O sucesso da bovinocultura de leite está diretamente atrelado ao desempenho do sistema de criação da bezerra. As etapas de desenvolvimento da bezerra representam o futuro da leiteria e, é fundamental para a reposição do plantel, de vacas de descarte, melhoramento do ganho genético do rebanho, elevando ainda mais a produtividade e os índices econômicos da propriedade (FRUSCALSO, 2018).
Diante disso, para que os resultados sejam evidentes logo após o primeiro parto, é de vital importância o investimento em tecnologias, nutrição, mão-de-obra e sanidade. Apesar desse aporte financeiro ser muito alto durante essa fase, em algumas propriedades leiteiras, ainda assim, as taxas de morbidade e mortalidade de bezerras são altas. Por conta disso, muitas pesquisas são desenvolvidas no intuito de esclarecer os fatores de manejo que estão relacionados à melhoria da saúde e desempenho, redução da idade ao primeiro parto e por consequente, a futura produção de leite dessas bezerras.
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É importante ressaltar que a maioria dos problemas de saúde de bezerras decorrem de um manejo inadequado. E todos estes pontos impactam diretamente a rentabilidade de uma atividade leiteira. Como consequência, é crucial o trabalhar de forma preventiva, diminuindo as perdas por óbitos e geradas pelo tratamento de quadros clínicos, em casos de problemas digestórios e respiratórios.
O que define leite de descarte?
Trata-se de um “leite” formado por um conjunto de características. Que não é aceito pelas indústrias, por serem compostos por doenças como a mastite, tratamento com antibióticos, problemas sanitários, ou colostro ou leite de transição. A composição nutricional do leite de descarte é variada, e pode conter resíduos de antibióticos que aumentam a resistência bacteriana e levam a ineficácia dos antimicrobianos disponíveis no mercado. Não é próprio para o consumo humano! Pois por ser um “produto” que tem em sua composição resquícios de resíduos farmacológicos de doenças como mastite, impede sua comercialização e o consumo humano.
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Este leite representa perda econômica para o produtor e um problema de resíduo na fazenda. Para evitar esta perda vários produtores fornecem este leite para outros animais, para bezerras ou descartam no meio ambiente, contudo estas medidas não são indicadas.
Diante disso, o leite de descarte é impróprio para o consumo humano, será uma boa opção para as bezerras?
A resposta é bastante controversa. Muitos produtores fornecem esse leite para as bezerras em fase de aleitamento, contudo esta prática não é aconselhável em função da alta concentração de resíduos, podendo aumentar o risco de resistência bacteriana em bactérias intestinais e a transmissão de bactérias causadoras de mastite para as bezerras em crescimento (TELLES, 2016; MARTINS, 2017).
Fornecer esse leite para as bezerras pode gerar várias complicações futuras aos animais, como: favorecer diarreias causadas pela transmissão das bactérias E. Coli, Streptococcus e Staphylococcus, que se encontram no leite com mastite, resultando em menor ganho de peso diário das bezerras, problemas como pneumonia, otite, problemas de articulação e artrite (CARVALHO, 2016). Além disso, o fornecimento de leite com resíduos para bezerras pode trazer problemas como o aumento do risco de resistência bacteriana em bactérias intestinais e a transmissão de bactérias causadoras de mastite para as bezerras em crescimento (TELLES, 2016).
Antes do fornecimento efetivo deste para os animais, alternativas e cuidados para melhorar a qualidade do leite de descarte e torná-lo seguro para o consumo das bezerras devem ser tomadas, além de auxiliar o produtor para que não tenha grandes perdas econômicas. Por exemplo, não fornecer para as bezerras nos primeiros dias de vida, pois a parede intestinal é mais permeável às bactérias causadoras de doenças e não o utilizar se ele tiver alterações visuais como presença de sangue, leite aquoso ou excesso de grumos. Diluir o leite da primeira ordenha após o tratamento com antibiótico em leite sem antibiótico, buscando reduzir a carga do princípio ativo.
A pasteurização do leite é uma opção. A 72°C por 15 a 20 segundos ou 65°C por 30 minutos. Essa é uma ótima opção, pois com a fervura do leite, a carga de bactérias patogênicas diminuem. Ainda, esse processo pode ser feito na própria casa do produtor, evitando gastos a mais e envios para a pasteurização em empresas e no laticínio (ALVES, 2017).
Pesquisas devem ser feitas a respeito deste assunto, pois a literatura é escassa. Deve-se buscar a melhor maneira para os produtores descartarem este leite, sem gerar perdas econômicas e/ou ambientais. Contudo, enfatiza-se que os produtores devem maximizar os cuidados sanitários com o rebanho e respeitar o período de carência dos fármacos, já que a melhor solução é a prevenção.
Referências:
ALVES, R. C. et al. ESTUDO SOBRE A DESTINAÇÃO DO LEITE DE DESCARTE. 2017.
CARVALHO, L.A.; NOVAES, L.P.; MARTINS, C.E. et al. Gado de Leite Sistema de Produção – EMBRAPA. Disponível em < https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br>. Acesso em: 18 de agosto de 2022.
CARVALHO, V.E.; SILVA, T.P.; SILVA, M.A.F.; VARGAS, R.T.; NORONHA, C.M.S.; SANTOS, F.A.C. Comparação do ganho de peso de bezerras alimentadas com leite de descarte e de leite normal durante a fase de aleitamento.
FRUSCALSO, Vilmar et al. FATORES ASSOCIADOS À MORBIDADE, À MORTALIDADE E AO CRESCIMENTO DE BEZERRAS LEITEIRAS LACTENTES. Tese (Pós-graduação) – [S. l.], 2018.
TELLES, D. Desafio com o leite de descarte pode ser solucionados com homeopatia. Disponível em: <http://www.universidadedoleite.com.br/artigo-desafio-com-o-leite-de-descarte-podeser-solucionados-com-homeopatia>. Acesso em: 17 de agosto de 2022.