A suinocultura representa uma grande movimentação da economia brasileira, visto que desempenha um papel significativo na indústria alimentícia, fornecendo carne para o mercado nacional e internacional. Contudo, o setor está intimamente ligado ao mercado de grãos devido a composição da alimentação dos suínos. Dessa forma, o setor fica sujeito da oscilação de preços dessas commodities. Nos últimos anos, os custos principalmente do milho e farelo de soja aumentaram consideravelmente devido a diversos eventos como a COVID-19 e conflitos geopolíticos.
Com o aumento do preço de ingredientes convencionais a busca por alternativas viáveis se torna cada vez mais frequente. Atrelado a isso, tem-se uma das fases mais críticas e custosas para as granjas, devido à necessidade de formulações diferenciadas para estimular o consumo dos leitões recém desmamados. Isso se deve, principalmente, por se tratar do momento mais crítico e estressante dentre as fases de produção, uma vez que envolve a separação do leitão da matriz, bem como a privação do leite materno.
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Dessa forma, a transição desses animais da maternidade para a creche representa um desafio nos primeiros dias, dado que, o estresse da separação combinado com a mudança de ambiente, mudança de alimentação e hierarquia acaba ocasionando a redução do consumo desses animais, acarretando em baixo ganho de peso e redução no desempenho. Desse modo, com o intuito de assegurar um melhor desempenho desses animais, a utilização de produtos de baixo custo como a mandioca torna-se uma alternativa, principalmente após passarem por um processo de fermentação tornando o produto de maior qualidade (GONZAGA et al., 2018).
No Brasil, cerca de 12 milhões de toneladas de mandioca (tubérculo e subprodutos) são produzidas anualmente, tendo grande potencial para uso em rações de suínos, com substituição total o parcial do milho (SILVA & MEDEIROS, 2021).
Um estudo conduzido por Gonzaga et al. (2018), avaliou a inclusão de diferentes níveis de fermentado de mandioca na dieta de leitões. Os autores concluíram que a utilização do fermentado de mandioca não apresentou diferença significativa nos parâmetros avaliados em relação aos grãos, demonstrando que o mesmo pode ser uma substituição viável na alimentação de leitões.
De maneira semelhante, Silva e Medeiros (2021), avaliaram a utilização do fermentado de mandioca e vinhaça na alimentação de suínos na fase inicial. Neste estudo, foram avaliados três tratamentos distintos com a inclusão de 0%, 25% e 50% de fermentado de mandioca e vinhaça. Os autores constataram que a inclusão a 25% do fermentado e vinhaça na ração teve um desempenho superior em comparação a substituição de 50% e que o mesmo é uma alternativa viável para alimentação animal.
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Perante os desafios enfrentados pela suinocultura, especialmente na fase crítica do desmame, a busca por alternativas viáveis tanto quanto as commodities, tornam-se cada vez mais importantes. Nesse contexto, o uso da mandioca tem se destacado como uma opção promissora. Além disso, no Brasil há ampla disponibilidade da mandioca, milhões de toneladas são produzidas anualmente, isto só reforça o potencial que esta cultura tem na alimentação animal.
Em conclusão, a utilização da mandioca fermentada na alimentação de suínos na fase inicial representa uma estratégia promissora para reduzir os custos com a dieta. Os estudos mencionados reforçam essa afirmativa, demonstrando que a mandioca pode ser sim uma alternativa para substituição parcial ou total dos grãos convencionais.
REFERÊNCIAS
GONZAGA, P. R. do N. et al. Avaliação do desempenho e saúde dos leitões alimentados com inclusão do fermentado de mandioca na dieta inicial. In: ZOOTEC Congresso Brasileiro de Zootecnia. Goiânia-GO: [s.n.], 2018.
SILVA, A. H. D., MEDEIROS, S. L. dos S. Use of cassava fermented in the feeding of pigs in the initial phase. Brazilian Journal of Development, 7(12), 119729–119742, 2021.