De maneira geral, a Bioclimatologia Zootécnica é o estudo do efeito do clima sobre os animais de interesse zootécnico, objetivando entender as relações entre os elementos climáticos e a fisiologia animal.
O conforto térmico consiste em garantir as condições adequadas de temperatura em determinado ambiente, visando funcionamento adequado do organismo de cada animal – vale ressaltar que este é individual, variando de acordo com cada espécie e estágio de vida. Abaixo, segue uma lista com alguns dos principais índices avaliados na produção animal:
- temperatura
- umidade relativa do ar
- radiação solar
- vento
- nutrição
- sanidade
- genética
Como avaliar o conforto térmico?
Para a avaliação do conforto térmico, temos parâmetros baseados no animal e parâmetros baseados no ambiente.
Leia também: Sistema termorregulador e atributos morfológicos de adaptação
Parâmetros baseados no animal
Os mais comuns de trabalharmos são a temperatura retal e frequência cardíaca. Não podemos manejar o animal somente a olho, precisamos ter dados!
Parâmetros baseados no ambiente
Dentro das medidas ambientais, temos o conceito de “índices de adaptação e conforto térmico”, que servem para:
- Avaliar a influência do clima sobre a produção animal
- Variáveis climáticas e interações com os animais
- Predizer a resposta animal: o quanto influencia na produtividade
- Prever regiões mais adequadas para a exploração de determinada espécie: fazer um mapeamento de uma região nos permite “dizer” qual região é interessante para cada espécie
Conforto térmico em climas quentes
O estresse térmico por calor é um dos principais entraves na produção animal, tendo em vista que impactam negativamente em todos os segmentos da cadeia (nutrição, produção, reprodução, sanidade). O estresse baseia-se em alterações no organismo na tentativa de reagir às condiões ambientais expostas. Para contornar essa situação, temos as modificações ambientais.
As modificações ambientais são classificadas em primárias e secundárias, sendo a primeira de simples execução e a última com maior nível de sofisticação.
Primárias
- Lagoas de resfriamento: mais comumente para búfalos (trocam calor por condução) e pocilgas na suinocultura (lâminas de água corrente)
- Sombreamento natural: arborização (absorve 90% da radiação solar e diminui a temperatura do solo)
- Sombreamento artificial: sombrites (os mais utilizados são o de polipropileno: o ideal é que tenha uma malha de 60 a 80% de sombreado), palha, bambu, telha
- Ventilação natural: renovam o ar, retiram os gases (CO2, CO, NH3, H2S) e poeiras (ração e cama), removem o vapor de água (gerado pela respiração) e diminuem a temperatura de dentro das instalações.
Secundárias: manejo do microclima das instalações
- Ventilação mecânica/forçada: maior dissipação de calor, renovação mais uniforme do ar. Há o sistema de pressão positiva (ventiladores) e o sistema de pressão negativa (exaustores)
- Resfriamento evaporativo: reduz a temperatura do ar, mas aumenta a umidade relativa (não usar em ambientes com mais de 70% de umidade relativa) – reduz de 5 a 10°C
- Sistemas conjugados: nebulização + ventilação ou aspersão + ventilação
Conforto térmico em climas frios
O estresse térmico por frio também tem sua importância, pois, do mesmo modo que o estresse por calor, traz muitos prejuízos para a propriedade. Para essa situação, podemos seguir com algumas alternativas, como:
- Apriscos: abrigar cordeiros que acabaram de nascer
- Quebra-ventos: redirecionar o vento para não incidir diretamente no animal
- Planejamento alimentar: pensar em quantidade e qualidade
- Piquetes de parição: áreas protegidas
- Creep-feeding: permitir acesso somente aos mais novos, pensando na termogênese desses animais
E utilizar ferramentas, como:
Sistemas de aquecimento
- a lenha (natural ou pallets): simples ou fornalhas com ductos de distribuição do ar
- elétricos: campânulas e resistência embutida no piso
- a gás: campânulas
- não convencionais: cama sobreposta (suínos) e compost barn (bovinos)
Ventilação mínima/necessária
Tem como objetivo promover a troca de ar, sem o resfriamento dos animais (manter as condições).
Resumidamente, o ideal é que se mantenha os animais em sua zona de conforto térmico, proporcionando o equilíbrio e harmonia dentro do sistema de produção, garantindo-lhes bem-estar e potencial performance.
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