Raças ovinas produtoras de leite

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Dando continuidade à série sobre as raças, deixo aqui uma pergunta inicial descontraída: com quantos anos você descobriu que o clássico iogurte tipo grego é originalmente feito com leite de ovelha?

Pois é, essas e muitas outras surpresas sobre a produção leiteira na ovinocultura serão comentadas aqui, mas antes, vamos conhecer um pouco mais sobre esses animais tão especiais.

O primeiro entendimento neste setor, deve vir exatamente ao questionar aquela pergunta que fiz acima. Eu conheço os produtos que consumo?

PRODUÇÃO MUNDIAL

Segundo FAOSTAT 2019, a produção mundial em 2017 foi de 11.567.441 toneladas, onde a Ásia, dominando como maior produtora, representa 48,2% da produção de leite de ovelha (Gráfico 1).

Dentro do ranking dos dez maiores produtores, a Turquia ocupa o primeiro lugar com uma produção de 1.344.779 toneladas, representando 11,63% da produção mundial.

Tabela 1 – Produção leiteira de ovelhas, quantidade de animais ordenhados e produtividade nos dez maiores produtores mundiais, 2017.

RankingPaísProdução (ton l)Animais ordenhados (cab)Produtividade (l/cab/ano)
1Turquia1.344.77917.503.41476,83
2China1.166.80341.854.30227,88
3Grécia732.0956.862.122106,69
4República Árabe da Síria644.56111.464.96256,22
5Romênia527.5037.649.70068,96
6Espanha514.1982.272.620226,26
7Irã449.71813.250.27433,94
8Itália410.3805.129.74580
9Sudão403.39422.408.25018
10Somália380.0005.800.00065,52

No entanto ao observar o índice zootécnico, produtividade, ou seja, quantidade em litros de leite produzido por animal/ano, quem levou o primeiro lugar foi a Espanha com a marca de 226,26 l/cab/ano seguido da Grécia com 106,69 l/cab/ano, mostrando-se mais eficientes na atividade.

PRODUÇÃO BRASILEIRA

A ovinocultura leiteira é sim um mercado promissor e em expansão, que já possui muitos consumidores no país, porém como muito sofrido pela ovinocultura, é um mercado pouco difundido. Uma outra situação que se faz necessária acontecer é a separação dos dados caprinos dos ovinos. Apesar de serem ambos classificados como pequenos ruminantes, são animais distintos, com produções e características (marcantes) próprias.

Leia também: Criação de ovinos – Como iniciar?

Segundo o censo agropecuário de 2017 (IBGE), cerca de 750 estabelecimentos agropecuários declararam produzir leite de ovelhas, com 5,7 mil ovelhas ordenhadas e produzindo 1,72 milhões de litros de leite. Com essas informações é possível observar que a produtividade média obtida é de 300 l/cab/ano, ou seja, se mostra como um rebanho mais eficiente do que os acima comentados.

Esses rebanhos estão, em ordem decrescente, situados na região Nordeste (57,2%), seguido da região Sul (28,%), Centro-Oeste (6,9%), Sudeste (4,3%) e Norte (3,6%) (IBGE, 2012). E segundo Rohenkohl et. al. (2011), a produção de leite ovino, além do Rio Grande do Sul, alcança os estados de Santa Catarina e Minas Gerais e está associada, principalmente, a queijos e iogurtes. 

CARACTERÍSTICAS DO LEITE

O leite de ovelha apresenta riqueza em seus constituintes, quando comparado com o de outras espécies, portanto, apresenta um grande rendimento por litro de leite na fabricação, principalmente de derivados. As altas concentrações de sólidos totais presentes no leite permitem a formulação de queijos, iogurtes e manteigas, com rentabilidade superior à de outras espécies (Tabela 2).

Tabela 2 – Composição média dos nutrientes básicos em leite de ovelha, cabra, vaca e humano.

ComponenteOvelhaCabraVacaHumano
Gordura (%)7,93,83,64
Sólidos não gordurosos (%)128,998,9
Lactose (%)4,94,14,76,9
Proteína (%)6,23,43,21,2
Caseína (%)4,22,42,60,4
Albumina/Globulina (%)0,80,60,20,5
Nitrogênio não proteico (%)0,80,40,20,5
Cinzas (%)0,90,80,70,3
Energia (Kcal/100ml)105706968
Adaptado de: Park et al., 2007.

Para facilitar a visualização, esse quadro comparativo entre as produções bovina e ovina (Figura 1) nos apresentam algumas particularidades importantes da aplicação desse maior rendimento por litro.  

Figura 1 – Comparativo entre a produção leiteira bovina e ovina.

Os queijos de ovelha são fontes de proteínas, energia, gordura, minerais e vitaminas. Ricos em ácidos graxos de cadeias curta e média, além de C18:1 (ácido oléico) e C18:2 (ácido linoléico), que são benéficos à saúde. Entretanto, os componentes do leite e as condições em que se encontram nos queijos variam com o processo tecnológico utilizado (Raynal-Ljutovac et al., 2008; Bergamini et al., 2010). Além disso, devido ao perfil lipídico, ao tamanho dos glóbulos de gordura e aos altos teores de minerais (principalmente cálcio) e vitaminas (exceto a provitamina caroteno), o leite de ovelha torna-se mais saudável e de fácil digestão quando comparados ao leite bovino. Foram também identificados, neste alimento, peptídeos bioativos derivados de hidrólise enzimática das caseínas e das proteínas do soro, com propriedades antimicrobianas, antitrombóticas e auxiliares na prevenção de hipertensão arterial, além de outras funções (Park et al., 2007).

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Se pensarmos por um instante e, avaliando a Figura 1, podemos chegar a uma ideia bastante interessante junto a essa produção. Devido sua alta concentração de sólidos e por ser um produto diferenciado, não há necessidade de objetivar-se altos volumes de leite, uma vez que a ovelha é capaz de produzir, em menor período de lactação, um produto com maior capacidade de rendimento (pensando “antes da porteira”) e valor comercial (“depois da porteira”).

Com tudo, devido a essas características citadas, o leite de ovelha é produzido, em sua maioria, para a fabricação de derivados como queijo e, em menor escala, iogurte (Selaive, 2014; Santos, 2016).

PRODUTOS DA OVINOCULTURA LEITEIRA

Agora é que vem a resposta sobre: Eu conheço os produtos que consumo?

Como mencionado no início do texto, o clássico iogurte tipo grego, é originalmente feito com leite de ovelha. Fora esse, acompanhe a lista de produtos feitos a partir do leite ovino (Tabela 3).

Tabela 3 – Principais queijos de ovelhas típicos de determinadas regiões do mundo.

Informações sobre os tipos de queijo disponível aqui  

O mais famoso entre eles é o queijo Roquefort, um dos mais célebres queijos azuis*, seguido pelo queijo Feta, ambos feitos tradicionalmente e originalmente com leite ovino.

Queijo azul: são de origem francesa, caracterizado por sua textura macia e massa quebradiça de cor verde azulada, daí o seu nome. Esses queijos têm essa coloração devido ao fungo presente neles, o Penicillium roqueforti, também conhecido como Penicillium glaucum. Esse é um fungo benéfico para a saúde, pois ajuda a combater as bactérias nocivas ao nosso organismo.

Roquefort – Sua principal característica é o interior macio com veios azulados, além de sabor e aroma intensos. Seu período de maturação é de aproximadamente 90 dias.

Pecorino – De origem italiana, porém, dependendo da região em que é fabricado, tempo de maturação, bem como especiarias que são adicionadas, o queijo Pecorino é encontrado em três variedades: Romano, Sardo e Toscano.

Serra da Estrela – Produzido em Portugal, possui sabor amanteigado e curado, fez com que passasse a integrar uma das setes maravilhas da gastronomia do país. De coloração esbranquiçada, sua técnica de maturação é bem diferenciada: o queijo deve ser enrolado em um tecido branco e guardado pelo período de 30 dias.

Idiazábal – De origem espanhola, o queijo é produzido com leite de ovelha da raça basca Latxa, como também da raça Carranzana da Biscaia. Seu sabor apresenta notas de nozes o qual se desenvolve nos primeiros meses de maturação. É também bastante amanteigado e firme.

Manchego – Produzido na região de La Mancha, na Espanha, o queijo possui alto teor de gordura, aproximadamente 60%. É elaborado somente com leite de ovelha da raça Manchega. Sua coloração é amarelada, textura firme e sabor acentuado.

Graviera – O segundo queijo mais consumido na Grécia, sua produção iniciou-se na Era Romana, na Ilha de Creta. Seu sabor é ligeiramente adocicado com notas de caramelo, além de consistência firme. Seu período de maturação é no mínimo de 150 dias.

E dentre a variadas opções temos também queijos exclusivamente brasileiros, como por exemplo o Queijo Ovelha das Vertentes, Produzido no município de Itapecerica, em Minas Gerais, o queijo é elaborado 100% com leite de ovelha. Sua consistência é firme e, seu sabor picante e levemente amargo. Seu período de maturação é de 90 dias.

Quanto aos valores, em pesquisa realizada por Mozena et al., (2021), pode-se ter uma base a partir do um levantamento comparativo do preço dos queijos de ovelha e vaca em estabelecimentos comerciais de Curitiba – PR (Tabela 4).

Tabela 4 – Valores mínimos, máximos e médios, por quilograma, dos queijos de ovelha e vaca nacionais e importados, encontrados em estabelecimentos comerciais de Curitiba/PR.

Com relação aos outros derivados como iogurtes e doces, podem ser encontrados em um tradicional ponto localizado na Serra Gaúcha e que também está inserido no roteiro turístico Caminhos de Pedra, em Bento Gonçalves. O local conhecido como Casa da Ovelha disponibiliza produtos de origem ovina, on line. Onde 130 g de iogurte 0 % lactose, pode ser encontrado por R$11,00 (21/07/2022), assim como 50 g de doce de leite em barra por R$8,00 (21/07/2022).   

LEGISLAÇÃO

No Brasil, ainda não existe legislação específica para controle da qualidade do leite de ovinos, o que demonstra a necessidade de sua criação. Os produtos são registrados pela Divisão de Inspeção de Leite e Derivados (DILEI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com base em literatura científica e outras publicações, devido à inexistência de Regulamento Técnico específico (Merlin Junior, et al., 2015).

E é muito importante também frisar que para que essas legislações e afins aconteçam, existe um entrave anterior. O crescimento da cadeia no país é limitado principalmente devido a inexperiência dos produtores, falta de mão de obra especializada e falta de financiamento para investimento no setor, assim como uma organização da estrutura mercadológica e de plantas para que seja realizado um processamento correto.

PRINCIPAIS RAÇAS PRODUTORAS DE LEITE

Sobre as características raciais, nada melhor do que uma boa fonte para explicar com maior clareza, então para fins de referência, as informações raciais foram retiradas do site da ARCO – Associação Brasileira de Criadores de Ovinos. Sendo em alguns casos adicionadas informações relevantes.

Lembrando que aqui vamos falar apenas das principais raças, caso queira mais informações sobre alguma raça não listada aqui, por favor acesse o site da ARCO ou nos deixe como sugestão nos comentários.

LACOUNE

Raça francesa, deve seu nome aos montes Lacaune, no Tarn. Tem como origem os diversos grupos ovinos que existiam nos departamentos de L´Aveyron, Tarn e Limítrofes, o berço da raça situa-se na região produtora do leite destinado à fabricação do queijo Roquefort.

A raça Lacaune é considerada de aptidões mistas, uma vez que é explorada para a produção de leite (com o qual se fabricam queijos e outros derivados) e a carne proveniente de seus cordeiros de alta qualidade.

Na França, onde é criada em rebanhos relativamente importantes para a produção do queijo Roquefort, a raça Lacaune está muito bem adaptada à ordenha mecânica e quase a totalidade das ovelhas são ordenhadas a máquina.

Padrão racial

Cabeça: Muito fina, com chanfro um pouco comprido, perfil reto ou convexo e de secção triangular, a fronte é um pouco convexa, larga e curta. A cabeça está coberta de pelos muito finos, lustrosos, de coloração branca e prateada, os olhos são grandes, implantados altos na cabeça de coloração amarelo clara, com expressão viva.

Chifres: Apresenta ausência de chifres em ambos os sexos

Pescoço: Redondo e sem papada.

Corpo: Grande e comprido, com dorso reto e largo, especialmente ao nível da cruz, lombo e garupa, costelas cilíndricas, peito profundo descendo até abaixo entre os membros anteriores, a cola é cilíndrica suficientemente regular e comprida descendo até abaixo dos jarretes.

Úbere: Deve ser de bom tamanho, bem conformado, com boa implantação, bem constituído e os tetos devem ser de tamanho (assim permitindo a utilização de ordenhadeira mecânica).

Leite: Produção de 150 a 220 kg de leite em até 150 dias aproximadamente.

AptidõesDefeitos desclassificatórios
Não foram descritas no sitePeito deprimido
 Cruz pronunciada e em forma ogival
 Animal muito alto, de membros longos
 Lã pigmentada e presença de fibras meduladas
 Deve ser dada especial atenção à conformação e implantação do úbere.

BERGAMÁCIA

Formou-se no Norte da Itália, notadamente na Lombardia e no Piemonte, possivelmente originando-se de ovinos do Sudão em tempos remotos, segundo A Di Paravicini Torres. Deu origem ao grupo Alpino, mocho, de orelhas grandes e pendentes sendo conhecida ainda na Itália como Gigante de Bergamo e Bielesa.

Ovinos de grande porte, lanados, brancos, mochos, de múltipla utilidade no seu país de origem onde é utilizado para produção de carne, lã e leite, os machos adultos pesam entre 100 e 120 Kg e fêmeas adultas de 70 a 80 Kg.

Padrão racial

Cabeça: Grande, perfil ultra convexo, tanto na fronte como no chanfro, mocha, fronte estreita e saliente, orelhas pendentes, largas e compridas (atingindo, no mínimo, até a ponta do focinho), apresentando mucosas nasais, conjuntivas e lábios rosados, sendo permitida discreta pigmentação e cabeça é coberta por pelos curtos e brancos.

Chifres: Mocha.

Pescoço: Forte, alongado e com leve depressão na sua união com as espáduas.

Corpo: Comprido, cilíndrico, tórax largo e profundo, peito pouco proeminente, a linha dorso lombar deve ser reta e musculosa, o lombo geralmente é curto, garupa larga um pouco inclinada e arredondada, ventre longo, amplo (sem no entanto conferir ao animal o aspecto de barrigudo), devem ostentar um úbere bem desenvolvido e bem implantado com face ventral coberta de pelos curtos e brancos.

Leite: Produção em média de 250 kg de leite em até 160 dias aproximadamente.

AptidõesDefeitos desclassificatórios
Machos adultos com peso de 100 a 120 Kg, embora a carcaça não seja de grande qualidadePintas pretas ou marrons na cara, corpo e membros
Os cordeiros com bom desenvolvimentoPresença de chifres
Mães com boa produção de leite, atingindo lactações de até 250Kg com 6% de gordura, muito utilizado na Itália para a fabricação do queijo GorgonzolaPobreza de lã
Ovelhas muito proliferasPorte pequeno
A lã é de baixa qualidade, presta-se para a fabricação de tecidos grosseirosTronco curto
Ovinos rústicos, porém exigentes quanto a alimentação 
Fácil adaptação as condições climáticas do Centro e do Nordeste brasileiros 

EAST FRIESIAN OU MILCHSCHAF

Raça originária do Oeste da República Federal da Alemanha ao leste da região da Frísia, é uma raça muito antiga, havendo referência da mesma desde 1530.
A denominação original era OSTFRIESISCHES MILCHSCHAF, mas na Argentina denominada de Raça Frisona, no Uruguai denominada de Frisona Milchschaf e no Brasil denominada Raça East Friesian, por conotação com a sua região de origem.

É um ovino de bom tamanho, biótipo leiteiro, anguloso, longilíneo e hipermétrico.
Raça predominantemente leiteira, mas com apreciável produção de carne e lã, os machos atingem 80 a 90 cm de altura e pesam de 90 a 120 kg, já as fêmeas pesam de 70 a 75 kg.

Padrão racial

Cabeça: É uma região morfológica muito característica da raça, apresenta cabeça forte, alongada, de expressão nobre, perfil levemente convexo (mais acentuado nos machos do que nas fêmeas), totalmente livre de lã e coberta de pelos finos e brancos, embora a pele seja de coloração branco rosada, admite-se manchas no focinho, faces e orelhas, os olhos são grandes, bem separados, com lacrimais bem desenvolvidos, celo nasal, os lábios e os bordos das pálpebras são rosados, livres de pigmentação escura (preta, marrom).
As orelhas são desprovidas de lã, cobertas de pelos finos, com pele rosada, implantadas horizontalmente e com o pavilhão voltado para frente, podendo mostrar algumas manchas na pele.

Chifres: Mocha em ambos os sexos, entretanto podem aparecer pequenos botões (tocos) móveis e/ou destacáveis, sem posterior desenvolvimento significativo.

Pescoço: Musculoso, não pode ser muito comprido, totalmente coberto de lã, bem inserido no tronco a fim de manter a cabeça acima da linha dorso lombar.

Corpo: Largo, profundo, com boa conexão com o pescoço e lombo. Comprimento médio, com boa linha dorso-lombar e cernelha larga. Costilhar arqueado, conforme é o tipo leiteiro. Garupa forte e larga e quartos largos com boa musculatura.

Úbere: Amplamente implantado na região inguinal de formato anterior menos largo, possuem duas tetas implantadas lateralmente, bem desenvolvidas e orientadas para baixo. Deve ter boa massa glandular, com suficiente tecido conectivo e boa irrigação sanguínea, podendo apresentar pequenas manchas escuras.

Leite: A produção média de leite em 220 dias de lactação é de 380 a 450 litros, podendo alcançar os 520 litros em fêmeas selecionadas, o leite contém a 6 a 7% de gordura, 4 a 4,5% de proteína e cerca de 20% de sólidos, sendo um produto de alto rendimento para a produção de queijos.

AptidõesDefeitos desclassificatórios
Não foram descritas no site.Presença de chifres
 Constituição débil
 Má formação bucal
 Falanges muito compridas, muito curtas ou excessivamente inclinadas.
 Lã na cabeça
 Lã abaixo dos joelhos e garrões
 Desvios da coluna vertebral
 Fibras pretas no velo branco ou nas extremidades
 Forte depressão atrás das paletas ou cernelha (cruzes)
 Ancas demasiadamente inclinadas
 Garrões muito juntos

SANTA INÊS

É uma raça desenvolvida no nordeste brasileiro, resultante do cruzamento intercorrente das raças Bergamácia, Morada Nova, Somalis e outros ovinos sem raça definida (SRD), sendo as características atuais um produto da seleção natural, dos trabalhos de técnicos e de criadores fixando-as através de seleção genealógica, com tudo, a tese de sua origem é confirmada pelas suas características.
O porte, o tipo de orelhas, o formato da cabeça e os vestígios de lã presentes no Santa Inês, evidenciam a participação do Bergamácia, tanto quanto a condição de deslanado e as pelagens correspondem ao Morada Nova, já a participação do Somális é evidenciada pela apresentação de alguma gordura em torno da implantação da cauda, quando o animal está muito gordo.

Animal deslanado, com pelos curtos e sedosos, de grande porte com média de peso para macho de 80 a 120 kg e para as fêmeas de 60 a 90 kg, apresenta excelente qualidade de carne e baixo teor de gordura, a pele de altíssima qualidade, rústicos, precoces, adaptável a qualquer sistema de criação e as mais diversas regiões do país, as fêmeas são prolíferas e com boa habilidade materna. Apresentam espelho nasal, perímetro ocular, vulva e períneo escuros.

Padrão racial

Cabeça: Tamanho médio, proporcional ao corpo, perfil semi-convexo, orelha com forma de lança inseridas firme e ligeiramente acima da linha dos olhos, pouco inclinadas em direção ao comprimento da cabeça, coberta de pelos, com olhos redondos e brilhantes, chanfro liso com pelos finos, focinho largo e pigmentado com fossas nasais dilatadas e bem separadas, apresentando mandíbulas fortes e simétricas.

Chifres: Mocha.

Pescoço: De tamanho regular, proporcional ao corpo, bem musculoso, harmoniosa implantação ao corpo, com ou sem brincos e mais longo nas fêmeas.

Corpo: Tronco grande e comprido, dorso-lombar larga e retilínea tendendo para a horizontalidade e com boa cobertura muscular, peito largo, arredondado e com boa massa muscular, tórax amplo, largo, profundo e arqueado com costelas compridas, largas e afastadas. Ventre amplo, profundo e com boa capacidade, ancas bem separadas musculosas e arredondados, garupa ampla, comprida e com suave inclinação, cauda com inserção harmoniosa, afinando proporcionalmente e comprimento médio.

Leite: Em média 1,4 kg/dia por aproximadamente 160 dias de lactação.

AptidõesDefeitos
Pele de elevado valorMal formação bucal (prognatismo, retrognatismo e agnatismo)
Boa produção de carneTronco com má distribuição muscular
Pescoço curto e grosso ou longo e fino nos machosPeito com pouca musculatura e estreito, interferindo nos aprumos
Testículos bem desenvolvidos, simétricos, com circunferência de 30cm (a partir da idade de 12 meses)Região dorso-lombar com cernelha muito saliente e mal ajusta ao pescoço (lordose, cifose e escoliose)
 Tórax estreito (acoletado)
 Garupa curta ou excessivamente inclinada ou com pouca cobertura muscular

As raças que serão comentadas a seguir não apresentam descrições no site da ARCO, porém como são importantes para a produção leiteira ovina, algumas informações foram coletadas para uma possível apresentação. E como não existe um guia específico, as informações foram retiradas e compiladas de vários veículos.

CARRANZANA OU KARRANTZANA

É uma raça de ovinos bascos espanhóis. É criado exclusivamente no País Basco, na província da Biscaia. A raça subdivide-se em duas sub-raças, a “cabeça preta” e a “cabeça vermelha”. A ruiva é muito mais comum (10.000 cabeças) do que a negra (menos de 250 cabeças). Eles são criados em raça pura.

Padrão racial

Lã branca, comprida e solta. A pele colorida (preta ou vermelha) é visível após tosquia e na cabeça e nas pernas.

As ovelhas presentam tamanho médio com cerca de 75 cm cernelha e peso médio de 60-70 kg. Os machos 90 -100 kg sendo o único permitido chifres torcidos, porém não aplicado a todos.

Criada pela sua produção leiteira, dá origem ao queijo Idiazabal que é uma DOP – Denominação de Origem Protegida, ou seja, rotula um produto que foi produzido, processado e desenvolvido em uma área geográfica específica, utilizando conhecimento dos produtores locais e ingredientes da região.

MANCHEGA

É uma raça de ovelhas nativa da região de La Mancha, na Espanha. O Manchega é mais famoso por produzir o leite que é usado para produzir o queijo Manchego, um queijo de leite de ovelha espanhol muito popular.

São nativas do planalto de La Mancha em Nova Castela. Seus ancestrais eram conhecidos como Ovis aries ligeries e migraram através dos Pirineus e grande parte do norte da Espanha antes de finalmente se estabelecerem em La Mancha. A raça foi domesticada pelos primeiros moradores de La Mancha e criada em seu estado atual. Os Manchega eram tipicamente criados apenas entre si e raramente eram cruzados, resultando em uma linhagem notavelmente pura entre os animais de hoje. Como resultado, as características do Manchega permaneceram relativamente inalteradas ao longo dos últimos séculos.

Padrão racial

Apresenta tamanho médio e tipo entrefino, com duas colorações, branco e preta, apesar de que a grande maioria (90%) se apresenta na colocação branca.

Originalmente eram consideradas características morfológicas e funcionais semelhantes, diferenciadas apenas pela cor da pele e da lã. Atualmente a variedade Black está catalogada como “Raza em perigo” por ter apenas 2.500 – 3.000 animais em pureza, em não mais de 12 fazendas (Gallego e Barba, 2009).

O padrão racial está estabelecido no Regulamento Específico do Livro Genealógica (Orden APA/3234/2004, de 30 de setembro, B.O.E. nº 244. de 9 de outubro de 2004):

Cabeça: Linha fronto-nasal convexa, de tamanho médio e em harmonia com o volume do corpo e totalmente desprovido de lã. Orelhas grandes e ligeiramente caídas. Lábios, focinhos e mucosas visíveis, despigmentados na variedade branca, embora pigmentação discreta admitida em fêmeas.

Chifre: Presente em ambos os sexos.

Pescoço: cilíndrico e bem preso à cabeça e ao tronco. Sem vincos verticais ou expressão de queixo duplo.

Corpo: Longo, profundo e com costelas largas. Cruz plana, não se destacando do perfil superior do corpo. Região dorso-lombar preferencialmente horizontal e cheia. Garupa larga, quadrada e horizontal ou ligeiramente inclinada. Peito profundo. Peito largo e arredondado.

Úbere: De igual tamanho e desenvolvimento de suas partes globulares, com pele sem lã. Tetos proporcionais e bem colocados.

Leite: A média estimada situa-se em 90 litros por animal/ano, embora isso esteja em desacordo com os dados produzidos pelos pecuaristas pertencentes à AGRAMA com médias superiores à 160 litros, e que em alguns casos ultrapassam os 200 litros por ovelha/ano. Este fato confirma a existência de uma grande variabilidade de produção e potencial.

Referências:

BERGAMINI, CV; WOLF, IV; PEROTTI, MC; ZALAZAR, CA. Characterisation of biochemical changes during ripening in Argentinean sheep cheeses. Small Ruminant Res, v. 94, n. 1-3, p. 79–89,

FAOSTAT. Food and Agriculture Organization (FAO), 2019.

GALLEGO, R; BARBA, C. Biodiversidad ovina em el centro de españa. Razas y usos. Córdoba, 2009

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Pecuária Municipal, 2017.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Produção da Pecuária Municipal 2011, 2012.

MERLIN JUNIOR, IA; COSTA, RG; COSTA, LG; LUDOVICO, A; REGO FCA; ARAGON-ALEGRO, LC; SANTANA EHW. Ovinocultura leiteira no brasil: aspectos e fatores relacionados à composição, ao consumo e à legislação. Colloquium Agrariae, v. 11, n. 2, p. 38-53, 2015. DOI: 10.5747/ca.2015.v11.n2.a125

MOZENA, K; SALGADO JA; SOTOMAIOR, CS. Distribuição, origem e preço de queijos de ovelha em estabelecimentos comerciais da região de Curitiba/PR. Ciência Animal, v. 31, n. 4, p. 1-08, 2021.

PARK, YW; JUÁREZ, M; RAMOS, M; HAENLEIN, GFW. Physico-chemical characteristics of goat and sheep milk. Small Ruminant Res, v. 68, n. 1-2, p.88–113, 2007.

RAYNAL-LJUTOVAC, K; PIRISI, A; CRÉMOUX, R; GONZALO, C. Somatic cells of goat and sheep milk: Analytical, sanitary, productive and technological aspects. Small Ruminant Res, v. 68, n. 1-2, p. 126–144, 2007. http://dx.doi.org/ 10.1016/j.smallrumres.2006.09.012

ROHENKOHL, JE; CORRÊA, GF; AZAMBUJA, DF; FERREIRA, FR. O agronegócio de leite de ovinos e caprinos. Indic Econ FEE, v. 39, n. 2, p. 97-114, 2011.

SANTOS, FF. Sistema agroindustrial do leite de ovelha no Brasil: proposta metodológica para estudo de cadeias curtas. 2016. 142p. (Dissertação de Mestrado), Universidade de São Paulo, 2016.

SELAIVE, AB; OSÓRIO, JCS. Produção de ovinos no Brasil. 1ª ed., Roca, 2014. 656p.

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