No Brasil, os ovinos são criados em sua maioria em sistema extensivo, em que são mantidos em áreas de pastagem onde nem sempre é ofertada suplementação alimentar nos períodos de seca. As técnicas de manejo, em geral, são resumidas no recolhimento dos animais para passarem a noite em cercados ou chiqueiros e as medidas para prevenção de doenças e/ou controle de parasitas são raras. Dessa forma, a elevada mortalidade de ovinos possui como causa principal o não controle de doenças e principalmente das helmintoses gastrintestinais.
Muitos parasitas podem causar verminoses em ovinos, sendo o Haemonchus Contortus o principal deles. Trata-se de um nematódo parasita de ruminantes que em seu ciclo de vida, as fêmeas adultas depositam os ovos no abomaso de animais infectados que são posteriormente excretados e distribuídos na pastagem. Com temperatura e umidade adequada os ovos se desenvolvem e produzem larvas infectantes (L), as quais são ingeridas pelos animais mantidos sob pastejo. Ao serem ingeridas, as larvas se aderem à mucosa do estômago onde se alimentam e se reproduzem, por se alimentarem exclusivamente de sangue o animal infectado pode desenvolver quadros severos de anemia em curto período.
As verminoses podem trazer diversos prejuízos para cadeia produtiva de ovinos, como custos com tratamento, mão de obra e em casos mais graves a perda do animal. Dessa forma, a decisão a ser tomada precisa ser de maneira criteriosa, uma vez que além de prejuízos econômicos a utilização de medicamentos de maneira indiscriminada pode levar a redução da eficácia de determinados princípios ativos. Dessa forma, há algumas formas de controlar a gravidade dessa doença, como o método de FAMACHA, OPG e técnicas de manejo.
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O método FAMACHA foi desenvolvido pelo Dr. François Malan e se tornou um importante método para o tratamento seletivo de ovinos por ser um recurso prático e de baixo custo. O método envolve a identificação de diferentes graus de anemia por meio do exame da mucosa ocular, com 5 graus de coloração representados em um cartão que, por comparação com a mucosa ocular, pode orientar quanto a vermifugação dos animais. Os graus 1 e 2 equivalem a uma mucosa bem vermelha, não correspondendo a uma anemia e sim a um animal sadio que não necessita de vermifugação. No grau 3 já é indicado a vermifugação e nos graus 4 e 5 a vermifugação dos animais é essencial, uma vez que as mucosas apresentam uma palidez intensa.
Embora o método FAMACHA tenha sido desenvolvido especificamente para o tratamento da infecção por Haemonchus contortus, que causa anemia em ovinos, é indiretamente eficaz no controle de outros parasitas que não causam anemia. Entre outras vantagens, como a redução do número de tratamentos a reflexo direto da redução da resistência aos anti-helmínticos, podendo ser utilizado para identificar animais do rebanho resistentes a parasitas gastrointestinais, enquanto não são necessários recursos laboratoriais.
Outra forma de controlar a gravidade das verminoses é utilizar uma técnica de contagem de ovos por grama de fezes, chamada OPG. Esse método quantitativo faz a estimativa da carga parasitária, validando assim a condição clínica do animal. É possível utilizar a técnica OPG para analisar a eficácia dos antiparasitários por meio da coleta de fezes antes e por uma média de duas semanas após a administração. Nesse caso, se o número de ovos não for reduzido, o princípio ativo é considerado ineficaz contra o parasita ou resistente ao medicamento.
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Além do tratamento seletivo com os métodos FAMACHA e OPG algumas práticas de manejo podem ser adotadas para promover a redução da contaminação de pastagens por larvas infectantes, como:
- Pastejo em conjunto ou alternado com espécies diferentes pode auxiliar na redução da contaminação das pastagens, pois determinados parasitas que infectam ovelhas não parasitam outros animais como bovinos adultos e equinos;
- Deixar a pastagem descansar por alguns meses reduz a contaminação;
- Evitar que haja superlotação, visto que a mesma pode facilmente causar surtos de verminoses.
- A limpeza e desinfecção das instalações para remover as fezes com frequência também promove a redução da contaminação do rebanho;
- Realizar a separação dos animais por faixa etária quando possível, animais mais jovens são mais susceptíveis a verminoses e devem estar pastando em uma área antes de atingir a idade adulta.
- Realizar a vermifugação do rebanho ao trocar de área pode impedir a contaminação da área por animais infectados;
- Restringir o pastejo dos animais pela manhã devido ao orvalho (veículo de migração das larvas);
- Do mesmo modo, há a recomendação de vermifugações táticas: 15 dias antes da estação de monta, no terço inicial da gestação, quando ocorrer condições ambientais atípicas: chuvas torrenciais no período seco, ovelhas no início da lactação, cordeiros ao desmame e animais comprados recentemente antes de colocá-los no rebanho.
De forma geral, os métodos FAMACHA e OPG simbolizam uma ferramenta eficiente no auxílio do tratamento seletivo em ovinos, ou seja, de forma confiável e segura estes métodos geram a redução nos gastos com vermífugos, além de evitar a perda da eficácia de alguns princípios ativos. Além disso, alguns ajustes de manejo também possibilitam a redução da contaminação das pastagens, assim como dos animais sob pastejo. Por fim, o descarte deve ser realizado quando o animal recebe vermifugação frequentemente, pois promovem maior contaminação da pastagem, ocorre a transmissão para descendentes (reprodutores — animais mais resistentes) e gera maior custo com tratamento.
REFERÊNCIAS
Famacha – Portal Embrapa. Embrapa.br. Disponível em: embrapa.br.
Famacha e OPG para o controle de verminose em ovinos | Capril Virtual – Notícias. Capril Virtual. Disponível em: caprilvirtual.com.br.
DE SOUZA, Allan Prestes; SALES, Anne Yasmine. Estudo sobre a eficiencia do método FAMACHA no tratamento seletivo de ovinos. Revista Brasileira de Ciências da Amazônia/Brazilian Journal of Science of the Amazon, v. 6, n. 1, p. 9-14, 2017.
GIRÃO, Eneide Santiago; GIRÃO, Raimundo Nonato; MEDEIROS, Luiz Pinto. Verminose em ovinos e seu controle. 1998.
DE OLIVEIRA, Maiana Visoná; MOURA, Mariela Silva; BARBOSA, Fernando Cristino. Avaliação comparativa do método Famacha®, volume globular e OPG em ovinos. PUBVET, v. 5, p. Art. 1034-1041, 2011.
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