O estudo do comportamento alimentar dos animais de produção é uma ferramenta utilizada estrategicamente para adequações de manejo como a oferta de alimentos ou até mesmo cuidados sanitários para que se possa manter a saúde do rebanho. Além disso, auxilia na divisão de lotes ou dimensionamento de espaço disponível (espaço de cocho por exemplo).
Para Broom e Fraser (2010) conforme citado por SILVA (2016), as alterações fisiológicas isoladas não explicam toda variação do comportamento alimentar, pois esse comportamento é influenciado por esforço, tanto positivo quanto negativo, proveniente da palatabilidade dos alimentos pelas associações ambientais e sociais da alimentação.
Tipos de comportamento alimentar
COMPORTAMENTO DE PASTEJO
Os animais tem a preferência de pastejar em locais que possuem a massa de forragem superior, permitindo assim, a seleção e a ingestão de forragem de melhor qualidade. Porém, em situações que há baixa lotação de animais por área, os mesmos tendem a repetir a área já pastejada para aproveitar a rebrota da forragem e consumir um alimento de qualidade superior.
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BUSCA POR ALIMENTOS
A busca por alimentos varia de espécie para espécie. Por exemplo, os ruminantes quando se encontram em vastas pastagens tendem a empregar uma grande parcela de energia na busca de material verde que valha a pena consumir.
HABILIDADE NA OBTENÇÃO DE ALIMENTOS
A facilidade de colheita de alimentos pelos animais domésticos é um fator que eles levam em consideração ao decidirem como e o que ingerir. Em geral, esses animais aprendem de modo muito rápido quando o alimento é oferecido em um local novo ou quando necessitam realizar um novo procedimento para a sua obtenção (SILVA, Sebastião. 2016, p. 52).
TAMANHO DA REFEIÇÃO E SELEÇÃO DE ALIMENTOS
Em geral, um animal adulto com alimentação livre consome alimento suficiente para manutenção do seu peso e do seu corpo. Contudo, os animais possuem requerimento de uma variedade de nutrientes, muitas vezes derivados de diferentes tipos de alimentos. Vale ressaltar, que o sabor dos alimentos influencia na escolha.
EFEITO DA PERTURBAÇÃO
Segundo (SILVA, 2016) os momentos do início à parada de ingestão de alimentos e a taxa de consumo podem ser agitados consideravelmente pelas condições climáticas, predadores, insetos e competidores. Os animais podem deixar de se alimentar durante o período mais quente do dia, visto que precisam procurar sombra nesse momento ou podem parar de se alimentar durante as chuvas ou ventos fortes, uma vez que os movimentos normais de se alimentar são difíceis nessas condições. Se um animal sente a presença de um predador imediatamente ele para de se alimentar.
Ainda de acordo com (SILVA, 2016) é necessário ressaltar que os animais domésticos mantêm alguma vigilância para predadores potenciais. Vale ressaltar que o ser humano é considerado pelos animais domésticos como um predador, podendo a perturbação causada por pessoas ter um efeito considerável sobre a ingestão alimentar.
INTERAÇÕES SOCIAIS
Os animais domésticos em sua maioria vivem em grupo, e determinadas espécies como bovinos, suínos e principalmente ovinos diminuem o consumo de alimentos ao serem retirados de seus grupos e alojados individualmente, pois se sentem ameaçados. Além disso, quando o alimento é fornecido de modo continuo, animais socializados tendem a sincronizar a alimentação.
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Algumas espécies de animais e seus comportamentos
BOVINOS
Para a ingestão de alimentos, os bovinos contam com um alto grau de movimentação da língua para coletar uma porção da planta forrageira e trazê-la à boca, os incisivos inferiores e a língua mantem a forragem no lugar enquanto ela se rompe pelo movimento da cabeça. Assim, após apreender uma porção de bocados, o animal manipula o material, mastigando-o apenas duas ou três vezes antes de engoli-lo. O animal move a cabeça e da alguns passos para realizar uma nova a apreensão em uma próxima área. Além disso, o tamanho do bocado, a taxa de bocados, o número de movimentos da cabeça e a taxa de deslocamento por passo são todos afetados pela altura do pasto.
Por outro lado, quando confinados, os bovinos alteram o comportamento alimentar em detrimento do que lhe é fornecido, mas claramente demonstram preferências por certos alimentos como concentrado.
SUÍNOS
Fuçar é uma característica do comportamento alimentar dos suínos e mesmo quando alimentados com ingredientes farelados os porcos demonstram o comportamento de fuçar para se alimentar. Como onívoros e soltos na natureza esses animais ingerem uma grade variedade de alimentos incluindo plantas e animais, contudo, em sistemas modernos de criação os mesmos são alimentados com rações concentradas.
Normalmente, os suínos realizam a ingestão de alimentos e água no decorrer do dia, mas a ingestão de água depende da fase em que o animal está, do tamanho desses animais e das condições ambientais. De modo geral, em condições normais, suínos adultos consomem uma média de 8L/dia de água e em fase de gestação esse consumo pode chegar a 10L/dia e em fase de lactação até 30L/dia.
OVINOS
Entre os animais domésticos, o ovino é um dos que apresentam mecanismos anato morfológicos mais propícios à sobrevivência em regiões de altas temperaturas, desde que a umidade do ar seja baixa (SIQUEIRA, 1990 apud QUESADA et al. apud SILVA, 2016).
O comportamento alimentar dos ovinos está concentrado no período diurno, pois o pastejo está intimamente relacionado com o nascer do sol. Esse comportamento é pontuado por ruminação, descanso e outras atividades. (SILVA, Sebastião. 2016, p.59)
Sabe-se que as ovelhas possuem preferências por certas plantas forrageiras para pastejar e não consomem forragem contaminada por fezes. Apesar dessas limitações, elas consomem uma média de 2 a 5% de seu peso corporal por dia e tendem a evitar touceiras de vegetação e colmos de gramínea morta.
Além disso, os ovinos costumam frequentar uma fonte de água específica. Normalmente, eles usam um caminho específico para tal fonte, preferindo seguir a rota reconhecida em vez da rota diferente. Tal como acontece com os alimentos, a ingestão de água varia com a espécie, qualidade do pasto e condições climáticas.
Referências:
SILVA, S. Comportamento e bem estar de animais: A importância do manejo adequado para
os animais de produção. 1. ed. Viçosa-Mg: Aprenda Fácil, 2016. 311 p.