Já parou pra pensar em suplementação com volumosos para bovinos de corte?

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O Brasil detém o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, sendo a maior parte dos animais abatidos (87%) provenientes de sistemas de produção cujo pasto é o volumoso principal na dieta (ABIEC, 2019). Animais assim alimentados apresentam déficits nutricionais que, se não corrigidos, conduzem a menor produtividade dos fatores de produção. A suplementação adequada pode minimizar as consequentes perdas de desempenho e melhorar a lucratividade.

Pode ocorrer a suplementação com concentrados ou com volumosos. A escolha pode ser feita em função da disponibilidade de cada um destes, da infraestrutura para oferta aos animais e do maquinário, dependendo do tamanho da fazenda.

A natureza e a quantidade de suplemento atrelado ao valor alimentar do volumoso, são os aspectos majoritários constituintes dos fatores nutricionais determinantes para o consumo de matéria seca. Após os fatores não nutricionais, com base no conceito clássico estabelecido por Poppi et al. (1997), os fatores nutricionais são os maiores limitantes para o máximo consumo. Esta é a condição reponderante para alcançar maior desempenho animal, havendo sensível relação entre estas duas variáveis (WALDO E JORGENSEN, 1981).

É sabido que, na maior parte dos cenários ao longo do ano, a dieta composta somente de pasto apresenta déficits nutricionais. Surge assim a oportunidade de incluir alimentos concentrados ou volumosos suplementares, cuja proporção na dieta e tipo (energético ou proteico…) devem ser compatíveis com as características das lacunas a serem corrigidas. Essencialmente, a suplementação é a correção de déficits nutricionais pela adição de mais alimentos na dieta (volumosos ou não), e não visa suprir toda a exigência nutricional ou assumir o objetivo de atender completamente a oferta de nutrientes, já que deste modo, perderia a sua essência. Logo, suplementar só faz sentido em um contexto onde o pasto assume o papel de volumoso base da dieta.

Contudo, quando se considera a suplementação feita com volumosos, esta parece ser uma alternativa mais restrita, tendo em vista a necessidade de planejamento e infraestrutura requeridas para tal, normalmente distante do que grande parte das fazendas realiza. Ofertar volumoso suplementar pode ser razoável nas seguintes situações:

  • A lotação se mantém ou é aumentada em relação ao período chuvoso, gerando déficit na oferta de forragem;
  • Houve menor produtividade do pasto diferido em comparação ao planejado;
  • Categorias mais exigentes não atenderão a meta de desempenho com a oferta quantitativa e qualitativa de pasto disponível.

Nestes casos, parece nutricionalmente razoável suprir parte do consumo de matéria seca que os animais em pastejo não alcançaram, pela adição de outros volumosos, como a silagem de milho, ou até a cana com ureia. Nos dois primeiros casos, a causa principal foi uma falha de planejamento passível de correção nos próximos anos, e no terceiro, uma demanda de uma categoria específica, que dependendo da inclusão do volumoso suplementar, pode ser operacionalmente mais interessante confinar do que exatamente suplementar.

A avaliação para a adoção da suplementação com volumosos deve considerar principalmente as condições da fazenda para aderir a esta prática em detrimento de outras, especialmente em termos de disponibilidade de equipamentos, estrutura de cochos, mão de obra e o custo destes itens. Uma avaliação nutricional correta também é necessária para evitar o efeito substitutivo, representado na figura 1.

Alves (2000) avaliou a suplementação de bezerros em pastagens de braquiária durante o ano. Apesar da suplementação com silagem ter melhorado o desempenho na seca, comparada ao pasto, houve ganhos compensatórios nas águas, o que terminou por igualar os resultados de ambas as estratégias.

Em um dos poucos trabalhos recentes neste enfoque, Heck et al. (2006) avaliaram o uso de silagem de milho como suplemento para vacas de descarte terminadas em pastagens temperadas. Houve efeito substitutivo com a inclusão de silagem em detrimento de pasto, de modo que, vacas que consumiram mais silagem tiveram melhor desempenho, com melhor condição corporal, independentemente do nível de inclusão.

Por melhor que seja o volumoso suplementar, este, ainda assim, dificilmente atende a todos os déficits nutricionais, sendo necessário algum tipo de suplementação com concentrados (REIS et al., 1997). Neste contexto, diferente da suplementação com volumosos, os concentrados tem sido amplamente usados em uma grande diversidade de situações, com êxito.

Por fim, algumas considerações podem ser feitas sobre este tópico:

  • A baixa disponibilidade de pesquisas recentes abordando a suplementação com volumosos para bovinos de corte sugere que esta é uma estratégia pouco explorada;
  • Havendo a necessidade de suplementação com volumosos, é fundamental avaliar as motivações para tal, os custos e a logística envolvida, a fim de investigar se esta é realmente a melhor opção de suplementação para um momento específico do ano em comparação a outras práticas melhor estabelecidas, como o semiconfinamento ou o confinamento.
  • Realizar o correto manejo de pastagens, da fertilidade do solo, além de elaborar planejamentos forrageiros realistas (embasados), parecem ser caminhos para minimizar a necessidade de suplementar com volumosos ao invés de concentrados.

Se você conhece trabalhos mais recentes e/ou completos sobre a suplementação de bovinos de corte com volumosos, tem dúvidas ou quer contribuir para esse assunto, deixe nos comentários…

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