Alimentação e Manejo Nutricional na Piscicultura

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Alimentação e Manejo Nutricional na Piscicultura

A alimentação é um dos aspectos mais cruciais na piscicultura, pois além de ser determinante para o resultado do cultivo, o fornecimento de ração é  responsável por 60% a 70% dos custos totais na produção, e, portanto, vai ser o principal fator pelo sucesso econômico ou não da atividade.

Leia também: Parâmetros de qualidade e temperatura no ambiente aquático na criação de peixes

A nutrição e o manejo alimentar dos peixes estão intimamente associados ao crescimento e taxa de conversão alimentar, à qualidade de água, à saúde e resistência a doenças, à tolerância ao manuseio e ao transporte, além de definirem a qualidade da carne e o rendimento de carcaça dos peixes. No caso de reprodutores, a nutrição e alimentação impactam tanto na quantidade de ovos produzidos quanto na qualidade das larvas.

Desse modo, a aplicação das boas práticas de alimentação e o uso de alimentos de alta qualidade são fatores fundamentais para o sucesso na criação comercial e lucratividade na piscicultura.

A alimentação e nutrição dos peixes

O progresso atual da ciência da nutrição de peixes se encontra em uma fase na qual já é possível elaborar fórmulas balanceadas e nutricionalmente completas para a maioria das principais espécies de peixes cultivadas. As diversas espécies de peixes têm necessidades nutricionais diferentes, principalmente relacionadas ao seu hábito alimentar – herbívoro, onívoro ou carnívoro. Peixes nas fases iniciais – alevinos e juvenis – também têm necessidades alimentares diferentes de peixes na fase final de engorda. E inicialmente, é importante conhecer quais são os principais nutrientes presentes na ração para ser ofertada.

Eles necessitam de proteína/aminoácidos, ácidos graxos essenciais, minerais, vitaminas e fontes energéticas. Esses nutrientes podem vir de organismos aquáticos naturais ou de rações preparadas, o que irá variar de acordo com o sistema e as condições de criação existentes. As rações levam, na sua composição, ingredientes de origem animal – como farinha de carne e ossos, farinha de peixe, farinha de penas e vísceras, entre outros, e de origem vegetal – como farelo de soja, milho, farelo de arroz, farelo de trigo, entre outros, como  também são suplementadas com vitaminas e minerais.

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Todos os peixes possuem necessidades definidas, tanto quantitativa como qualitativa, de vários nutrientes, sendo algumas altamente inter-relacionadas.

Praticas da alimentação

As rações comerciais fabricadas e disponíveis no mercado podem ter duas formas de apresentação:

  • Rações Peletizadas ou com alta densidade: são rações que afundam quando colocadas na água para os peixes, são menos processadas que a extrusada. Podem ser utilizadas em sistemas de cultivo mais simples.
  • Rações Extrusadas ou flutuantes: apesar de geralmente serem mais caras, permitem melhor gerenciamento e manejo da alimentação dos peixes, aumenta a digestibilidade e a estabilidade da ração na água. É a mais comum na piscicultura moderna.

De modo geral o produtor deve  estar atento a forma como o animal costuma procurar se alimentar, a exemplo disso temos a tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) espécie mais cultivada atualmente, que tem preferência por  rações que flutuem, pois geralmente se alimentam na superfície, ou facilmente adaptáveis aos mesmos. Quanto ao formato, muitos destes animais ingerem melhor as rações que apresentam formato arredondado do que aquelas com formato cilíndrico.

Problemas relacionados ao desbalanço nutricional da ração

Rações desbalanceadas, ou seja, que apresentam falta ou excesso de um ou mais nutrientes essenciais, podem levar a diversos problemas, inclusive à mortalidade dos peixes, e a  depender do nutriente em desbalanço, podem ocorrer problemas específicos como catarata, má-formação de ossos, feridas na pele, coloração anormal, entre outros. Outro fator que devemos levar em conta ao surgimento de problemas se trata da digestibilidade do animal, ou seja, quanto daquela ração ou de cada ingrediente em particular os peixes conseguem digerir.

Alimentação e Manejo Nutricional na Piscicultura
Piaractus mesopotamicus (Pacu) – criado com bom manejo nutricional.
Alimentação e Manejo Nutricional na Piscicultura
Cyprinus carpio (Carpa Hungara) com escoliose, lordose, apresentando amolecimento dos ossos da cabeça. Os principais motivos foram o excesso de estocagem e a subnutrição por falta da quantidade adequada de ração

Conhecendo a espécie cultivada e suas necessidades nutricionais

Alimentação e Manejo Nutricional na Piscicultura

As espécies herbívoras são criadas em conjunto com outros peixes para controlar a invasão de plantas indesejadas. Por não serem consideradas espécies principais nos cultivos, há muita pouca informação sobre suas necessidades nutricionais.

Os peixes onívoros, como tilápia, tambaqui, pacu, matrinxã, entre outros, são as principais espécies criadas no Brasil. Geralmente aceitam e conseguem digerir bem os ingredientes de origem vegetal, aproveitando-os tanto como fonte de energia quanto como proteína.

Os peixes carnívoros, como pintado, surubim e pirarucu, são adaptados a digerir peixes e outros pequenos animais, necessitando de alimentos com alta concentração de proteína (acima de 40%), similar ao que consomem na natureza. Essas espécies têm dificuldade em digerir a maior parte das rações com alta concentração de ingredientes vegetais, e concentrações acima do recomendado podem levar a sérios problemas nutricionais, de saúde e mortalidade. Outro aspecto muito importante é o sabor da ração (palatabilidade), pois os peixes carnívoros tendem a ter baixa aceitação por rações com alta concentração de ingredientes vegetais.

Rações para peixes carnívoros devem, portanto, ter a maior parte da sua proteína oriunda de fontes animais, o que acaba elevando o custo para o produtor.

Todos os peixes, sejam eles de hábito alimentar herbívoro, onívoro ou carnívoro, consomem o zooplâncton – animais microscópicos presentes na água, como principal alimento nas fases iniciais de vida. Esses animais são muito ricos em proteína e energia, nutrientes necessários para os pequenos peixes que apresentam elevada taxa de crescimento.

Etapas de manejo e nutrição alimentar

Conhecendo os tipos de alimentos

De acordo com a fase de cultivo, o piscicultor deve usar rações com diferentes quantidades de nutrientes, principalmente proteína, e distintas formas de apresentação (pó, granulada, entre outras) para alcançar melhor eficiência e crescimento dos peixes. Evite fornecer alimentos alternativos na piscicultura, pois isso leva a maior liberação de resíduos orgânicos – com a consequente piora na qualidade da água dos viveiros –, menor velocidade de crescimento, maior taxa de gordura nos peixes, assim como problemas associados ao mau sabor dos peixes.

Conheça os tipos de rações que são ofertadas no mercado

Escolha o fornecedor de ração não apenas com base no preço dos produtos, mas também na qualidade.

Conheça as técnicas de alimentação

Entenda os fatores que influenciam na alimentação dos peixes, observe as condições de qualidade de água, vento, locais, horários e forma de distribuição. Um mau manejo alimentar pode levar a problemas de desuniformidade do lote de peixes e piores taxas de conversão alimentar.

Defina um horário e local da alimentação e escolha uma única pessoa para ser responsável pela alimentação

Inicie o fornecimento da ração, sempre que possível, no mesmo local e procure também respeitar o mesmo horário, uma vez que os peixes se acostumam a isso.

Defina a forma de alimentação

O fornecimento da ração pode ser feito manualmente, mecanicamente ou de modo automatizado. A forma deve ser escolhida de acordo com o tamanho da piscicultura e das unidades de cultivo, e ser adequada à realidade da propriedade.

Conheça os cuidados para alimentação de alevinos

Os alevinos são peixes que apresentam rápido crescimento, proporcional ao seu peso/tamanho. Por isso, precisam receber várias refeições ao longo do dia.

Calcule a quantidade da ração

A quantidade de ração a ser fornecida para os peixes depende de uma série de fatores, como a espécie, o peso, a temperatura da água e a estratégia de produção adotada.

Alimentando os peixes

  • Assegure-se de que a qualidade da água esteja adequada.
  • Forneça a ração para os peixes.
  • Não forneça a ração se os peixes estiverem sem apetite.
  • Registre a quantidade fornecida.
  • Verifique se há sobras de ração.

Avaliando o desempenho do animal

Ultimo passo é avaliar o desempenho dos peixes ao longo do cultivo para verificar a qualidade da ração e se o crescimento deles está conforme o esperado, evitando desperdícios ou falta de alimento.

Por fim a alimentação na piscicultura é um elemento chave para o sucesso da produção de peixes. Um manejo nutricional adequado não só melhora a produtividade e a saúde dos peixes, como também contribui para a sustentabilidade econômica e ambiental da atividade. Investir em conhecimento e tecnologias avançadas para otimizar a alimentação é essencial para o desenvolvimento contínuo do setor.

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