O que é coccidiose e quais seus impactos na avicultura?

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O que é a coccidiose?

A coccidiose é uma doença infecciosa que acomete tanto animais domésticos quanto selvagens. Causada por um parasita intestinal, o gênero de maior importância para a avicultura é Eimeria spp.

São acometidas pelo protozoário parasita as aves de produção como frangos de corte, matrizes, galinhas poedeiras e perus, sendo uma doença fortemente relacionada a sistemas de criação mais intensivos caracterizados pela alta densidade de animais alojados.

Impactos econômicos

Os impactos da infecção por Eimeria spp. são os mais variados, tendo sido discutidos efeitos negativos como aumento da mortalidade, redução da absorção e ineficiência no uso de nutrientes, queda da curva de crescimento e decréscimo da produção de ovos em galinhas poedeiras (Delloul & Lillehoj, 2005).

A indústria avícola é a mais afetada pela coccidiose, sendo estimadas perdas acima dos 800 milhões de dólares ao ano em função da doença na cadeia da avicultura como um todo (Williams et al., 1999).

Eimeria spp.
Ciclo de vida da Eimeria. Fonte: orffa,com

As espécies de Eimeria sp. são específicas ao hospedeiro, ou seja, espécies que infectam frangos de corte não são as mesmas responsáveis por infectar perus por exemplo. Além da especificidade, as diferentes espécies de Eimeria colonizam porções distintas do trato gastrointestinal das aves.

A nível de sistemas produtivos, pode ser comum a existência de mais de uma espécie de Eimeria em um mesmo galpão de criação, portanto a infecção por coccidiose pode ocorrer por múltiplas espécies simultaneamente, que colonizarão porções diferentes do intestino (Bozkurt et al., 2014), podendo acarretar em perdas por infecções somadas.

Transmissão

A transmissão por coccidiose se dá de um hospedeiro para os demais e ocorre a partir da ingestão de oocistos presentes na cama.

Animais infectados liberam os oocistos via fezes no ambiente; estes, por sua vez, são ingeridos por animais sadios colonizando seu intestino, tendo seus oocistos excretados via fezes e completando o ciclo de infecção (Noeck et al., 2019).

Ciclo de vida

Oocisto não-esporulado (E) e esporulado (D). Fonte: You (2014).

Os oocistos excretados via fezes estão na sua forma não esporulada, portanto não são infectantes. A esporulação – “amadurecimento” – ocorre, em média, passadas 24h da excreção na cama. Sua esporulação está condicionada a condições de temperatura e umidade.

Os animais sadios ingerem os oocistos que, quando esporulados, colonizam o trato gastrointestinal. O ciclo endógeno (dentro do animal) dura em média 5 dias, podendo variar de acordo com a espécie de Eimeria. Após 5 dias, são excretados oocistos não esporulados que reiniciarão o ciclo.

Leia também: O papel das micotoxinas na nutrição de ave e suínos

A patogenicidade destes parasitas intestinais depende de diversos fatores, dentre eles o estado imune do hospedeiro, sua idade no momento da infecção e seu perfil genético (Delloul & Lillehoj, 2006).

Diferentes sítios de ação das diferentes espécies de Eimeria sp. Fonte: ergomix.com
Estratégias de controle – manejo

Dentre as estratégias para a redução da disseminação da coccidiose em galpões de produção pode-se citar o manejo da cama. A partir do revolvimento, ocorre a aeração do material e substituição da cama compactada (possivelmente infectada) por uma nova.

Outras práticas importantes são a higienização constante de utensílios utilizados no manejo, bem como higienização de calçados e roupas de funcionários.

De maneira geral, aspectos básicos como a higiene, sanitização e protocolos de biosseguridade – que limitem o acesso humano às instalações, contribuem para o controle da coccidiose em sistemas de produção (Champman et al., 2014)

Estratégias de controle – medicamentos

O uso profilático de coccidiostáticos também é uma importante ferramenta para controle da coccidiose em sistemas produtivos. Atuando sobre as membranas celulares dos oocistos e inviabilizando-os, os coccidiostáticos são fornecidos junto ao alimento e podem ser do tipo ionóforos, sintéticos ou químicos.

Fatores como a resistência microbiana, bem como doses tóxicas (acima da recomendação) devem ser observados na administração de coccidiostáticos.

Conclusões

A coccidiose é uma das principais doenças da avicultura atualmente, responsável por gerar enormes perdas e reduzir a competitividade da cadeia, em especial em estabelecimentos sem programas de controle.

Apesar das boas respostas pelo uso profilático de coccidiostáticos, a resistência dos microrganismos aos princípios ativos é um item que demanda atenção no manejo, contribuindo para o desafio do controle da doença em aves de produção.

A harmonia entre práticas de manejo, protocolos de biosseguridade e o uso de medicamentos são importantes pilares para a manutenção da sustentabilidade da cadeia avícola quando se busca reduzir perdas por coccidiose.

Referências

Bozkurt, M., Aysul, N., Küçükyilmaz, K., Aypak, S., Ege, G., Catli, A. U., … & Çınar, M. (2014). Efficacy of in-feed preparations of an anticoccidial, multienzyme, prebiotic, probiotic, and herbal essential oil mixture in healthy and Eimeria spp.-infected broilers. Poultry science, 93(2), 389-399.

Chapman, H. D. (2014). Milestones in avian coccidiosis research?: A review Citing articles via. Poultry Science, 93, 501–511.

Dalloul, R. A., & Lillehoj, H. S. (2005). Recent Advances in Immunomodulation and Vaccination Strategies Against Coccidiosis. Avian Diseases, 49(1), 1–8.

Dalloul, R. A., & Lillehoj, H. S. (2006). Poultry coccidiosis: Recent advancements in control measures and vaccine development. Expert Review of Vaccines, 5(1), 143–163.


Kamel, A. H., Kalifa, M. E., Abd El-Maksoud, S. A., & Egendy, F. A. (2014). Fabrication of novel sensors based on a synthesized acyclic pyridine derivative ionophore for potentiometric monitoring of copper. Anal. Methods, 6(19), 7814–7822.


Noack, S., Chapman, H. D., & Selzer, P. M. (2019). Anticoccidial drugs of the livestock industry. Parasitology Research, 118, 2009–2026


Williams, R. B. (1999). A compartmentalised model for the estimation of the cost of coccidiosis to the world’s chicken production industry. International Journal for Parasitology, 29(8), 1209–1229.

You, M.-J. (2014). Suppression of Eimeria tenella Sporulation by Disinfectants. The Korean Journal of Parasitology, 52(4), 435–438.

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