A bovinocultura brasileira é responsável pela produção de 35,3 milhões de litros de leite (IBGE, 2023) sendo um dos maiores produtores mundiais, ficando atrás apenas de países como EUA e Índia (FAO, 2019). O rebanho nacional é composto por grande parcela de bovinos de leite da raça holandesa, onde tem um período de lactação de 305 dias, com média de 9.036 Kg de leite, com média de 29,7 litros por dia (SENAR). Além do mais, essa produtividade é decorrente de um trabalho intenso e de aperfeiçoamento nas condições de manejo, genética e ambiental dentro da cadeia leiteira.
Leia também: Biotecnologia associada a zootecnia e seus benefícios
O melhoramento genético tem por finalidade propagar características desejáveis às proles, oriundas de animais com genética comprovada. Assim, ao se realizar a seleção e cruzamento dos animais, busca-se produzir animais com grande produção de leite, que tenha um bom percentual de sólidos (gordura, proteína), animais longevos, com boa conformação de tamanho, peso e aprumos, que sejam resistentes a enfermidades, além de terem uma boa conversão alimentar.
Como selecionar os animais?
Os animais escolhidos para a reprodução devem ser selecionados conforme suas características, sendo que uma pode ter influência sobre a outra. Nesse viés, para que seja possível o melhoramento é necessário introduzir ferramentas que viabilizam a seleção de touros e matrizes com maior precisão, tornando assim o sistema mais ágil e eficiente.
Além disso, é importante considerarmos que mesmo possuindo bons reprodutores, certas características podem não ser transmitidas aos seus descendentes, pois varia da interação entre os genes e o grau de herdabilidade, do qual esta pode ser alta ou baixa. Como exemplo, características de produção têm uma herdabilidade de baixa a moderada (h² 0,25 a 0,50) em contrapartida às características relacionadas à reprodução, que apresentam uma baixa herdabilidade (h²=0,05), visto que, a reprodução tem grande influência do ambiente, da nutrição e manejo. Assim, ao introduzir uma genética de melhor qualidade ao rebanho, os animais terão melhor desempenho produtivo, além de contribuir para uma melhor conformação corporal, maior longevidade e resistência a doenças, resultando em um rebanho mais saudável e sustentável. Isso não apenas maximiza os lucros dos produtores, mas também promove um ciclo de melhoria contínua na bovinocultura leiteira.
Acesse também nosso LinkedIn e nos siga: Zootecnia Brasil
Os animais são selecionados conforme suas características genotípicas e fenotípicas, desta maneira há avaliação dos animais por meio da adoção de programas de controle leiteiro, onde é possível observar a produção e saúde do rebanho. Ainda assim, é possível a realização de testes que são capazes de identificar marcadores associados com características específicas, como resistência a mastite.
Biotecnologias
A Inseminação Convencional e a inseminação artificial em tempo fixo são duas biotecnologias de reprodução que desempenham um papel importante no melhoramento, do qual uma complementa a outra, a primeira por se mais simples, possibilita o uso de sêmen de touros com genética superior, o que permite a maximização de um plantel mais produtivo, de melhor qualidade e em menor tempo. Já a IATF, além de ser possível o uso de sêmen de touros provados, ela sincroniza o ciclo estral do rebanho, o que ajuda a aumentar os índices produtivos e reprodutivos da propriedade.
Além da genética, fatores como bem estar e manejo, são relevantes, visto que, quanto mais o animal tiver uma genética superior, maior será sua exigência e para que ele possa corresponder o seu potencial produtivo, essas exigências devem ser atendidas, ou seja, animais bem cuidados e sadios são mais produtivos, mais fortes e menos propensos a terem doenças.
Por fim, o investimento em programas de melhoramento gera vantagens para os produtores, pois possibilita no aumento da produção, seja na quantidade, como na qualidade. Além do mais, um plantel adaptado ao ambiente e bem cuidado reduz custos, melhorando assim a viabilidade e sustentabilidade.
Referências:
Painel de Indicadores | IBGE. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/indicadores#variacao-do-pib>. Acesso em: Nov 2024
Mapa do Leite. Disponível em: <https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/producao-animal/mapa-do-leite>. Acesso em Nov 2024
LUCIANO et al., Melhoramento Genético em Bovinos Leiteiros. 2016. Universidade anhembi morumbi. Acesso em Nov 2024
CAMPOS, C. Melhoramento Genético Animal e Reprodução de bovinos de leite Controle reprodutivo: Avaliação da eficiência reprodutiva de bovinos leiteiros. [s.l: s.n.].