Desmama ou desmame é o período de forma gradual da desabituação da cria em relação ao leite materno. Tradicionalmente é executado quando o bezerro está com 6 a 8 meses, pois nesta idade, o animal já pode ser considerado um ruminante com capacidade de utilizar alimentação sólida (forragem) como principal fonte de energia e nutrientes que necessita.
Querendo ou não, a desmama é um processo que fica marcado por causar estresse para a matriz e bezerro, pois estes ficam dias na tentativa de localizar um ao outro, o que acarreta na inquietude e prejuízo na saúde de ambos. Esse marco de estresse reduz o ganho de peso do bezerro durante a recria e afeta a sua imunidade, deixando mais suscetível à doenças, também podendo afetar o desempenho do animal adulto.
Alguns comportamentos podem ser observados semanas após a separação:
- Vaca e bezerro vocalizando repetidamente
- Os animais passam mais tempo caminhando
- Menos tempo se alimentando, ruminando e descansando
O que nos diz que o método tradicional traz consequências negativas em relação ao bem-estar animal.
Portanto, algumas práticas de manejo devem ser adotadas na tentativa de minimizar o estresse dos animais. Uma delas é a escolha de “madrinhas”, elas podem ser introduzidas no rebanho de três a quatro semanas antes do desmame. Após o desmame, as madrinhas permanecem com os bezerros, diminuindo o efeito negativo da separação das cria de suas mães, pois estas são vistas como novas “protetoras”. Outra ação simples, e que se mostra muito eficiente, é a retirada da vaca e manter os bezerros na pastagem original, isso se mostra eficaz, pois, os animais desmamados já tem conhecimento sobre o ambiente onde irão permanecer após a separação.
Ainda, há outra prática mais recomendada, o desmame de forma racional. Esse, consiste na separação do pasto em dois, dividindo-os com cerca, mantendo a matriz de um lado e a cria de outro. Dessa forma, ainda haverá o contato visual e auditivo entre os animais (sentidos estes que são fundamentais para o desenvolvimento do bezerro, mesmo que não tenha contato físico). Uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia mostra que, bezerros manejados assim chegam a ganhar até 30% mais peso nas 10 semanas seguintes a desmama quando comparado aqueles que foram manejados pelo método tradicional.
Desmama controlada é outra técnica a ser considerada, por meio da qual os bezerros apartados são colocados para mamar duas vezes ao dia (manhã e tarde). Embora não haja pesquisas relacionadas a esta técnica, pecuaristas que a adotam se dizem satisfeitos com o resultado.
Seja qual for a técnica adotada, para a eficácia na redução das perdas advindas desse processo, é de extrema importância alguns cuidados no manejo, como:
- Piquete sombreado e com proteção ao vento para reduzir estresses adicionais ( ex.: climáticos)
- Evitar práticas como vacinação e aplicação de vermífugos durante a desmama (sendo o ideal realizá-las quatro semanas antes)
- Checar os bezerros com frequência, e no caso de algum doente, remove-lo para uma área de isolamento durante o tratamento (prevenindo a disseminação de doenças)
- Viagens e comercialização devem ser evitadas no período pós-desmama, pois o transporte é um dos aspectos que mais causa o estresse
Visto isso, é importante a adoção de práticas de sanidade e manejo adequadas, buscando a prevenção de prejuízos no rebanho de bezerros desmamados.
Referências:
- https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/42912/desmama-de-bezerros:-manejo-correto-evita-estresse-e-perda-de-rendimento.htm
- http://www.diadecampo.com.br/zpublisher/materias/Materia.asp?id=21766&secao=Sanidade%20Animal
- https://dicas.boisaude.com.br/diminua-o-estresse-da-desmama/