
No Brasil, a pecuária de corte é uma atividade predominantemente a pasto. Essa característica torna a atividade sustentável economicamente, socialmente e ambientalmente, além da competitividade em grande escala. Em regiões onde os regimes chuvosos são estacionários, como o Brasil Central (Cerrado), no periodo da seca as pastagens se encontram com baixa qualidade nutricional, possuindo um elevado teor de fibra indigestível, redução do teor de proteína bruta e palatabilidade. Surge então a necessidade do uso de suplemento para suplementar a dieta (lembre-se, suplementa-se a dieta e não o animal). Mas quais os tipos e diferenças?
Suplemento mineral
Esse tipo de suplementação busca atender possíveis deficiências de minerais. O uso de suplemento mineral é um avanço em relação ao simples e errôneo uso de sal branco (NaCl). O Sal branco entra em cerca de 30 a 50%, tendo a crucial função de regular o consumo. Todavia, vale ressaltar que o efeito regulatório advindo do NaCl é variável. No Brasil, costuma-se suplementar altas doses de fósforo (P) nas misturas minerais e suplementos, uma vez que há deficiência desse mineral em muitas das forrageiras cultivadas por aqui. Entretanto, muitas das vezes a suplementação desmedida desse mineral é um desperdício, cabendo uma avaliação da forrageira e de outros alimentos fornecidos aos animais. Por último, suplemento mineral pronto jamais deve ser diluído com sal branco no intuito de prolongar a duração.
Suplemento proteico
E comum que durante a época da seca no Brasil central as pastagens encontrem-se com teor de Proteína Bruta em torno ou abaixo de 6-7%. Nessas condições os animais reduzem o consumo por deficiência de nitrogênio (N). Suplementar a dieta com fontes proteicas favorece os microrganismos ruminais e aumenta a ingestão de forragem voluntariamente, melhorando assim o balanço energético do animal sob pastejo. A ureia é uma fonte de Nitrogênio Não Proteico – NNP, isso porque os microrganismos ruminais são capazes de usar esse substrato para sua própria produção, e posteriormente, ao sairem do rúmen se tornam proteína verdadeira para o hospedeiro. Fontes proteicas ricas em Proteína digestível no rúmen – PDR também são uma ótima opção para suplementação proteica. É comum escutar os termos suplemento proteico de baixo consumo, ou suplemento 0,1. Esse 0,1 refere-se a um consumo de 0,1% do peso vivo do animal, ou cerca de 100 g a cada 100 kg de peso vivo. É de baixo consumo exatamento pela quantidade ingerida. Um animal pesando 450 kg, consumindo um suplemento proteico 0,1, estaria consumindo [(0,1/100)*450] = 0,450 kg ou 450 g de suplemento.
Quanto aos cuidados com suplementos contendo ureia, leia: Por que dar ureia para o gado?
Suplemento proteico-energético
O suplemento proteico-energético, como fica claro pela nomenclatura, suplementa a dieta com proteína e energia. Longe de ser uma unanimidade, mas é corriqueiro o uso das nomenclaturas: Suplemento proteico-energético 0,3; suplemento 0,3; suplemento 0,5; 0,6 e 0,7. Assim como no suplemento proteico, esses valores dizem respeito a quantidade esperada de ingestão em porcentagem do peso vivo. Note que o consumo do suplemento proteico-energetico é maior.
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O uso dessa suplementação é uma estratégia buscando corrigir a deficiência de energia prontamente disponível para os microrganismos, otimizando a atividade ruminal. O uso dessa estratégia pode ser diverso, por exemplo:
- Baixa disponibilidade forrageira;
- Reduzir o consumo de pasto (efeito substitutivo);
- Baixa qualidade da forrageira (avançada lignificação);
- Intensificação do sistema buscando maior GMD;
Deve-se tomar cuidado ao usar a suplementação proteico-energética, uma vez que seu valor é maior que os demais e devem ser considerados no custo da arroba produzida (R$/@ produzida). Além disso, conforme aumenta-se a inclusão e consumo do suplemento, outros efeitos associativos podem ocorrer.
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