Parainfluenza suína tipo 1 (PPIV-1): conhecendo o vírus e a sua importância para a suinocultura

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O recente vírus da parainfluenza suína tipo 1 (PPIV-1) foi detectado pela primeira vez em 2013 em Hong Kong. Após sua primeira identificação, o PPIV-1 foi identificado em diversos países da Europa, América do Sul e nos Estados Unidos. O vírus aparentemente apresenta altas taxas de infecção e disseminação, estando presente em importantes regiões suinícolas do mundo inteiro. Sua patogenicidade e epidemiologia não foram completamente compreendidas, mas acredita-se que o PPIV-1 possa agir como um patógeno secundário causando infecções respiratórias em suínos e contribuindo para o complexo respiratório suíno.

Parainfluenza suína tipo 1 (PPIV-1)

A parainfluenza suína tipo 1 (PPIV-1) foi identificada pela primeira vez em amostras dos tratos respiratório e gastrointestinal de carcaças suínas de um abatedouro de Hong Kong em 2013 (Lau et al., 2013). Pertencente à família Paramyxoviridae, o PPIV-1 é um vírus identificado recentemente, e acredita-se que esteja associado a patologias respiratórias leves em suínos. Historicamente, alguns vírus pertencentes a essa família atuam como importantes patógenos que causam infecções respiratórias em humanos e animais domésticos e de produção como bovinos, suínos e aves (Li et al., 2016; Park et al., 2019). ). A família Paramyxoviridae compreende, inclusive, patógenos de importância zoonótica. Ou seja, patógenos importantes também para a saúde humana.

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Após a primeira notificação em Hong Kong, o vírus foi detectado em outras localidades produtoras de suínos dos Estados Unidos (Palinski et al., 2016; Park et al., 2019), na América Latina (Agüero et al., 2020) e em diferentes regiões da Europa (Denés et al., 2020; Schuele et al., 2021). A identificação em diferentes regiões pode sinalizar para uma disseminação do agente viral por diferentes continentes.

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Fonte: cargill.com

Sinais clínicos

Os sinais clínicos da infecção por PPIV-1 nos animais ocorrem por a partir de desordens respiratórias como tosse, espirros leves e secreção serosa (Palinski et al., 2016). Porém, esses sinais clínicos são comuns aos mais diversos patógenos respiratórios. Dessa forma, a patogenicidade e a sintomatologia do vírus da parainfluenza suína tipo 1 ainda não foram completamente elucidadas. Além disso, ainda são desconhecidas as implicações produtivas da infecção por esse patógeno respiratório. Acredita-se que o vírus da PPIV-1 seja um dos agentes envolvidos na síndrome respiratória suína devido à similaridade dos sinais clínicos (Park et al., 2019).

Um fato interessante a respeito do PPIV-1 é que o vírus compartilha uma parte bastante significativa do seu genoma com outros vírus de importância para a saúde humana e para a produção animal. Dentre esses o vírus da parainfluenza tipo 1 (HPIV-1) e o Sensai virus (SeV), sendo o último de importância zoonótica (Lau et al., 2013; Palinski et al., 2016). O vírus da parainfluenza suína tipo 1 é um patógeno recente na produção de suínos, isso se prova devido ao fato de sua patogenicidade não ter sido completamente compreendida. Adicionalmente, não foram relatados casos de infecção em humanos por PPIV-1, portanto seu potencial zoonótico permanece desconhecido.

Família Paramyxoviridae e o potencial zoonótico

A família Paramyxoviridae compreende vírus que apresentam um grande e variado número de hospedeiros. Esses patógenos apresentam capacidade para infectar animais vertebrados, desde peixes até mamíferos, sendo principalmente transmitidos pelas vias respiratórias (Lambs e Parks, 2013). As manifestações mais comuns de infecção por vírus pertencentes a essa família se dão a partir de sintomas respiratórios. Além disso, estes apresentam elevado potencial para infectar outros hospedeiros (Welch et al., 2017), gerando infecções interespécie. Dentre os possíveis hospedeiros está a espécie humana.

Apesar do potencial zoonótico dos vírus pertencentes à Paramyxorividae, o PPIV-1 só foi identificado em suínos domésticos até o momento. Historicamente, diversos paramyxovírus, como o vírus do sarampo, circulam pela humanidade há séculos, causando mortalidade e morbidade (Furuse et al., 2010). Ainda não foram notificados casos de infecção por PPIV-1 em humanos, contudo a similaridade do genoma com outros importantes patógenos virais humanos, ou de potencial zoonótico, é um assunto que demanda cautela e compreensão. Especialmente devido a quantidade de pessoas empregadas em rotinas de contato direto com suínos nos sistemas de produção.

PPIV-1: identificações e co-infecções

Após a primeira notificação de infecção pelo PPIV-1 em 2013, o patógeno foi encontrado em outros países. Ainda no ano de 2013 foi identificada a presença do PPIV-1 em áreas de produção de suínos dos Estados Unidos como Carolina do Norte, Illinois, Iowa e Oklahoma (Sun et al., 2013), indicando uma possível disseminação do vírus para o continente americano.

Posteriormente, no ano de 2016, suínos nas fases de crescimento e terminação que apresentavam sinais clínicos como tosse moderada, espirros leves e secreção nasal serosa foram submetidos a diversos testes. Como resultado, identificou-se a presença do vírus PPIV-1 nos estados americanos do Illinois, Oklahoma e posteriormente em Nebraska (Palinski et al., 2016). Alguns animais testados para PPIV-1 apresentam co-infecções com outros importantes patógenos respiratórios para suínos, como a influenza suína tipo A e a PRRSV (Vírus da síndrome reprodutiva e respiratória dos suínos). Nestes testes, alguns animais que apresentaram resultados positivos para PPIV-1 e/ou outros patógenos simultaneamente, não apresentavam sintomas respiratórios.

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Welch et al. (2018) realizaram um experimento em dois grupos: controle (animais não inoculados) e inoculados com PPIV-1. O grupo de suínos inoculados adquiriu a doença e uma parcela desses indivíduos apresentou sinais clínicos. No mesmo experimento, o grupo de animais não inoculados e localizados a uma distância de 60 centímetros do grupo inoculado, adquiriu o vírus. Foi observado que, apesar da alta taxa de infecção, não houve mortalidade nem morbidade causadas por ação viral. Mas também ficou evidente a alta capacidade de disseminação do patógeno.

Apesar das poucas informações sobre o PPIV-1, acredita-se que a transmissão tenha ocorrido pelo contato das vias respiratórias de animais sadios com aerossóis contaminados emitidos por animais infectados. Essa transmissão é característica à família, pois esses vírus infectam as vias respiratórias dos hospedeiros.

Fonte: cast-animal-health.com

Considerações finais

A patogenicidade do PPIV-1 ainda não foi completamente compreendida. Também são desconhecidos os possíveis impactos da sua presença nos sistemas de produção de suínos. Porém, o PPIV-1 está associado à presença de outros importantes agentes virais como a influenza suína tipo A ou a PRRSV. Esse fato é um importante indicativo da necessidade do entendimento da dinâmica desse patógeno e da sua contribuição para o complexo respiratório suíno, por exemplo.

Ainda, o PPIV-1 partilha uma significativa porção do seu genoma com importantes agentes virais responsáveis por acometer tanto humanos quanto animais de produção. Isso se soma a capacidade dos vírus pertencentes à Paramyxoviridae de realizar infecções interespecíficas, possuindo um elevado número de hospedeiros. A inespecificidade desses agentes virais demonstra o alto potencial zoonótico da família. Mesmo que PPIV-1 seja um vírus com identificações apenas em suínos domésticos até o momento, o potencial zoonótico desse patógeno ainda permanece desconhecido, demandando muita cautela, observações e estudos a respeito do tema.

Referências:

AGÜERO, B. et al. First report of porcine respirovirus 1 in South America. Veterinary Microbiology, v. 246, p. 108726, jul. 2020.

DÉNES, L. et al. First report of porcine parainfluenza virus 1 (species Porcine respirovirus 1) in Europe. Transboundary and Emerging Diseases, v. 68, n. 4, p. 1731–1735, jul. 2021.

LAU, S. K. P. et al. Identification and characterization of a novel paramyxovirus, porcine parainfluenza virus 1, from deceased pigs. Journal of General Virology, v. 94, n. 10, p. 2184–2190, 1 out. 2013.

LI, W. et al. Pathogenicity and horizontal transmission studies of caprine parainfluenza virus type 3 JS2013 strain in goats. Virus Research, v. 223, p. 80–87, set. 2016.

PALINSKI, R. M. et al. Widespread detection and characterization of porcine parainfluenza virus 1 in pigs in the USA. Journal of General Virology, v. 97, n. 2, p. 281–286, 1 fev. 2016.

PARK, J. Y. et al. Detection, isolation, and in vitro characterization of porcine parainfluenza virus type 1 isolated from respiratory diagnostic specimens in swine. Veterinary Microbiology, v. 228, p. 219–225, jan. 2019.

SCHUELE, L. et al. First detection of porcine respirovirus 1 in Germany and the Netherlands. Transboundary and Emerging Diseases, p. tbed.14100, 5 maio 2021.

WELCH, M. et al. Porcine Parainfluenza Virus Type 1 (PPIV-1) in U.S. Swine: Summary of Veterinary Diagnostic Laboratory Data. Ames (Iowa): Iowa State University, 1 jan. 2017. Acesso em: 15 nov. 2021.

WELCH M. et al. Pathogenesis of a porcine parainfluenza virus-1 isolate (USA/MN25890NS/2016) in conventional and CDCD piglets. In 51st American Association of Swine Veterinarians Annual Meeting, p. 46-50. 2020.

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