Qual a importância do período seco para vacas leiteiras?

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periodo seco

O período seco compreende uma fase de grande importância para a vaca, pois trata-se da preparação do animal para a próxima lactação. Assim, a lactação atual do animal é finalizada e a próxima se iniciará no dia do parto. Além disso, durante o período seco é possível realizar tratamentos preventivos contra mastite, no qual podem evitar infecções futuras.

Importância do período seco

  1. Promove a redução da demanda do animal e desvia parte dos nutrientes para o crescimento fetal no fim da gestação;
  2. Proporciona a renovação das células epiteliais secretoras de leite;
  3. Permite a adaptação da vaca a dieta do inicio da lactação.

Anteriormente, acreditava-se que no período seco ocorria a inoculação da glândula mamária e, em seguida o crescimento para retomar sua massa inicial. Todavia, pesquisas demonstraram que há um maior turnover das células epiteliais da glândula, em que as células mais velhas e senescentes são substituídas por células mais novas e sinteticamente ativas.

Nesse sentido, para melhor determinação do começo do período seco, no qual a vaca dará início a fase de descanso, é necessário levar em conta a data prevista para o parto e qual será a duração desse período.

Duração do período seco

Tradicionalmente, o período seco tem duração mínima de sessenta dias em sistemas de produção de gado de leite intensivos. No caso de vacas mestiças (Holandês x Gir), nem sempre a vaca mantém a produção por períodos superiores a 300 dias, podendo o período seco ser maior que sessenta dias (GLORIA et al., 2010 apud MARCONDES et al., 2019).

Além disso, pesquisas indicam que a redução do tempo de descanso pode levar a diminuição na produção de leite durante o período de lactação subsequente.  Todavia, o grau de redução parece estar relacionado a outros fatores, como manejo e sanidade. Trabalhos realizados anteriormente indicaram que o período seco não deveria ser menor que 40 dias (SORENSEN; ENEVOLDSEN, 1991 apud MARCONDES et al., 2019).

Contudo, estudos recentes investigaram o efeito dos períodos de descanso mais curtos. Então observaram que animais com boas condições de saúde e bem estar não alteram a produção de leite acumulada da lactação posterior durante o período seco de 30 dias.

Além disso, é necessário enfatizar que o manejo e o potencial genético do rebanho são aspectos importantes que afetam a demanda por um maior ou menor período seco.

De acordo com Swanson, Coppock et al.(1974) conforme citado por Marcondes et al. (2019) apesar de existir um consenso de período seco ideal seja de 60 dias, vários estudos sugerem que 45 dias de período seco sejam suficientes para a involução da glândula mamária. Além disso, observam-se muitas fazendas brasileiras de alta tecnologia utilizando esta recomendação.

Procedimento para secagem

Antes de mais nada, a dieta do animal precisa ser modificada para possibilitar a redução do aporte de nutrientes para produção e essa mudança gera também o estresse do animal. Assim, em propriedades que optam por realizar a divisão de lotes, o animal deve ser realocado trinta dias antes da secagem em lotes de menor produção para promover a redução na produção e facilitar a secagem.

Então, durante a fase de secagem, é preciso reduzir o fornecimento de dieta energética (alimentos concentrados) ou até mesmo cessar totalmente. Contudo, o fornecimento de volumoso deve permanecer, podendo ser de menor qualidade. O consumo de água pelo animal não deve ser restringido.

O nível de produção também deve ser considerado, de forma que vacas com menor produção e persistência possam passar por um processo de secagem mais abrupto sendo totalmente ordenhadas e em seguida utilizado um antibiótico Intramamário de longa duração (tratamento da vaca seca).

No entanto, vacas com alta produção (10 mil L/305 dias de lactação) devem ser ordenhadas por três dias consecutivos após receberem a dieta de pior qualidade, para que posteriormente sejam ordenhadas totalmente e recebam o antibiótico Intramamário.

Leia também: Período de transição em vacas leiteiras

Além disso, se o animal estiver recebendo doses exógenas de bST a administração do mesmo deve ser interrompida pelo menos 30 dias antes da data da secagem.

Estudo sobre método de secagem

O método de secagem é algo a ser discutido, pois vai da preferência de cada produtor, ou seja, alguns preferem secar gradualmente e outros de forma abrupta. Além disso, de acordo com Gott et al. (2017) conforme citado por Marcondes et al. (2019), estudos realizados em 8 fazendas e um total de 428 animais.

Nesse estudo, um grupo de vacas foram secas de forma abrupta com a interrupção das ordenhas na data prevista para secagem. Em contra partida, no outro grupo as vacas foram secas de forma gradual, ou seja, sendo ordenhadas uma vez por dia na última semana antes da data prevista da secagem. Após a última ordenha, ambos os grupos receberam antimicrobiano Intramamário.

Apesar disso, a relação de animais com mastite no dia do parto e sete dias após o parto foi similar entre os dois métodos, assim como a CCS (Contagem de Células Somáticas) na lactação subsequente. Portanto, o método de secagem deve ser uma escolha particular de cada fazenda sendo preciso avaliar qual se adapta melhor em cada caso.

Uso de antimicrobianos

Historicamente, a utilização de antimicrobianos no momento da secagem era como uma regra. Todavia, o uso indiscriminado desses fármacos levou ao desenvolvimento de resistência bacteriana tornando a utilização desses antimicrobianos questionável, devido a substancial ameaça à saúde pública.

Ou seja, a utilização desses antibióticos de forma preventiva deve ser limitada a susceptibilidade de patógenos reconhecidos previamente antes do tratamento. Atualmente, o recomendado é que seja realizado a cultura microbiológica individual do leite das vacas antes da secagem. Em outras palavras, essa cultura microbiológica torna possível identificar os agentes causadores da infecção Intramamária.

Então, caso o animal não apresente crescimento bacteriano ou fúngico na cultura, é recomendando realizar a secagem apenas com selante (tampão de queratina) e pós-dipping.  Caso contrário, se houver crescimento bacteriano ou fúngico, o antibiograma é recomendado para determinar qual o melhor antibiótico a ser utilizado.

É preciso levar em consideração também o histórico do animal, casos de mastite e CCS durante a lactação para que possa ser definido o melhor protocolo de secagem a ser utilizado. Ressalta-se ainda, que animais positivos para Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiae possuem taxa de cura maior durante a secagem (O’ROURKE e BAGGOT, 2004; BRADLEY, et al., 2010 apud MARCONDES et al., 2019).

Depois da última ordenha no processo de secagem é comum que o úbere se encha novamente, porém não se deve ordenhar novamente a vaca pois esse leite produzido gera pressão interna na glândula mamária que auxilia na inibição da síntese do leite (MARCONDES et al., 2019)

Contudo, é necessário observar o animal para reconhecer possíveis sinais de inflamação.

Referências

MARCONDES, M. I.; ROTTA, P. P.; PEREIRA, B. de M. Nutrição e Manejo de Vacas Leiteiras. 1. ed. Viçosa-MG: UFV, 2019. v. 1. 236 p.
MARCONDES, M. I. et al. Nutrição e Manejo: de vacas de leite no período de transição. 1. ed. Viçosa-MG: UFV, 2019. v. 1. 56 p.

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