O período de transição compreende as 3 semanas que antecedem o parto e as 3 semanas após o parto. Durante esse período, os animais sofrem alterações metabólicas e fisiológicas, que colaboram para que o animal passe de um estado não lactante para um estado lactante. É uma etapa de preparação para o parto e para a futura lactação. Por apresentar um conjunto diverso de fatores, propicia o aparecimento de algumas enfermidades. Dentre os fatores estão:
- alterações hormonais: proximidade da chegada do parto
- maior demanda de nutrientes: colostro e leite
- desenvolvimento contínuo da glândula mamária
- rápido crescimento fetal
- estresse: em função da adaptação na mudança de lotes
Recomendações
Desde a secagem (60 dias antes do parto) até 21 dias antes do parto, acomodar as vacas recém secas no primeiro lote (lote 1 de vacas secas), que é o lote que as vacas são, de certa forma, facilmente alimentadas por não possuírem altas exigências nutricionais (devido ao fato de a vaca ter sido recém seca). Passados os 30-40 dias pós secagem, aproximam-se as 3-4 semanas que antecedem o parto, chegando o momento das vacas do lote 1 de vacas secas serem deslocadas para o lote 2 de vacas secas. Esse segundo período do período seco corresponde a uma das etapas do período de transição, dado isso a importância de dividir em dois lotes de vacas secas, pois as exigências nutricionais são distintas, e no lote 2 (chamado de pré-parto), procuramos fornecer aos animais cuidados próprios e únicos desse momento.
As exigências de gestação são crescentes, mas quando comparadas às de lactação são muito mais modestas quanto a isso e, consequentemente, é o lote que apresenta maiores preocupações quanto a saúde da glândula mamária.
Baixo Consumo de Matéria Seca
Advindo desse conjunto de fatores, haverá como consequência a baixa ingestão de alimentos, o baixo consumo de matéria seca (CMS).
Nesse período as diversas doenças que acometem aos animais surgem do baixo CMS, podendo ocasionar:
- deslocamento de abomaso (rúmen vazio)
- mastite/metrite (função imune deficiente)
- cetose (função hepática afetada)
Estresse Calórico
Apesar do baixo CMS e, consequentemente, a menor produção de calor metabólico, as vacas secas sofrem os efeitos negativos do estresse calórico. As vacas em lactação tem produção significativa de calor durante a digestão fermentativa. O estresse calórico se desenvolve em temperaturas a partir de 22°C, podendo ocasionar resultados negativos durante grande parte do ano. Durante os períodos de estresse pelo calor as vacas apresentam redução na produção de leite, em parte pelo baixo CMS, e também por passar por diferentes adaptações para livrar-se do excesso de calor.
Assim, recomenda-se, sempre que possível, o uso de resfriamento ativo (aspersores, ventilação) ou passivo (sombra) para reduzir este efeito. Abaixo, uma imagem mostrando a importância no uso de tais.
Ainda, há os efeitos diretos e indiretos do estresse calórico, como apresentado na imagem:
Como pôde ser visto, mostram que há impacto direto na produção de leite seguinte, é obtido um resultado em poucos meses, mas tem um resultado a longo prazo que se perpetua.
Escore de Condição Corporal
Muitos tem o pensamento de que o melhor seria que as vacas chegassem gordas ao pré-parto, contudo, isso não é o melhor a se fazer. Quando os animais chegam acima do peso ideal nessa etapa, terão rápida mobilização das reservas corporais, gerando danos à saúde, podendo apresentar casos de cetose e problemas reprodutivos.
Logo, existem algumas metas a serem atingidas de acordo com cada fase. O objetivo é que chegue no pré-parto com um escore de aproximadamente 3,5, pois é um escore ideal para o início de lactação e para menor ocorrência de distúrbios metabólicos.
Sabe-se que a mobilização e deposição de gordura são constantes durante o ciclo de lactação. Algo que nenhum produtor quer, é um rebanho com vacas muito gordas e/ou muito magras, os extremos.
- Se a vaca apresentar escore maior que 3,5 no período pré-parto, terá mais chances de apresentar danos como: cetose, febre do leite, deslocamento de abomaso, maior risco de distocia entre outros.
- Já com escore menor que 3,0, tende a ocorrência de baixa produção, não atingindo o pico e pode emagrecer ainda mais, o que acaba comprometendo a reprodução.
Efeito Dominó
Existem ainda doenças relacionadas ao periparto, essas são interdependentes, ou seja, se o animal manifestar alguma delas há grande chance de várias outras dessa categoria serem expressas no mesmo (conhecida como efeito dominó). Podendo ser citados exemplos, como:
- hipocalcemia
- retenção de placenta
- metrite
- cetose
- deslocamento de abomaso
- problemas reprodutivos
Demanda de cálcio
Além do escore corporal há outro fator de grande importância, a demanda de cálcio. Pois nesse período verifica-se:
- diminuição da reserva de cálcio no sangue
- o aumento na exigência de cálcio: que é direcionado para o feto, para a produção de colostro, produção do leite
- mecanismos hormonais que estimulam o cálcio dos ossos ficam pouco ativos
Logo, esses fatores resultam na hipocalcemia.
Pós-parto
É uma etapa que retrata alta incidência de doenças metabólicas, e pensando em evitar algumas delas, o ideal seria seguir com:
- manutenção adequada na sanidade e recuperação hormonal
- tentar ao máximo reduzir o estresse no parto
- minimizar a redução do CMS
Para minimizar a chance de aparecimento de problemas é essencial o oferecimento de conforto e nutrição, algo que auxilia no fortalecimento do sistema imune dos animais, evitando assim, problemas reprodutivos e produtivos no rebanho leiteiro.
Referências:
- Webinar: Atualidades no período de transição de vacas leiteiras – EducaPoint
- Vacas leiteiras: período de transição – Agroceres Multimix
- https://www.milkpoint.com.br/
- https://www.baldebranco.com.br/
- https://www.milkpoint.com.br/
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