A ranicultura é um ramo da aquicultura e representa o cultivo de rãs com fins comerciais. A espécie de rã criada no Brasil é a rã-touro (Lithobastes castesbeianus), trazida da América do Norte em 1935 e instalado seu primeiro criatório (ranário) na Baixada Fluminense (RJ). O Brasil é o segundo maior produtor mundial, ficando atrás apenas de países como Taiwan onde a caça e extrativismo desses animais ainda são muito difundidos. No Brasil há duas espécies principais de rãs com possíveis fins comerciais, a rã-pimenta e a rã-manteiga (paulistinha), porém apresentam menor desempenho produtivo que a rã-touro e ainda não é autorizada sua produção comercialmente. Na natureza o declínio da população de rãs tem se dado principalmente pela degradação de matas ciliares, uma vez que esses animais dependem tanto de ambientes aquáticos quanto terrestres para se desenvolver.
As rãs, ao contrário do que muitos pensam, não são venenosas como os sapos de jardim que possuem glândulas excretoras de veneno. Rãs, sapos e pererecas pertencem a mesma ordem, Anura, sendo anfíbios, tem parte de seu desenvolvimento em água e parte em ambiente terrestre. Outro fato que muitos ainda pensam é que a rã é a fêmea do sapo, mas não é bem assim, existem machos de rã e fêmeas de rã.
O nome “rã-touro” se deve ao fato de que em fase de acasalamento o macho produz um coaxar tão alto que lembra o mugido de boi. O ciclo produtivo desses animais dura em média 7 meses (da fase de ovo ao adulto), acasalam de agosto a maio e em apenas uma reprodução as fêmeas podem liberar de 25 a 30 mil ovos na água. As fêmeas de rã possuem ouvidos menores e menos pigmentados que os do macho, tornando uma característica visível entre indivíduos, a coloração da pele varia de um verde claro a verde escuro.
A reprodução é feita em açudes que se assemelham ao ambiente natural, os ovos são coletados (com muito cuidado) e levados para tanques com água corrente até se tornarem girinos, fase na qual são onívoros. Ao se tornarem girinos, são levados para tanques de engorda por um período de 2 meses (em média) até iniciar a metamorfose (aparecimento de cauda e cabeça) e no fim dessa fase são denominados “imagos” que seria o animal já completamente formado, porém ainda jovem.
Após se tornarem imagos, as rãs são levadas para tanques de engorda onde ficarão até a fase de abate (abatidos com 250 g), é nessa fase também que ocorre mortalidade (cerca de 20%) devido a adaptação com o ambiente e alimentação, uma vez que nessa fase são exclusivamente carnívoras com hábitos caçadores, por isso necessitam de incrementos na ração como larvas de mosca (para atrair o animal) e uma ração com 40% de proteína bruta (PB). A marcação dos animais pode ser feita com o corte dos dedos ou microchip, depende do capital para investimento por parte do ranicultor.
As rãs, assim como peixes, também realizam funções vitais na água, por isso necessitam de mão-de-obra que se atente a qualidade de água, uma vez que esse mesmo fator influencia na eclosão de ovos. Assim como toda produção, é essencial que se tenha o máximo de higiene e profilaxia para evitar doenças, pois uma vez instalada causa mortalidade.
Um dos principais produtos oriundos da rã é a carne que apresenta alto valor comercial, podendo variar de R$ 35-60 reais o kg, classificando-a como carne nobre. A pele da rã também tem fins medicinais, sendo usada para tratamento de queimaduras.
Sendo assim, o Brasil tem grande potencial para essa cultura, porém a “popularização” do consumo da carne de rã ainda é um entrave, mesmo tendo quase total da produção consumida internamente (principalmente por restaurantes). Outro fator limitante é a aparência do animal que impacta diretamente na aceitação do consumidor. Por isso, para iniciar um ranário é necessário que se tenha conhecimento da região e pesquisas relacionadas ao mercado que será o principal foco da produção.
Referências:
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/e-verdade-que-a-urina-do-sapo-pode-cegar-uma-pessoa/