O genótipo das fêmeas modernas apresenta uma marcante disparidade em termos de perfil produtivo e metabólico quando comparado aos genótipos existentes há duas ou três décadas. As linhagens maternas atuais destacam-se por um aumento de 6 a 7 leitões nascidos no total nos últimos 20 anos.
Mas será que esse aumento só representa ganhos? Vamos pensar!
O aumento no tamanho das ninhadas leva a um prolongamento do período de parto, ocasionando natimortos e distocia, comprometendo a saúde puerperal da fêmea. Adicionalmente, também há uma redução na quantidade de colostro disponível por leitão, enquanto o número de leitões nascidos vivos ultrapassa o número de tetos funcionais. Assim, as ninhadas maiores também representam consideráveis desafios durante os períodos puerperal e de lactação.
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Mas vamos às estratégias para otimizar o parto da fêmea suína! Atualmente, existem diferentes abordagens, cada uma com uma indicação específica, sendo importante realizar uma avaliação de cada caso.
Embora os uterotônicos, como a ocitocina ou seus análogos, possam diminuir a duração do parto, estudos já demonstraram que a administração durante o processo inicial resulta em um aumento na taxa de natimortos. No entanto, de maneira geral, os estudos sobre uterotônicos não levaram em conta as necessidades individuais, como a avaliação do canal do parto, por exemplo. Dessa forma, o indicado é que o uso de uterotônicos deve ocorrer na ausência de obstrução, na presença de contrações fracas e após a implementação de outras medidas de assistência ao parto.
Outra questão muito importante é o estado energético e o estado de constipação da fêmea no momento do parto. Comumente, são alimentadas uma vez por dia antes do parto, resultando em períodos prolongados de baixa disponibilidade de energia. Isso é desafiador, pois o parto demanda considerável energia, especialmente das fêmeas hiperprolíficas. A constipação alguns dias antes do parto, devido ao baixo consumo de ração e baixo teor de fibra, pode resultar em partos prolongados. Nesse cenário, a restrição alimentar pré-parto contribui para a hipoglicemia, reduzindo a energia disponível para as contrações intensas necessárias pelo útero e músculos abdominais, e a constipação pode obstruir o canal do parto.
É crucial alimentar adequadamente as fêmeas durante a transição do final da gestação para o início da lactação, assegurando o crescimento fetal e mamário adequado, bem como uma boa produção de colostro. A introdução de fibras na dieta antes do parto pode amenizar a constipação, apresentando impacto no processo de parto e na sobrevivência dos leitões recém-nascidos. Assim, o segredo é apostar em uma boa estratégia alimentar que forneça energia suficiente para o parto e para a produção de leite e colostro, reduzindo o estado de constipação, bem como realizar uma avaliação individual e analisar a necessidade de uma intervenção manual e/ou hormonal.
É importante ressaltar que todas essas ações vão contribuir para uma melhoria do estado de bem-estar da fêmea suína gestante no momento do parto!
Referência: BORTOLOZZO, Fernando Pandolfo et al. Managing Reproduction in Hyperprolific Sow Herds. Animals, v. 13, n. 11, p. 1842, 2023.
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