Ranicultura

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A ranicultura é um ramo da aquicultura e representa o cultivo de rãs com fins comerciais. A espécie de rã criada no Brasil é a rã-touro (Lithobastes castesbeianus), trazida da América do Norte em 1935 e instalado seu primeiro criatório (ranário) na Baixada Fluminense (RJ). O Brasil é o segundo maior produtor mundial, ficando atrás apenas de países como Taiwan onde a caça e extrativismo desses animais ainda são muito difundidos. No Brasil há duas espécies principais de rãs com possíveis fins comerciais, a rã-pimenta e a rã-manteiga (paulistinha), porém apresentam menor desempenho produtivo que a rã-touro e ainda não é autorizada sua produção comercialmente. Na natureza o declínio da população de rãs tem se dado principalmente pela degradação de matas ciliares, uma vez que esses animais dependem tanto de ambientes aquáticos quanto terrestres para se desenvolver.

Rã-touro (Lithobastes castesbeianus). Fonte: http://ranatoroglm8a.blogspot.com/2013/05/

As rãs, ao contrário do que muitos pensam, não são venenosas como os sapos de jardim que possuem glândulas excretoras de veneno. Rãs, sapos e pererecas pertencem a mesma ordem, Anura, sendo anfíbios, tem parte de seu desenvolvimento em água e parte em ambiente terrestre. Outro fato que muitos ainda pensam é que a rã é a fêmea do sapo, mas não é bem assim, existem machos de rã e fêmeas de rã.

O nome “rã-touro” se deve ao fato de que em fase de acasalamento o macho produz um coaxar tão alto que lembra o mugido de boi. O ciclo produtivo desses animais dura em média 7 meses (da fase de ovo ao adulto), acasalam de agosto a maio e em apenas uma reprodução as fêmeas podem liberar de 25 a 30 mil ovos na água. As fêmeas de rã possuem ouvidos menores e menos pigmentados que os do macho, tornando uma característica visível entre indivíduos, a coloração da pele varia de um verde claro a verde escuro.

A reprodução é feita em açudes que se assemelham ao ambiente natural, os ovos são coletados (com muito cuidado) e levados para tanques com água corrente até se tornarem girinos, fase na qual são onívoros. Ao se tornarem girinos, são levados para tanques de engorda por um período de 2 meses (em média) até iniciar a metamorfose (aparecimento de cauda e cabeça) e no fim dessa fase são denominados “imagos” que seria o animal já completamente formado, porém ainda jovem.

Imago de rã-touro (Fonte: Embrapa)

Após se tornarem imagos, as rãs são levadas para tanques de engorda onde ficarão até a fase de abate (abatidos com 250 g), é nessa fase também que ocorre mortalidade (cerca de 20%) devido a adaptação com o ambiente e alimentação, uma vez que nessa fase são exclusivamente carnívoras com hábitos caçadores, por isso necessitam de incrementos na ração como larvas de mosca (para atrair o animal) e uma ração com 40% de proteína bruta (PB). A marcação dos animais pode ser feita com o corte dos dedos ou microchip, depende do capital para investimento por parte do ranicultor.

As rãs, assim como peixes, também realizam funções vitais na água, por isso necessitam de mão-de-obra que se atente a qualidade de água, uma vez que esse mesmo fator influencia na eclosão de ovos. Assim como toda produção, é essencial que se tenha o máximo de higiene e profilaxia para evitar doenças, pois uma vez instalada causa mortalidade.

Ranário (Fonte: Recolast)

Um dos principais produtos oriundos da rã é a carne que apresenta alto valor comercial, podendo variar de R$ 35-60 reais o kg, classificando-a como carne nobre. A pele da rã também tem fins medicinais, sendo usada para tratamento de queimaduras.

Sendo assim, o Brasil tem grande potencial para essa cultura, porém a “popularização” do consumo da carne de rã ainda é um entrave, mesmo tendo quase total da produção consumida internamente (principalmente por restaurantes). Outro fator limitante é a aparência do animal que impacta diretamente na aceitação do consumidor. Por isso, para iniciar um ranário é necessário que se tenha conhecimento da região e pesquisas relacionadas ao mercado que será o principal foco da produção.

Referências:

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/e-verdade-que-a-urina-do-sapo-pode-cegar-uma-pessoa/

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