O conhecimento geral dos alimentos e dos diferentes níveis produtivos é primordial para os sistemas de alimentação animal. No entanto, não se deve restringir esse conhecimento apenas à capacidade dos animais de absorção dos nutrientes desses alimentos, mas considerar também, a eficiência com que
são absorvidos e convertidos em carne, leite e outros produtos. Entretanto, aspectos como a reduzida disponibilidade, a baixa qualidade dos alimentos e a presença de substâncias anti-nutricionais no período seco resultam na baixa produtividade dos rebanhos.
Estas substâncias antinutricionais representam uma defesa da planta à herbivoria e afetam diretamente o consumo e digestibilidade do alimento, acarretando em baixa ingestão de forragem e perda de peso, causando uma diminuição da produtividade animal (CORDÃO et al., 2015).
Um tipo de substância anti-nutricional bastante encontrada nas forrageiras é representado pelos taninos, que são substâncias fenólicas com variados pesos moleculares e complexidade. São classificados como hidrolisáveis e condensados, dependendo do seu arranjo estrutural.
Os taninos possuem a capacidade de complexar proteínas e outras macromoléculas. Considera-se que essas substâncias apresentam efeitos adversos e benéficos, dependendo da sua concentração e natureza, assim como da espécie, estado fisiológico do animal e composição da dieta (KUMAR e SINGH, 1984).
Leia também: Ácido propiônico: uso na produção de silagem de milho
A presença de baixas concentrações de taninos na dieta pode ser usada como potencial modulador da fermentação ruminal. A síntese de proteína microbiana, geralmente, é aumentada na presença de taninos (MAKKAR, 2003). Um décrescimo na taxa de digestão ruminal acarretada pelos taninos pode contribuir para uma melhor sincronização da liberação dos nutrientes e consequentemente, aumento na eficiência da síntese de proteína microbiana (GETACHEW et al., 2000).
Apesar dos taninos diminuirem a disponibilidade de nutrientes, eles causam uma mudança na partição desses, carreando a maior proporção dos nutrientes disponíveis para a síntese de massa microbiana e menos para produção de ácidos graxos de cadeia curta (MAKKAR, 2003).
A diminuição da solubilidade da proteína e da produção de gás no rúmen com o uso de taninos pode ser uma ferramenta para diminuir a ocorrência de timpanismo em animais que consomem alfafa ou gramíneas de clima temperado no início do crescimento, além de possuírem efeito anti-helmíntico.
Forrageiras de clima tropical e temperado que contêm taninos condensados têm sido pesquisadas por sua provável capacidade de diminuir a produção de metano. A ação dos taninos condensados na metanogênese pode ser atribuida a um efeito indireto, pela redução na produção de H2, como consequência da redução da digestibilidade da fibra e por um efeito inibitório direto na população metanogênica.
Acesse também nosso LinkedIn e nos siga: Zootecnia Brasil
Além disso, alguns trabalhos tem evidenciado que os taninos condensados podem exercer um efeito anti-helmíntico no trato gastrointestinal de ovinos contaminados com nematóides.
São vários os estudos de toxicologia de plantas e de determinação dos benefícios e malefícios dos taninos na nutrição animal. Isto decorre da necessidade de se conhecer as relações das estruturas dos taninos com outras moléculas e suas funções na ingestão e digestão, para então relacionar o potencial efeito positivo ou negativo que essas relações exercem no desempenho animal.
Referências
BERCHIELLI, T. T.; PIRES, A. V.; OLIVEIRA, S. G. Nutrição de ruminantes, 2ª Ed. Jaboticabal: FUNEP, 2006. 186 p.
Cordão, M. A., Pereira Filho, J. M., Bakke, O. A., & Bakke, I. A. (2015). Taninos e seus efeitos na alimentação animal – Revisão bibliográfica. Pubvet, 4(32).
GETACHEW, G. et al. Tannins in tropical browses: effects on in vitro microbial fermentation and microbial protein synthesis in media containing different amounts of nitrogen. Journal of Agricultural and Food Chemistry, 48:3581, 2000.
KUMMAR, R. et al. Tannins, their adverse role in ruminant nutrition. Journal of Agricultural and Food Chemistry. 80:2045, 1997.
MAKKAR, S. A. et al. Potencial and limitations of in vitro gas method for studying the effects of plant defensive components on rumen fermentation. In: Proceedings of the Third International Workshop on Antinutritional Factors in Legume Seeds and Rapeseed, Wageningen, 1998.