O que é acidose ruminal e como minimizar sua ocorrência?

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acidose ruminal

“A acidose ruminal é uma doença metabólica que afeta negativamente a saúde e a produtividade de bovinos de corte e leite” (Nocek,1997; Owens et al., 1998 apud MCLAUGHLIN, C.L. et al, 2009). A mesma pode ocorrer de duas maneiras diferentes, sendo a acidose aguda e a acidose subaguda.

Normalmente, a acidose aguda ocorre quando há o consumo de dietas com excesso de carboidratos não fibrosos (amido e açucares) ou ainda devido ao consumo em grande quantidade de alimentos com alto teor fermentativo.

Em outras palavras, a fermentação microbiana de elevadas quantidades de carboidratos gera o aumento da produção de ácidos graxos voláteis (AGV) podendo comprometer a eficiência do rúmen em manter o pH favorecendo o crescimento de bactérias que produzem lactato.

Segundo Kozloski (2019) a principal espécie bacteriana produtora de lactato é a Streptococcus bovis, a qual é relativamente a mais resistente a acidose ruminal que as demais bactérias ruminais. O lactato é um ácido mais forte (pK=3,1) que os demais AGV (pK=4,8) e sua acumulação no rúmen está associado a uma disfunção digestiva e metabólica (acidose).

A distinção entre a acidose aguda e a acidose subaguda é comumente realizada por meio do nível de pH absoluto ou pH limiar por um período específico. Dessa forma, acidose subaguda é geralmente definida utilizando um pH variando de 5,0 a 5,5 podendo as vezes ser utilizado um pH de 5,8.  Em contrapartida, na acidose aguda é estabelecido um pH de 5,0 ou inferior com aumento da concentração de lactato (MCLAUGHLIN, C.L. et al, 2009)

Leia também: Digestão e absorção do amido

Algumas estratégias são utilizadas na tentativa de evitar ou até mesmo controlar a acidose:

Para animais que recebem a ração completa é necessário que haja uma quantidade de fibra efetiva suficiente para promover a estimulação da mastigação, visto que isso aumenta a produção de saliva, que atua como um tamponante no rúmen e evita muitas flutuações de pH.

O bicarbonato de sódio ( SB ) é um importante tampão do pH ruminal (Erdmann, 1988 apud MCLAUGHLIN, C.L. et al, 2009). O bicarbonato de sódio entra no rúmen através do aumento da salivação durante a mastigação e é rotineiramente adicionado às rações de vacas leiteiras para evitar a diminuição do pH ruminal (Erdmann et al.,1998 apud MCLAUGHLIN, C.L. et al, 2009).

A utilização de um inibidor de α-amilase e glicosidase, reduz a taxa de degradação do amido pela amilase em maltose e depois em glicose. Portanto, a produção de ácidos graxos voláteis é diminuida e o pH ruminal pode permanecer em um nível mais elevado. 

Em alguns experimentos foi testado utilizando um modelo de desafio de acidose aguda (NAGARAJA et al., 1985 apud MCLAUGHLIN, C.L. et al, 2009 a eficácia acarbose em controlar o pH ruminal.

Nesses experimentos foi constatado que a acarbose é um inibidor de α-amilase/glicosidase que controla a acidose aguda modulando a taxa de AGV e produção de lactato.  Além disso, a acarbose foi mais eficaz que a monensina ou o bicarbonato de sódio no controle do pH ruminal (MCLAUGHLIN, C.L. et al, 2009).

Por fim, a utilização de ionóforos para o controle de pH pode ser bastante eficaz. A adição do mesmo nas dietas causa a inibição de bactérias produtoras de ácido lático e favorece as espécies produtoras de ácido propiônico, ou seja, além de auxiliar no controle do pH também favorece na produção de precursores de energia.

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Referências

MCLAUGHLIN, C.L.; THOMPSON, A.; GREENWOOD, K.; et al. Effect of acarbose on acute acidosis. Journal of Dairy Science, v. 92, n. 6, p. 2758–2766, 2009. Disponível em: < journalofdairyscience.org >. Acesso em: 8 Fevereiro de 2022.

KOZLOSKI, G. V. Bioquímica dos ruminantes. 3. ed. Santa Maria-RS: editora ufsm, 2019.
v. 2. 212 p.

PEDROSO, Alexandre M. Acidose ruminal: causas e soluções. Milkpoint.com.br. Disponível em: < milkpoint.com.br >. Acesso em: 8 de fevereiro de 2022.

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