O tamanho das partículas que compõem a dieta, aparentemente, apresenta grande importância na regulação do consumo em frangos de corte. Isso acontece porque esses animais tendem a preferir dietas que contenham partículas de maior tamanho ao invés de partículas muito pequenas – como as rações moídas e desestruturadas (Nir et al., 1994a).
Fatores envolvidos na regulação do consumo
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Estudos demonstraram que partículas de tamanho reduzido podem proporcionar maior interação do alimento com as enzimas digestivas do trato gastrointestinal dos animais, devido ao aumento da área superficial (Chewing et al., 2012). Contudo, partículas pequenas demais podem ser responsáveis por reduzir os movimentos peristálticos do trato gastrointestinal, aumentando o consumo de ração e a velocidade de trânsito dos alimentos – o que pode reduzir a digestibilidade (Svihus et al., 2002; Pacheco et al., 2013).
Fatores referentes ao animal
Anatomicamente os frangos de corte apresentam micro receptores em seus bicos, fato que está relacionado a sua preferência por partículas alimentares maiores do que seu bico (Moran, 1982). Essa preferência está baseada na estrutura do bico desses animais e também pela presença dos micro receptores – que respondem ao contato com o alimento. Foi previamente discutido que a granulometria da ração pode influenciar no tamanho do trato gastrointestinal dos animais, pH da moela e do duodeno, além da velocidade de passagem do alimento (Lott et al., 1992; Nir et al., 1994) – estes fatores podem se relacionar ao desempenho produtivo dos animais.
Diferentes granulometrias
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Granulometrias muito finas para milho, por exemplo (abaixo de 0,400 mm), podem prejudicar o consumo alimentar dos animais devido à formação de poeira. Assim, a poeira pode ser responsável por desordens respiratórias, além de contaminar a água com alimento e aumentar o consumo da mesma por parte dos animais – contribuindo para o aumento da umidade da cama (Brum et al., 1998). Ainda que não haja um valor ideal de granulometria determinado, estudos encontraram que tamanhos de partícula entre 0,600 e 0,900 mm apresentaram ótimas respostas produtivas em dietas a base de milho e sorgo para frangos de corte (Amerah et al., 2007).
Experimentos com diferentes granulometrias
O estudo de Ribeiro et al. (2002) encontrou que a menor granulometria do experimento (0,337 mm) apresentou os piores resultados quanto ao consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar. No mesmo estudo, frangos de corte alimentados com rações de granulometria acima de 0,778 mm apresentaram as melhores respostas produtivas, concluindo que as aves respondem positivamente ao aumento da granulometria. Estas respostas podem ser explicadas porque partículas maiores apresentam uma passagem mais lenta pelo trato gastrointestinal dos animais, possibilitando maior ação enzimática, reduzindo os movimentos peristálticos e melhorando a disponibilidade dos nutrientes (Nir et al., 1994). A soma destes fatores contribui para melhoria das respostas produtivas.
No mesmo sentido, um estudo mais recente de Menocal et al. (2020), testou 4 diferentes granulometrias de milho na dieta de frangos de corte. As melhores respostas produtivas foram alcançadas com partículas de tamanho 0,740 mm- um valor de mesma grandeza encontrado no estudo anterior de Ribeiro et al. (2002). Em seu estudo, Menocal et al.(2020) encontrou que tamanho de partículas maiores – como 1,175 mm, aumentaram o consumo de alimento por parte dos animais – porém não houve melhoria significativa da conversão alimentar ou ganho de peso final. As piores respostas produtivas do experimento de Menocal et al. (2020) se apresentaram para as menores granulometrias – 0,398 e 0,571 mm.
Conclusões
A granulometria das rações fornecidas a frangos de corte apresenta um importante papel sobre as respostas produtivas destes animais. Por muitos anos se utilizou rações de menores granulometrias, fato que pode ter impactado negativamente o desempenho produtivo dos animais no período. Nas últimas décadas é crescente o interesse da indústria animal por aprimorar a alimentação dos animais, buscando ingredientes alternativos e aprimorando o processamento da ração – de maneira a se maximizar as respostas produtivas, mas também reduzir-se custos de produção. Dessa forma, a atenção à granulometria das rações fornecidas aos frangos de corte apresenta um importante pilar na manutenção dos bons índices produtivos da cadeia.
Referências
Amerah, A. M., Ravindran, V., Lentle, R. G., & Thomas, D. G. (2007). Feed particle size: Implications on the digestion and performance of poultry. World’s Poultry Science Journal, 63(3), 439-455.
Brum P.A.R., Zanotto D.L. & Guidoni, A.L., 1998. Corn granulometry in mashed rations for broilers: Technical instruction for the poultry farmer. Concórdia, EMBRAPA-CNPSA. P. 2 (em Português).
Chewning, C. G., Stark, C. R., & Brake, J. (2012). Effects of particle size and feed form on broiler performance. Journal of Applied Poultry Research, 21(4), 830-837.
Lott, B. D., Day, E. J., Deaton, J. W., & May, J. D. (1992). The effect of temperature, dietary energy level, and corn particle size on broiler performance. Poultry Science, 71(4), 618-624.
Menocal, J., Ávila-González, E., López-Coello, C., Cortes-Cueva, A., & Herrera-Camacho, J. (2020). Maize particle size with the addition of wheat on zootechnical parameters in chickens. Ecosistemas y Recursos Agropecuarios, 7(1).
Moran Jr, E. T., Hunter, B., Ferket, P., Young, L. G., & McGirr, L. G. (1982). High tolerance of broilers to vomitoxin from corn infected with Fusarium graminearum. Poultry science, 61(9), 1828-1831.
NIR, I., HILLEL, R., Shefet, G., & Nitsan, Z. (1994). Effect of grain particle size on performance.: 2. grain texture interactions. Poultry science, 73(6), 781-791.
Pacheco, W. J., Stark, C. R., Ferket, P. R., & Brake, J. (2013). Evaluation of soybean meal source and particle size on broiler performance, nutrient digestibility, and gizzard development. Poultry science, 92(11), 2914-2922.
Ribeiro, A. M. L., Magro, N., & Penz Jr, A. M. (2002). Granulometria do milho em rações de crescimento de frangos de corte e seu efeito no desempenho e metabolismo. Brazilian Journal of Poultry Science, 4(1), 00-00.
Svihus, B., Hetland, H., Choct, M., & Sundby, F. (2002). Passage rate through the anterior digestive tract of broiler chickens fed on diets with ground and whole wheat. British poultry science, 43(5), 662-668.