A acidose ruminal, também chamada de acidose lática é um distúrbio metabólico resultante de mudanças abruptas no pH ruminal ocasionadas por uma rápida fermentação de carboidratos altamente fermentáveis, fornecidos normalmente de forma ad libitum (A vontade). Esse distúrbio está presente em sua grande maioria em confinamentos no qual a proporção de concentrados são bem mais elevadas do que a de volumosos, alimento natural e com grande importância fisiológica para os animais ruminantes.
Porque ocorre tais mudanças abruptas?
Para atender as altas exigências nutricionais dos animais de produção, cada dia se usa mais alimentos concentrados, ou seja, alimentos com alto teor energético, sendo o milho o mais utilizado no Brasil. O problema é que o rúmen tem uma diversa microbiota, e que em estado fisiológico normal, tem um pH na faixa dos 5,5 – 7,0 , além do equilíbrio entre bactérias celulolíticas ( pH 6,2-7,0 ), amilolíticas (5,5-6,6), protozoários e fungos. Quando o animal consome uma grande quantidade desses carboidratos não estruturais (CNE), as bactérias amilolíticas se sobressaem fermentando rapidamente amido e açúcares em CO2, H2, Lactato etc… Quando a quantidade dos CNE é demasiado há uma grande produção de lactato que reduz rapidamente o pH, logo, as bactérias celulolíticas começam a ficar inativas, e começa a defaunação dos protozoários ( ausência dos mesmos no rúmen). Com isso, bactérias oportunistas ( Lactobacilus sp. por exemplo) e com baixo pH favorável a suas atividades começam a se multiplicar e fermentar ainda mais os CNE em lactato, fazendo com que o pH fique < 5,5. Talvez fique mais fácil de entender com a imagem 1.
Entenda melhor a microbiologia ruminal aqui.
Quais os impactos ?
A acidose pode ser aguda ou crônica, a primeira pode levar a ulcerações das mucosas ruminais, desidratação, paraqueratose, abscessos hepáticos ( Imagem 2 ), acidose metabólica e até a morte do animal. Entretanto, a crônica ou acidose silenciosa, pode gerar mais danos econômicos, já que a queda do pH não é tão drástica quanto a aguda, e logo fica mais difícil de identificar os sinais, reduzindo o consumo voluntário e o desempenho produtivo.
Como prevenir ?
Primeiro ficar atendo as dietas, principal ocasionador do distúrbio, ou seja, se vai terminar os animais confinados em dietas concentradas, que seja feita uma adaptação correta para a transição volumoso concentrado… Pode-se também usar aditivos como os ionóforos, e tamponantes, porém nunca podemos esquecer que ruminantes precisam ruminar, e que isso não tem a ver só com a parte produtiva-econômica, e sim com o bem estar dos animais, produzindo assim carne de qualidade e passando segurança para os consumidores.
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Referências:
- Livro nutrição de ruminantes – 2° edição – Berchielli/Pires/Oliveira – Editora funep. SP
- Imagem 2 – http://nelsonferreiralucio.blogspot.com/2015/10/abscesso-hepatico-em-bovino.html
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