Os bubalinos (Bubalus bubalis) são animais de tripla aptidão (carne/ leite/ energia), que têm adaptação a solos pouco férteis e alagadiços, apesar disso, podem sofrer com condições de estresse térmico, o que consequentemente afetará sua produção e reprodução.
Búfalos são animais que possuem boa rusticidade, sendo chamados de homeotérmicos, ou seja, regulam suas temperaturas através de processos fisiológicos e comportamentais. Estes ruminantes possuem uma faixa ideal de temperatura, variando de acordo a idade, manejo e condição fisiológica. À exemplo, para animais em crescimento e reprodução, o seu equilíbrio térmico é dentro da faixa de 13C° e 18C° (UR entre 55% e 65%), de acordo com Titto et al (1997), temperaturas acima de 30°C são consideradas prejudiciais para búfalas leiteiras, visto que influenciam a T° do corpo e metabolismo.
Homeostase ou Equilíbrio Térmico dos Bubalinos
A respeito da regulagem de temperatura, é controlada pelo hipotálamo e pelo HHA (Hipotalâmico-Hipofisário-Adrenal) – ambos situados no SNA. Esta glândula libera corticotrofina (CRH) quando o animal está sob estresse (hormônio atua sobre a hipófise). A ativação do eixo HHA pode afetar hipotálamo, hipófise e gônadas, com reflexo na reprodução animal – do qual à diminuição de secreção de GnRH, LH, diminuição funcional dos testículos, folículos ovarianos e do corpo lúteo ( TILBROOK et al., 2000). Precisamente, tratando-se de fêmeas bubalinas, em comparativo com as fêmeas bovinas, elas possuem oócitos mais sensíveis ao calor ambiental, nesse sentido, apresentam uma menor competência para a fertilização e baixo desenvolvimento (Roth, 2008). Temperaturas fora da faixa ideal elevam a taxa de ovulação silenciosa – 14,4% para 50%, ainda assim, minimiza a taxa de concepção – 74 para 46% ( Barkawi et al., 1998).
Além disso, a detecção de cio se torna mais complexa, pois estes animais de clima quente apresentam baixa interação com outros animais, sendo este comportamento conhecido como “Anestro de Verão”. Já os machos, com estresse térmico, tem uma baixa produção de testosterona, ainda assim, quando estão expostos a grandes períodos de estresse suas células de defesa (glóbulos brancos) diminuem sua multiplicação, devido à ação do cortisol (hormônio do estresse) e consequentemente, aumenta as enfermidades. Como resposta a situação de estresse, as células produzem um conjunto de proteínas- Heat Shock proteins (Lindquist, 1986) que auxiliam na adaptação do organismo de forma gradual às mudanças impostas, protegendo proteínas intracelulares contra a desnaturação.
Redução de Estresse Calórico
- Suplementação dietética – o uso de bicarbonato de sódio (15 g/dia), carbonato de potássio (12,5 g/dia), vitamina C (10g/dia) e óxido de zinco (160 mg/dia) podem auxiliar na minimização dos efeitos nocivos do calor sobre a fisiologia de bubalinos adultos de ambos os sexos (Kumar et. al., 2011);
- Antioxidante Injetável – selênio e vitamina E atuam como tratamento termoprotetor para animais expostos ao calor excessivo, aumentando assim a taxa de prenhez (62,5% para placebo e 75% para demais) – (Megared, et al., 2008);
- Aplicação Hormonal- reativa função ovariana, induz produção de prostaglandina e progesterona;
- Sombreamento natural ou artificial – animais diminuem a exposição à radiação direta. A temperatura do ar sob árvores pode ser de 2 a 3°C, inferior a pleno sol – sendo ideal proporcionar ao animal uma área sombreada na pastagem em torno de 12%;
- Banhos de lama, igarapés, chuveiros artificiais – faz parte do processo fisiológico, esses métodos auxiliam na dissipação de calor e de ectoparasitas de forma direta e mais rápida.
Enfim, os bubalinos são capazes de absorver muita radiação solar. Nesse sentido, seu sistema de termorregulação é menos eficiente que o dos bovinos, sendo essencial fornecer ambientes úmidos e cobertos, para que lhes sejam proporcionado o máximo conforto.
Referências:
EMBRAPA. 500 Perguntas Búfalos.
Revista Brasileira de Reprodução Animal. Conforto térmico na reprodução de bubalinos criados em condições tropicais.