O termo “Ambiência” pode ser explicado como “o espaço físico em que o animal vive”, incluindo também as interações com o homem. Diante disso, muitos pesquisadores vêm abordando esse aspecto em seus estudos e atribuindo formas para entendimento dessas interações.
A concepção da produção animal como uma roda vem de estudiosos como Jan C. Bosma, na qual desenvolveu pesquisas na área da adaptação do animal ao ambiente. O eixo da roda se refere ao homem e o cubo da roda a relação do homem com o animal. O lubrificante dessa roda funciona como o manejo adotado, aquilo que “dá eficiência para a roda”. Por sua vez, o aro se refere às variáveis ambientais como a nutrição, a temperatura, a luz, a radiação, doenças, endo e ectoparasitas, altitude e etc.
As variáveis ambientais
A variável nutrição está relacionada principalmente com a qualidade do alimento fornecido, por exemplo, gramíneas tropicais produzem mais massa verde do que gramíneas de clima temperado. Essas gramíneas tropicais crescem mais rápido, ou seja, apresentam maior conteúdo de parede celular no decorrer do tempo, esse fator afeta diretamente o consumo devido a baixa digestibilidade que essa forragem irá apresentar.
O fator temperatura se relaciona diretamente com a adaptação do animal àquele ambiente onde maiores temperaturas são as mais preocupantes, já as mais baixas não causam “grandes danos” se houver uma boa nutrição dos animais. O fator luz corresponde, principalmente, à reprodução animal e à ciclagem de certas espécies.
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Por sua vez, a radiação corresponde a como os raios solares incidem sob a Terra, na forma de infravermelho (invisível) e ultravioleta (fator preocupante, pode causar danos aos animais devido ao comprimento de onda curta). Por fim, a altitude se relaciona com a temperatura e pressão de O2, animais com maior massa corporal possuem menor adaptação aos ambientes mais altos.
Os endoparasitas e ectoparasitas, assim como as doenças, têm sua proliferação favorecida pelas altas temperaturas e umidade. Para que se evite esse fato, é necessário alinhar os conhecimentos de ambiência aos de higiene e profilaxia, principalmente.
Mecanismos de produção e perda de calor
Existem animais pecilotérmicos, que regulam sua temperatura corporal conforme o ambiente em que se encontra, e animais homeotérmicos – regulam sua temperatura corporal através de mecanismos fisiológicos.
A produção de calor é basicamente a transformação da energia química do alimento em trabalho.
Alguns tipos de energia podem ser abordados, como a energia do metabolismo basal que é a produção de calor com o organismo estando em repouso e em jejum. Já energia de mantença está associada à nutrição, é aquela energia para a manutenção das funções do organismo – pode-se citar o alimento volumoso como maior produtor de energia em relação aos alimentos concentrados.
O calor de atividade é aquele calor produzido através de um movimento, do esforço para realização de algo, por exemplo, o ato de caminhar. Já o calor de rendimento, é aquele calor “extra”, produzido quando o animal está em crescimento, reprodução, produção e etc.
E por conseguinte, a dissipação de calor. Esse mecanismo pode acontecer por meios físicos de troca de calor como: a condução, a convecção, a radiação e a evaporação.
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Referências:
ALVES, Fabiana Villa et al. Bem-estar animal e ambiência na ILPF. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/202666/1/Bem-estar-animal-e-ambiencia-na-ILPF.pdf. Acesso em: 01 jul. 2021
*Este conteúdo foi discutido na disciplina de Ambiência em Zootecnia (UFSC), ministrada pelo professor Sérgio Quadros.