O bem-estar animal é um dos pilares da Zootecnia, ela traz vários benefícios para os animais e para os produtores. De acordo com HUGHES (1976), o BEA “ é um estado de completa saúde física e mental, em que o animal está em completa sintonia com o ambiente que o rodeia”.
A base do BEA são as 5 liberdades, que consistem em:
- Liberdade Nutricional
- Liberdade Sanitária
- Liberdade Ambiental
- Liberdade Comportamental
- Liberdade Psicológica
Todas essas liberdades são importantes para a ética, proteção e dignidade do animal. Por isso, é necessário entender de acordo com as liberdades o comportamento do animal, para que o manejo seja feito de forma adequada para cada espécie.
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Os suínos possuem facilidade em aprendizagem, são fáceis para aprender com recompensas e possuem uma memória a longo prazo boa, o que é bastante relevante para precaver atritos futuros entre os animais. Quando eles são submetidos a interação de forma positiva com humanos, o manejo se torna mais fácil.
No abatedouro, apesar do pouco tempo que o animal permanece nesse ambiente, esse período é de suma importância para a qualidade final da carne e para que o produtor não perca a carcaça do suíno, devido aos longos meses de criação, manejo e investimento nesse animal.
Alguns aspectos que podem ser implementados no BEA no abatedouro:
- Instalações
- Pessoas
- Animais
- Transporte
Instalações: baias com pouca lotação, uma vez que, o animal já está estressado pelo transporte e pelo ambiente novo. Rampas antiderrapante para que o animal não escorregue e se machuque na saída do transporte.
Pessoas: é necessário pessoas treinadas para o manejo adequado dos animais até as baias e para a saída deles do transporte, evitando o máximo a utilização de utensílios que possam causar dor ou mais desconforto ao animal.
Animais: em relação aos animais, é importante evitar colocar em uma mesma baia animais de outras linhagens que não conviveram juntos, para evitar brigas por dominância.
Transporte: evitar superlotação para que não ocorra ferimentos nos animais, espaço amplo para que possam visualizar o local onde estão. É necessário que o motorista evite freadas bruscas, alta velocidade e busque manter uma velocidade constante, para que os animais não caiam, se machuquem e para fiquem menos agitados.
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Benefícios na implementação do BEA no abate:
- Animais feridos, com fraturas e estresse intenso no local do abate devem ser abatidos com urgência, com o BEA dificilmente eles irão se ferir e ter que acelerar o processo do abate, possibilitando um abate com mais calma e tranquilidade, não só para o animal, mas também para as pessoas que estão trabalhando.
- A perda da qualidade da carne pode ser evitada com o BEA, animais muito estressados, com mal-estar podem interferir na qualidade, fazendo com que a carne fique dura e escura.
- O estresse pode causar também uma menor conservação da carne, devido o pH ficar alto, essa carne se torna imprópria para a industrialização de produtos fermentados. Uma condução mais suave dos tratadores e um desembarque calmo pode evitar essas perdas.
- Animais com hematomas podem ter uma dificuldade maior de serem comercializados, o transporte adequado associado ao manejo correto previne esses hematomas.
- A falta de conforto térmico com altas temperaturas pode ocasionar uma carne de baixa qualidade com uma textura mole e de cor pálida. É importante o conforto térmico dos animais para uma carne de qualidade.
Em síntese, a implementação de ações de BEA no abate de suínos pode impedir muitas perdas, beneficiando o abatedouro e os produtores que utilizam desse serviço.