Casca de banana, alternativa para silagem na alimentação animal

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banana

As bananas constituem uma das mais importantes culturas alimentares básicas para consumo humano durante todo o ano. Em muitos casos, entra na produção animal como um alimento complementar alternativo durante os períodos de escassez de forragem.

A cultura da banana ocupa o segundo lugar em volume de frutas produzidas no Brasil e a terceira posição em área colhida – sendo o Brasil um dos maiores produtores mundiais, com cerca de 6,9 milhões de toneladas de produção em uma área 482708 hectares (IBGE, 2016).

Apesar dos inúmeros benefícios econômicos, essa atividade é considerada como potencialmente poluidora, pois é capaz de gerar grande quantidade de resíduos, os quais, se mal descartados, podem prejudicar o meio ambiente (ROSA et al., 2011). Baseado nisso e na quantidade de resíduos que são produzidos durante todo o ano, a bananicultura pode contribuir significativamente para geração de resíduos, pois para cada tonelada de banana industrializada, aproximadamente 440 kg de casca são gerados (SOUZA, 2010).

Valor nutritivo

Possuem alto teor de umidade (em torno de 15% MS), o que ajuda os animais a se manterem hidratados.  Porém, devido a essa alta umidade, pode ocasionar perdas do produto devido à proliferação de microrganismo indesejáveis, o que justifica o uso de aditivos durante o processo de secagem.

Leia também: Utilização de Subprodutos na Alimentação de vacas leiteiras

Outro benefício observado no uso desses produtos é a melhora do valor nutricional, especialmente em relação à degradabilidade da fração fibrosa (MONÇÃO et al., 2016). Assim, o aproveitamento da casca de banana seca ao sol, com ou sem o uso de aditivos químicos, na alimentação de vacas em lactação, pode ser uma alternativa para modificar a composição do leite e seus derivados, além de reduzir o impacto ambiental causado por esse resíduo da agroindústria.

As cascas de banana também são uma boa fonte de minerais, especialmente potássio e sódio, e têm um teor de fibra de cerca de 30%, em comparação com o teor de fibra de cerca de 45% na maioria das espécies de gramíneas. Elas também contêm vários tipos de vitaminas, como A, B1, B2 e C, e são extremamente ricas em amido inofensivo, que é impermeável a α-amilase e glicoamilase devido ao seu alto nível de estrutura cristalina característica.

Além disso, foi relatado que cascas de banana contêm alto conteúdo de tanino. Esse composto pode resultar em um escurecimento da casca, causado devido a presença de compostos como polifenoloxidase, monofenol mono-oxigenase e o-difenoloxigenase sobre a dopamina, que produz o tanino, responsável pelo escurecimento (WUYTS et al., 2006). Vale ressaltar também que o tanino interfere de maneira positiva na biohidrogenação ruminal. Pois, com a isomerização do ácido linoléico presente na dieta, aumenta a concentração de ácido vaccênico no rúmen e, portanto, o conteúdo de ácido linoléico conjugado (CLA) (CABIDDU et al., 2009; TORAL et al., 2011).

Embora exista uma grande variedade de subprodutos que podem ser utilizados na alimentação de ruminantes, o conhecimento da composição química e interação entre os microrganismos e os nutrientes ingeridos no processo de digestão, são de fundamental importância para definir seu valor nutricional e qualidade (LOUSADA et al., 2006).

Com um interessante perfil de ácidos graxos, contendo de 2 a 10,9% de extrato etéreo, constituído principalmente de ácido linoléico e α-linolênico. É fonte de carboidratos de boa disponibilidade como a pectina (10 a 21%) (MOHAPATRA et al., 2010).

Também apresenta em sua composição, a galocatequina, composto flavonoide que possui ação anti-inflamatória, antimicrobiana e antioxidante (EMAGA et al., 2007), o que pode ajudar na saúde da glândula mamária da vaca em lactação.

Uso como silagem

Os princípios básicos da silagem feita com casca de banana são os mesmos da silagem feita com forragem. Para isso, é necessário que o material seja compactado e armazenado em condições de anaerobiose e permanecer nessas condições para estimular a fermentação. Nessa fermentação, microrganismos degradam o material e há produção do ácido lático, os açúcares livres são convertidos com compostos orgânicos, que diminuem o pH do material ensilado e faz com que o crescimento de microrganismos sensíveis ao pH seja “estagnado”, assim o material pode estragar com menos facilidade, se bem conservado e armazenado.

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O corte das cascas de banana deve ser feito antes de colocá-las no silo. Isso contribui para o tempo de conservação do material, uma vez que, materiais com tamanho de partículas menores, ao ser compactado reduz a proporção de oxigênio presente no silo, melhorando as condições de anaerobiose do silo.

Cascas de banana são pobres em açúcares livres, por isso deve-se ser feita a incorporação do material com materiais ricos em energia, como por exemplo, melaço ou raízes. Cascas de banana também podem ser misturadas com alimentos secos, uma vez que a silagem extremamente úmida (MS <25%) pode levar a uma fermentação indesejável e resultar em silagem ácida.

O período de ensilagem da silagem preparada a partir de cascas de banana cruas sem aditivos é de 28 dias.

Produção animal

Para gado leiteiro, observou-se um efeito positivo na produção de leite devido ao fornecimento de uma quantidade suficiente de glicose.

Clementino (2008) avaliou a adição de subproduto de banana às dietas de bovinos e observou que os consumos diários de MS não foram influenciados por essa inclusão. Para a autora, embora a FDN dietética tenha reduzido e os teores de PB tenham aumentado com a inclusão crescente do subproduto de banana às dietas, esses componentes bromatológicos não foram suficientes para alterar o consumo de MS. Há que se destacar também que, embora o teor de PB das dietas tenha elevado com a adição de subproduto de banana, a disponibilidade de nitrogênio foi reduzida, pois os teores de NIDA elevaram de 26,5 para 37,5% quando se comparou a dieta exclusiva de feno de capim Tifton 85 com aquela contendo 80% de subproduto de banana.

Menezes (2013) avaliando a substituição do milho por banana descartada ao consumo humano sobre o desempenho e características de carcaça de cordeiros, concluiu que a inclusão de até 50% de banana descarte na dieta de ovinos é uma alternativa aceitável sem que haja alterações relacionadas às principais características quantitativas de carcaça, dos não constituintes de carcaças e dos cortes cárneos comerciais e seus rendimentos. A substituição, no entanto, não foi capaz de modificar os teores de ácidos graxos oléico, palmítico e esteárico no músculo L. lumborum de cordeiras Santa Inês.

Referências:

CABIDDU, A. et al. Responses to condensed tannins of flowering sulla (Hedysarum coronarium L.) grazed by dairy sheep: Part 2: Effects on milk fatty acid profile. Livestock Science, v. 123, n.2-3, p.230-240, 2009. https://doi.org/10.1016/j.livsci.2008.11.019.

CLEMENTINO, R.H.; Utilização de subprodutos agroindústrias em dietas de ovinos de corte, consumo, digestibilidade, desempenho e características de carcaça. 2008. 136 p. Tese (Doutorado Integrado em Zootecnia) – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2008.

EMAGA, T. H. et al. Effects of the stage of maturation and varieties on the chemical composition of banana and plantains peels. Food Chemistry. v.103, n.2, p. 590-600, 2007. https://doi.org/10.1016/j. foodchem.2006.09.006

IBGE. Levantamento sistemático da produção agrícola. 2016.

LOUSADA, J. J.E. et al. Caracterização físico-química de subprodutos obtidos do processamento de frutas tropicais visando seu aproveitamento na alimentação animal. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.1, p.70-76, 2006.

MENEZES, A.M. Substituição do milho por banana descarte (Musa spp.) sobre o desempenho e características da carcaça de cordeiras. 2013. 96p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

MOHAPATRA, D. et al.  Banana and its by-product utilisation: an overview. Journal of Scientific e Industrial Research, v.69, p.323-329, 2010.

MONÇÃO, F. P. et al. Degradação ruminal da matéria seca e da fibra em detergente neutro da casca de banana tratada com calcário. Semina: Ciências Agrárias, v. 37, n. 1, p. 345-356, 2016. https://doi.org/10.5433/1679-0359.2016v37n1p345.

ROSA, M.F. et al. Valorização de Resíduos da Agroindústria. In: II Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais – II SIGERA, 2011, Foz do Iguaçu. Anais… Foz do Iguaçu: SBERA, 2011, p.98-105.

SOUZA, O. et al. Biodegradação de resíduos lignocelulósicos gerados na bananicultura e sua valorização para a produção de biogás. Revista Brasileira Engenharia Agrícola e Ambiental, v.14, n.4, p.438–443, 2010.

TORAL, P. G. et al. Tannins as feed additives to modulate ruminal biohydrogenation: Effects on animal performance, milk fatty acid composition and ruminal fermentation in dairy ewes fed a diet containing sunflower oil.  Animal Feed Science and Technology, v.164, n.3-4, p.199–206, 2011. https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2011.01.011.

WUYTS, N. et al. Extraction and partial caracterizarion of polyphenol oxidase from banana (Musa acuminate Grand Naine) roots. Plant Physiology Biochemistry, v.44, p.308-314, 2006.

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