As trocas gasosas durante o período de incubação são vitais para o desenvolvimento e a sobrevivência do embrião. Esses processos ocorrem através dos poros presentes nas cascas dos ovos. O oxigênio (O2), por sua vez, se difunde pelos poros da casca para dentro do ovo, impulsionando os processos metabólicos. O dióxido de carbono (CO2) metabólico, produzido dentro do ovo, é difundido para o meio externo seguindo um caminho contrário ao do oxigênio.
Mesmo que indispensável para o processo de incubação, os níveis de O2 em incubadoras e nascedouros raramente são monitorados. As concentrações de CO2, um subproduto do metabolismo do embrião, são a medida comumente utilizada para ajustar e monitorar os níveis de ar fresco e ventilação nessas estruturas. Isso ocorre porque os níveis de ambas as moléculas estão fortemente relacionados, e a medição dos níveis de CO2 é de mais fácil execução em comparação aos de O2.
Atualmente, diversos estudos vêm sendo conduzidos visando compreender mais a fundo a influência da ventilação durante o período de incubação. Nesses trabalhos, condições de hipóxia (quantidades insuficientes de O2) e hipercapnia (aumento da pressão parcial de CO2) têm sido avaliadas. Contudo, alguns autores observaram que os efeitos das duas condições dependem muito das concentrações (tanto de O2 quanto de CO2) e da fase de desenvolvimento na qual o embrião é exposto a essas condições (DECUYPERE et al., 2006)
Os três pilares essenciais da incubação
Três variáveis controláveis dentro dos incubatórios estão associadas ao sucesso na incubação e da produção de pintinhos saudáveis e de qualidade. Essas variáveis são o controle da temperatura, os níveis de CO2 e O2 e o controle da umidade relativa do ar.
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A temperatura é o parâmetro ambiental mais importante durante o período de incubação. Seu controle é indispensável, pois quaisquer alterações (mesmo que pequenas) para mais ou para menos, afetam significativamente o desenvolvimento embrionário, a eclodibilidade dos ovos e o desempenho pós-nascimento dos pintinhos.
A umidade relativa do ar e seu controle estão associados a determinação das taxas de perda de umidade por parte dos ovos. Esse fator determina a perda de peso durante o período de incubação, grau de hidratação dos pintinhos ao nascimento e também a eclodibilidade dos ovos.
Por fim, os níveis de CO2 e O2 estão associados a respiração dos ovos durante a incubação. Portanto, o manejo desses níveis durante o período determina o desenvolvimento respiratório do embrião, culminando em melhores ou piores sistemas cardiovasculares.
Níveis de CO2 ao longo do período de incubação
O período de incubação artificial para frangos de corte dura, em média, 21 dias. Durante as diferentes fases do desenvolvimento embrionário (1º, 2º e 3º 1/3 do período de incubação), as exigências em níveis de CO2 e O2 do ambiente são distintas e determinantes para um bom desenvolvimento do pintinho.
a) período embrionário precoce: 1º 1/3 da incubação (1 a 9 dias pós-postura)
Nesse período a incubadora “simula” a importante atividade de choco das fêmeas. Durante aproximadamente os 9 primeiros dias da incubação, a ventilação ao redor dos ovos é bastante reduzida pelo processo de chocagem. Consequentemente, os níveis de CO2 se tornam mais altos. Ao manejar a incubação artificial, os níveis de CO2 durante o período embrionário precoce (1º 1/3) devem ser mais elevados em comparação aos demais períodos da incubação.
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A explicação fisiológica pode ser dita como, ao limitar as quantidades de oxigênio durante o período embrionário precoce, um maior desenvolvimento de importantes membranas como a corioalantóide (a membrana vascular), além dos pulmões e do coração. Dessa forma, níveis adequados de CO2 nesse período garantem um bom desenvolvimento do aparelho respiratório dos pintinhos.
b) período embrionário intermediário: 2º 1/3 da incubação (10 a 17 dias pós-postura)
No segundo terço do período de incubação, os embriões passam a demandar maiores concentrações de O2 para o crescimento. Consequentemente, maiores concentrações de O2 são liberadas para o ambiente. Boas concentrações de CO2 no terço inicial garantem um maior desenvolvimento respiratório do embrião, favorecendo a respiração e a absorção do O2 disponível nessa segunda fase. Nesse período as incubadoras devem ser reguladas para fornecer maiores teores de O2 para os embriões, reduzindo as concentrações de CO2 do ambiente.
c) terço final da incubação (18 a 21 dias pós-postura)
No terço final da incubação, os níveis de CO2 estão fortemente ligados aos processos de bicagem e de eclosão. O início do processo de eclosão ocorre devido a bicagem interna, quando o pintinho perfura a membrana interna do ovo e tem acesso à câmara de ar. Num segundo momento se dá início ao processo de bicagem externa, quando o pintinho passa a bicar a casca do ovo até eclodir (sair totalmente do ovo). Os teores de O2 presentes na câmara de ar variam de acordo com as trocas realizadas pelo pintinho dentro do ovo, e também de acordo com as concentrações de O2 e CO2 no ambiente.
Nesse sentido, teores mais elevados de CO2 por cerca de 24h após o início da bicagem interna são capazes de acionar um sistema de capacidade respiratória adicional dos pintinhos. Assim, há uma captação combinada de O2 e CO2 antes da eclosão, contribuindo para uma capacidade respiratória melhorada. Esse fato pode estar relacionado a um impulso dos níveis de CO2 contribuindo para que o pintinho passe da respiração carioalantóica para a ventilação exclusivamente pulmonar.
Referências:
DECUYPERE, E.; ONAGBESAN, O.; DE SMIT, D.; TONA, K.; EVERAERT, N.; WITTERS, A.; DEBONNE, M.; VERHOELST, V.; BUYSE, J.; HASSANZADEH, M.; DEBAERDEMAEKER, J.; ARCKENS, L.; BRUGGEMAN, V. Hypoxia and hypercapnia during incubation of chicken eggs on development and subsequent performance. XII European Poultry Congress, 10–14 September, Verona, Italy, World’s Poultry Science Journal, v. 62, p. 486–487, 2006
Níveis elevados de CO2 durante a eclosão: um mito derrubado. PETERSIME, 2022. Disponível em: www.petersime.com/pt-BR/departamento-de-desenvolvimento-do-incubatorio/niveis-elevados-de-co2-durante-a-eclosaeo-um-mito-derrubado/. Acesso em: 12 mar. 2022.
Otimizando a cadeia de valor: Por que e quando os níveis de CO2 devem ser aumentados ou reduzidos. PETERSIME, 2022. Disponível em: www.petersime.com/pt-BR/departamento-de-desenvolvimento-do-incubatorio/otimizando-a-cadeia-de-valor-por-que-e-quando-os-niveis-de-co2-devem-ser-au/. Acesso em: 12 mar. 2022.
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