua melhor ação, o pedilúvio deve ter um comprimento adequado, que possibilite a passagem dos animais em um tempo apropriado, permitindo contato adequado com a solução de imersão. Além disso, deve possuir nas partes inicial e final uma inclinação para evitar que os animais tropecem e se machuquem. O interior deve ser rugoso e antiderrapante para evitar quedas. É aconselhável existir uma área de lava-pés antes do pedilúvio, para remoção do excesso de material orgânico (CORTEZ, 2008).
Ainda dentro da sala de ordenha, toda matéria orgânica residual precisa ser eliminada, pois além de tornar favorável o desenvolvimento de microrganismos, diminui a eficácia dos princípios ativos das soluções sanitizantes. É importante que toda a superfície interna dos equipamentos seja lisa, sem junções ou soldas aparentes, pois nesses pontos pode ocorrer a adesão de microrganismos (CORTEZ, 2008).
Sala de armazenamento
Construída em alvenaria, é uma instalação de recepção do leite e onde deverão ficar os materiais de ordenha (balança, baldes, crivos, toalhas, tambores, etc.), assim como o armário de medicamentos, resfriador, etc. Deve ter forro e ser provida de balcão, pia e fonte de água, sendo a parede preferencialmente revestida de louça (azulejada) e piso recoberto de lajota. Ao término de cada ordenha individual, o leite é trazido para essa sala e colocado, em tambor próprio, para condicionamento (FILHO & AZEVEDO, 2006).
É interessante que essa sala fique próxima a sala de ordenha, para que não seja necessário percorrer grandes distâncias, o que poderia acelerar a fermentação e até mesmo ocorrer contaminação durante o trajeto.
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