Sabe – se que os búfalos domésticos (Bubalus bubalis), são animais rústicos, muito dóceis e de incrível produção, tanto de leite quanto para carne, e pensando no seu conforto e em uma maior produtividade, é necessário entender o que é bem-estar para os búfalos, mostrando que seu manejo não é igual como os de outros ruminantes.
Sendo assim, caso a propriedade possa ter alguma área alagada no local onde os búfalos ficam, será importante, pois irá acrescentar no manejo e no relaxamento dos animais. Isso é preferível, pois os búfalos possuem um menor número de glândulas sudoríparas em relação aos outros animais e sua pele escura apresenta uma espessa camada de epiderme, fazendo com que eles sejam menos eficientes na termorregulação corpórea. Em algumas raças, os búfalos tem os chifres com um certo propósito para ajudar a se cobrir de água ou lama, ajudando na sua termorregulação.
É importante que se ofereça sombra e água para banho aos búfalos. Entretanto, é interessante não dimensioná-las de forma a superlotar o espaço, a fim de evitar mais situações de estresse para os animais. Durante o inverno, os búfalos costumam pastejar durante o dia, enquanto no verão o pastejo fica restrito ao início da manhã e final da tarde, quando a radiação solar não é muito intensa, de modo que o pastejo noturno é muito comum. Nos períodos quentes do dia, os animais tendem a procurar açudes, rios ou grandes poças de água ou lama para se refrescarem, como visto na figura acima.
Portanto, os bubalinos diferem-se dos bovinos em seus hábitos e possibilidades de pastejo, já que os primeiros podem ser considerados animais semiaquáticos e são capazes de pastar em condições muito mais úmidas que os bovinos, e até mesmo comer plantas semi ou completamente submersas.
Uma curiosidade interessante, na Tailândia, em um quartel militar, ocorre um projeto desde 2010, com crianças autistas. Seu objetivo é para se ter uma melhora em sua sociabilidade e desenvolvimento de habilidades motoras, e também, conhecer e perder o medo dos animais. O tratamento é montar em búfalos na água para participar de brincadeiras, unindo o bem-estar dos animais com o das crianças.
Este tratamento é semelhante aos que utilizam cavalos ou elefantes, mas com a vantagem de que os búfalos são mais mansos, explicou à Agência Efe o general Boonthum Oris, comandante do quartel. “Nós, tailandeses, domesticamos esses animais há muito tempo. Os elefantes são muito grandes e os cavalos muito velozes e difíceis de controlar, mas os búfalos são mais pacientes”, garantiu o militar.
Portanto, no Brasil, o búfalo é reconhecido pela maioria das pessoas envolvidas na cadeia produtiva como um animal “rústico”, que tem a capacidade de se adaptar e manter sua produção em qualquer condição ambiental, até mesmo em escassez de alimento. Por conta disso, na maioria das vezes, devido à falta de conhecimento com relação às necessidades desses animais pelos produtores, há descaso em relação aos cuidados com os búfalos, o que acaba refletindo em baixos índices zootécnicos e baixo grau de bem-estar animal. Nesse sentido, estudos sobre o comportamento e o bem-estar de búfalos se tornam extremamente necessários, uma vez que estes são uma importante ferramenta para o desenvolvimento dos sistemas de criação.
Referências:
CARVALHAL, Monique Valéria de Lima; COSTA, Franciely de Oliveira. Produção e bem-estar de búfalas (Bubalus bubalis) leiteiras: uma revisão. Jaboticabal: Revista Acadêmica: Ciência Animal, 2018.
ABLAS, Denise de Souza et al. COMPORTAMENTO DE BUBALINOS A PASTO FRENTE A DISPONIBILIDADE DE SOMBRA E ÁGUA PARA IMERSÃO. São Paulo: Ciência Animal Brasileira, 2007.
RUIZ-CANELA, Gaspar. Terapia com búfalos d’água ajuda crianças autistas na Tailândia. Lopburi: Uol, 2013.