Na bovinocultura de corte, o pecuarista irá receber em cima do peso da carcaça do seus animais. Para começar vamos definir o que é Carcaça: é o peso do animal abatido, sangrado, esfolado, eviscerado, desprovido de cabeça, patas, rabada, órgãos genitais externos, gordura perirrenal e inguinal, ferida de sangria, medula espinhal, diafragma e seus pilares.
O que realmente importa para o produtor vai ser o Rendimento de Carcaça (RC), que é obtido através da seguinte conta: RC= (Peso da carcaça quente/Peso vivo)*100.
Mas alguns fatores interferem para que esse rendimento seja menor no Brasil, se comparado por exemplo com os EUA:
-Raça: No Brasil possui muitas diversidades, cruzamentos, que muitas vezes não é interessante para esse ganho, se comparado com os EUA que por exemplo faz uso da raça Angus puro; —
– Acabamento junto com o Peso Vivo: Enquanto lá fora os animais são abatidos com 600 kg, aqui no nosso país, são abatidos com uma média de 450 kg;
-Regime alimentar: Uma dieta alta em concentrados, garante maior ganho de peso para os animais, porém o Brasil tem como principal sistema a produção em pastagem.
-Idade: No nosso país os animais vão para o abate em diversas idades, não segue um padrão.
O nosso país já não tendo meios propiciosos para um rendimento maior, ainda possui um regulamento chamado de TOALETE, que na prática não é realizado da forma que deveria ser (na teoria o Toalete seria a retirada de tecidos que podem comprometer a qualidade sanitária da carcaça). Na prática as industrias frigoríficas fazem descontos a mais das carcaças, como por exemplo a retirada excessiva de gordura. E claramente que esse desconto vai pesar no bolso do produtor.
Um exemplo é um resultado da Tese de Doutorado da professora Fabrícia, apresentado no Agroverdades, que nos mostra que o rendimento de carcaça de um macho inteiro foi de 52,14%, sendo que foi descontado 9,98 kg de gordura, dando um prejuízo de R$108,24.
Claramente isso desamina o produtor a fazer um animal com acabamento melhor, pois mesmo recebendo por esse feito, ele terá uma maior perda também em relação a gordura, o que no final acaba não compensando.
O grande problema de denúncias, é que a justiça pode intervir e obrigar as industrias a parar com esses descontos (pois não é constado no regulamento), porém também ocorre o risco desses frigoríficos fecharem as portas e irem para outros lugares, prejudicando assim diretamente o produtor ( que infelizmente acaba ficando na mão do sistema comercial).
O Ministério da Agricultura ( que infelizmente não se interessa tanto por esse assunto) deve interceder para que o regulamento Toalete seja revisto, de modo que seja harmônico tanto para os frigoríficos quanto para os pecuaristas.